A história de Walaci Santos na UENF começa em 2013, quando o estudante ingressou no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas pelo consórcio CEDERJ no polo de Bom Jesus. Natural de Mimoso do Sul, no interior do estado do Espírito Santo e na divisa com o estado do Rio de Janeiro, o doutor empreendedor é filho de um produtor rural e conta que enfrentou dificuldades que não o impediram de prosseguir com seu sonho.
Buscando viver a experiência da pesquisa, Walaci ingressou como bolsista de iniciação científica no laboratório da professora Clícia Grativol, também egressa da UENF pelo CEDERJ e atualmente professora associada da instituição. Por meio das atividades desenvolvidas na bolsa, Walaci conheceu a área de epigenética, que posteriormente se tornou sua linha de pesquisa no mestrado.
Enquanto bolsista e aluno, a professora Clícia destaca que Walaci sempre foi um aluno muito dedicado e responsável.
— Walaci fez iniciação científica e mestrado comigo e eu sempre disse que um dia eu ia vê-lo como doutor. Vê-lo alcançar o título de doutor e contemplado pelo edital “Doutor Empreendedor” me deixa orgulhosa de ter feito parte da formação dele — afirma Clícia.
Vai um cafezinho?
O café sempre fez parte da vida de Walaci, cuja família é composta de pequenos produtores rurais que cultivam e comercializam o produto, um “café commoditie“, destaca Walaci.
Ainda na graduação, quando os colegas de faculdade descobriram que a família de Walaci produzia café, começaram a encomendar o “café da roça”. Foi a partir daí que o doutor empreendedor teve a ideia de criar a marca de café Forquilha, desenvolvida para atender a um nicho de mercado de cafés especiais.
Café gourmet
Os cafés especiais ou gourmet vêm conquistando um público cada vez maior. São cafés com um alto padrão de qualidade. Walaci informa que o processo do café Forquilha é feito quase artesanalmente.
– Geralmente eu mesmo colho da lavoura da minha família, seleciono os frutos mais maduros e faço todo o processo de torra. Também compro a colheita dos vizinhos e faço as outras etapas do processo. Todos os fornecedores da produção do café Forquilha são da agricultura familiar – ressalta Walaci.
O público que passou pelo XVI CONFICT e o IX CONPG pôde experimentar o café Forquilha, que nesta edição de 2024 foi uma das patrocinadoras dos eventos em parceria com a empresa júnior Al Qualis, do Instituto Federal Fluminense (IFF) campus Bom Jesus do Itabapoana. O café Forquila consolidou-se como um sucesso com o público, que de tanta demanda chegou a fazer fila para garantir seu habitual cafezinho de cada dia.
No caminho do empreendedorismo
Com a determinação de empreender e com o negócio de cafés especiais em atividade, Walaci resolveu mudar a direção da sua carreira e investir no doutorado. Orientado pelo professor Gonçalo Apolinário de Souza Filho, no Programa Pós-Graduação em Biotecnologia Vegetal da UENF, o estudante passou a desenvolver pesquisas sobre microbiologia do café, direcionadas para o isolamento e identificação de microrganismos do café. Os resultados das pesquisas o levaram a desenvolver um produto biotecnológico, em processo de patente, que contribui com os produtores de café especial na obtenção de maior qualidade na bebida. A ideia, transformada na startup Aroma Biotec, foi recentemente contemplada no edital Doutor Empreendedor da FAPERJ.
Walaci atribui o sucesso de seu empreendimento à sua formação no doutorado. Durante o programa, o estudante cursou a disciplina de empreendedorismo, fundamental para transformar sua ideia no sucesso que se tornou.
— Mesmo criança, eu sempre tive esse espírito empreendedor, sempre gostei de fazer e vender coisas, mas foi por meio do que aprendi na universidade que consegui organizar a minha ideia para se tornar um modelo de negócio. A ideia da startup é que, a partir de seu crescimento, ela seja espaço para receber a mão de obra de outros doutores assim como eu — planeja Walaci.
Walaci comentou sobre a importância das disciplinas de empreendedorismo, que o egresso da UENF teve na universidade e que dialogam com as novas demandas do mercado.
— A maioria das pesquisas, se não todas, podem retornar para a sociedade em forma de produto ou serviço. Quando chega neste ponto, a gente devolve de forma mais concreta para a universidade e para a sociedade o investimento feito na nossa formação, pois não produzimos somente o conhecimento científico, mas algo que será utilizado no dia a dia — considera Walaci.