Biblioterapia: pesquisadora da UENF desenvolve práticas de terapia através de leitura literária

Mabel Lopes de Azevedo

Um estudo que tem como principal autora a dra. Sanjula Singh, pesquisadora do Laboratório de Cuidados Cerebrais do Hospital Geral de Massachusetts, revelou que a leitura regular é uma das atividades recomendadas para uma vida saudável. Segundo o estudo, a leitura é considerada uma atividade mental estimulante para o cérebro.

E que tal uma terapia por meio de leitura literária? Uma terapia através de leitura literária. Assim é a Biblioterapia, promovida nos encontros conduzidos por um profissional especializado, que utiliza a leitura de livros ou fragmentos de textos para promover o bem-estar emocional, mental e psicológico dos participantes. Nos encontros são discutidas temáticas específicas, promovendo o autoconhecimento, superação de dificuldades, desenvolvimento emocional, ressignificação de vida e novas visões de mundo.

A Biblioterapia é o tema da dissertação de mestrado de Mabel Lopes de Azevedo, defendida e aprovada em outubro de 2024. A nova mestra em Cognição e Linguagem da UENF já ingressou no doutorado em Cognição e Linguagem como aluna regular, tendo sido aprovada no processo seletivo para 2025. No doutorado, ela desenvolverá um aprofundamento de sua pesquisa do mestrado. Sua dissertação teve o título “Biblioterapia: práticas de leitura literária para as ressignificações do ser”. O orientador foi o professor Crisóstomo Lima do Nascimento.

Em 2024, Mabel teve o artigo científico “Biblioterapia: ferramenta complementar para a saúde mental dos estudantes universitários”, escrito em parceria com o professor Crisóstomo, publicado no ebook “Fenomenologia, filosofias e saúde”.

“A leitura de um bom livro, por vezes, serve como um escape da realidade cotidiana, proporcionando um alívio temporário do estresse e das preocupações. Esse “escape” literário oferece uma pausa mental, que é essencial para o bem-estar emocional e psicológico” (Mabel Lopes de Azevedo)

Neste artigo, a autora escreve que: “a leitura estimula a introspecção e o autoconhecimento. Obras literárias frequentemente abordam questões existenciais e filosóficas, encorajando os leitores a refletirem sobre suas próprias vidas, valores e crenças. Esse processo de reflexão pode levar a um maior entendimento de si mesmo e a um crescimento pessoal”.

Mabel escreve também que: “A leitura de um bom livro, por vezes, serve como um escape da realidade cotidiana, proporcionando um alívio temporário do estresse e das preocupações. Esse “escape” literário oferece uma pausa mental, que é essencial para o bem-estar emocional e psicológico”.

Em entrevista a pesquisadora explicou ainda que essa prática busca usar os efeitos terapêuticos das palavras, histórias e personagens para ajudar o indivíduo a lidar com questões emocionais, traumas ou até mesmo a melhorar sua autoestima e compreensão de si mesmo, uma forma de reflexão e de conexão com os próprios sentimentos.

Oficina de Biblioterapia

Mabel conta como se interessou pela Biblioterapia.

— Atualmente sou Bibliotecária do Sesc Campos, e a partir de compartilhamentos vivenciais das mulheres frequentadoras da biblioteca, tive o interesse em desenvolver o projeto de mestrado sobre a biblioterapia para auxiliar essas mulheres. Com a conclusão da pesquisa do mestrado, foi notável a identificação que existem muitas lacunas a serem preenchidas. Por se tratar de uma prática pouco conhecida no Brasil,  as produções bibliográficas sobre biblioterapia ainda não são muito acentuadas no âmbito acadêmico, havendo uma concentração significativa em torno de alguns autores — considera Mabel.

A pesquisadora cita um dos autores que utilizou como referência em sua dissertação.

— A partir da filosofia heideggeriana, verificamos que a biblioterapia contribui nas ressignificações do ser, pois as leituras literárias proporcionam aos leitores oportunidades de entrar em contato com diferentes modos de ser e da própria existência. Por exemplo, através da leitura do livro infantojuvenil “Da minha janela”, de Otávio Júnior, dá para trabalhar no encontro de biblioterapia com temáticas como memórias da infância, saudade, a importância do olhar sensível para a vida etc – afirma Mabel.

A doutoranda destaca que a biblioterapia é sempre conduzida por um profissional, podendo ser realizada individualmente ou em grupo, mas é mais comum ser realizada em grupo. Mabel já aplicou o seu conhecimento em oficinas realizadas em congressos em várias universidades, como a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) em Petrolina-PE, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em Ouro Preto-MG e na Universidade Federal Fluminense (UFF) em Campos dos Goytacazes-RJ.

(Jornalista: Wesley Machado – ASCOM/UENF)

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