Idealizador da UENF, Darcy Ribeiro tem nome eternizado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria

Iniciativa foi oficializada nesta quarta-feira com publicação de lei assinada pelo presidente Lula

Painel de Darcy Ribeiro no prédio da Reitoria da UENF

O idealizador da UENF, Darcy Ribeiro, e que nomina a “Universidade do Terceiro Milênio”, como o próprio definiu, teve seu nome eternizado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

Antropólogo, educador e romancista, Darcy foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia, diretor de Estudos Sociais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação, ministro da Educação e chefe da Casa Civil do governo João Goulart, vice-governador do Estado do Rio de Janeiro (1982), senador e membro da Academia Brasileira de Letras.

Lei Nº 15.020, que oficializa a homenagem, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela ministra Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e pelos ministros Camilo Santana (Educação) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), foi publicada nesta quarta-feira, 13 de novembro de 2024, no Diário Oficial da União.

EDUCAÇÃO – Nascido em Montes Claros (MG), em 26 de outubro de 1922, e falecido em Brasília, em 17 de fevereiro de 1997, Darcy Ribeiro diplomou-se em Ciências Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1946), com especialização em Antropologia. No campo da educação, organizou e dirigiu o primeiro curso de pós-graduação em Antropologia e foi professor de Etnologia da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (1955-56). Participou, com Anísio Teixeira, da defesa da escola pública por ocasião da discussão da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Criou a Universidade de Brasília (UnB), da qual foi o primeiro reitor. Foi ministro da Educação e chefe da Casa Civil do governo João Goulart. Com o golpe militar de 64, teve os direitos políticos cassados e se exilou.

Viveu em vários países da América Latina, conduzindo programas de reforma universitária, com base nas ideias que defendeu na obra “A Universidade Necessária”. Foi professor de antropologia da Universidade Oriental do Uruguai e assessor dos presidentes Salvador Allende, no Chile, e Velasco Alvarado, no Peru. Escreveu nesse período os cinco volumes dos estudos de “Antropologia da Civilização” (“O Processo Civilizatório”, “As Américas e a Civilização”, “O Dilema da América Latina”, “Os Brasileiros: Teoria do Brasil” e “Os índios e a Civilização”), nos quais propõe uma teoria explicativa das causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos.

Em 1976, retornou ao Brasil, tendo sido anistiado em 1980. Voltou a dedicar-se à educação e à política. Participando do PDT com Leonel Brizola, foi eleito vice-governador do Estado do Rio de Janeiro (1982). Atuou cumulativamente como secretário de Estado da Cultura e coordenador do Programa Especial de Educação, com o encargo de implantar 500 CIEPs no Estado do Rio de Janeiro. Criou também a Biblioteca Pública Estadual, a Casa França-Brasil, a Casa Laura Alvim e o Sambódromo, em que colocou 200 salas de aula para fazê-lo funcionar também como uma enorme escola primária.

Entre 1992 e 1994, ocupou-se de completar a rede dos CIEPs; de criar um novo padrão de ensino médio, por meio dos Ginásios Públicos; e de implantar e consolidar a nova Universidade Estadual do Norte Fluminense, com a ambição de ser uma Universidade do Terceiro Milênio.

POVOS INDÍGENAS – Etnólogo do Serviço de Proteção aos Índios, dedicou os primeiros anos de vida profissional (1947-56) ao estudo dos índios de várias tribos do país. Fundou o Museu do Índio, que dirigiu até 1947, e colaborou na criação do Parque Indígena do Xingu. Escreveu uma vasta obra etnográfica e de defesa da causa indígena. Elaborou para a Unesco um estudo do impacto da civilização sobre os grupos indígenas brasileiros no século XX e colaborou com a Organização Internacional do Trabalho na preparação de um manual sobre os povos aborígenes de todo o mundo.

OBRAS – Ainda no exílio, escreveu dois romances: “Maíra” e “O Mulo”, aos quais acrescentou, mais tarde, “Utopia selvagem” e “Migo”. Publicou “Aos Trancos e Barrancos”, que é um balanço crítico da história brasileira de 1900 a 1980. Publicou também a coletânea “Ensaios Insólitos” e um balanço da sua vida intelectual: “Testemunho”. Editou, juntamente com Berta G. Ribeiro, a “Suma Etnológica Brasileira”. Publicou, pela Biblioteca Ayacucho, em espanhol, e pela Editora Vozes, em português, “A fundação do Brasil”, um compêndio de textos históricos dos séculos XVI e XVII, comentados por Carlos Moreira e precedidos de longo ensaio analítico sobre os primórdios do Brasil.

Em 1995, lançou “O povo Brasileiro”, que encerra a coleção de seus “Estudos de Antropologia da Civilização”, além de uma compilação de seus discursos e ensaios intitulada “O Brasil como problema”. Lançou, ainda, um livro para adolescentes, “Noções das Coisas”, com ilustrações de Ziraldo, considerado, em 1996, como altamente recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Em 1996, entregou à Editora Companhia das Letras seus “Diários Índios”, em que reproduziu anotações que fez durante dois anos de convívio e de estudo dos índios Urubu-Kaapor, da Amazônia. Seu primeiro romance, “Maíra”, recebeu uma edição comemorativa de seus 20 anos, incluindo resenhas e críticas de Antonio Callado, Alfredo Bosi, Antonio Houaiss, Maria Luíza Ramos e de outros especialistas em literatura e antropologia. Ainda nesse ano, recebeu o Prêmio Interamericano de Educação Andrés Bello, concedido pela OEA. Darcy foi eleito em 8 de outubro de 1992 para a Cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a Deolindo Couto.

SENADO – Em 1990, foi eleito senador da República, função que exerceu defendendo vários projetos, entre eles uma lei dos transplantes que, invertendo as regras vigentes, torna possível usar os órgãos dos mortos para salvar os vivos. Publicou, pelo Senado Federal, a revista Carta, onde os principais problemas do Brasil e do mundo são analisados e discutidos.

MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA – Colaborou na criação do Memorial da América Latina, edificado em São Paulo com projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. E mereceu títulos de Doutor Honoris Causa da Sorbonne, da Universidade de Copenhague, da Universidade do Uruguai, da Universidade da Venezuela e da Universidade de Brasília (1995). Entre suas atividades conta-se haver contribuído para o tombamento de 98 quilômetros de belíssimas praias e encostas, além de mais de mil casas do Rio antigo.

(Fonte – SECOM Presidência da República)

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