
O letramento científico tem se tornado cada vez mais importante como instrumento para fomentar a inclusão educacional de crianças neuro divergentes. Ele não é somente a memorização de conteúdos: incentiva o pensamento crítico, a independência e o envolvimento ativo no processo de aprendizagem. O Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal da UENF está desenvolvendo materiais adaptados com o objetivo de tornar o ensino científico mais acessível para esses alunos.
Para estudantes neuro divergentes, como os que têm autismo, TDAH ou dislexia, o letramento científico é ainda mais importante, pois contribui para superar obstáculos na aprendizagem e promove o acesso justo a oportunidades educacionais. A neurociência comprovou que o aprendizado da leitura e escrita não ocorre de forma natural, demandando práticas organizadas que englobam elementos visuais, fonológicos e semânticos, ativando diversas regiões do cérebro.

É essencial utilizar métodos pedagógicos adaptativos para crianças neuro divergentes. Atividades de investigação, recursos multimodais, como vídeos, simulações e experimentos práticos têm se mostrado eficientes para facilitar o ensino de ciências. Desde 2022, o “Jovens Talentos” desenvolve esse projeto com a proposta de ensinar com recursos visuais, jogos e atividades práticas para adaptar o ensino e garantir que todos possam aprender.
Intitulado “O Letramento Cientifico e a Educação Inclusiva: Estratégias Adaptativas para o Aprendizado de Crianças Neurodivergentes”, o projeto é orientado pelo coordenador do Programa Jovens Talentos/UENF, o técnico Josias Alves Machado e surgiu da observação do aumento de estudantes neurodivergentes nas escolas públicas e nas universidades. Para Josias, a iniciativa busca enfrentar os desafios que esses alunos costumam encontrar, principalmente nas ciências, que é uma área que exige raciocínio complexo.
A estudante Isabela Ramos foi a primeira participante atendida pelo projeto. Neuro Divergente, ela foi aprovada tanto em Zootecnia pela UENF quanto em Psicologia pelo Isecensa. Hoje cursa o 4º período de Psicologia e atua como voluntária na iniciativa.
— Mesmo após o projeto, por causa dele ainda tenho ligações com os projetos da UENF e a oportunidade de me envolver com eles e às pesquisas junto ao Josias. Considero que o Jovens Talentos foi uma grande oportunidade na minha vida — afirmou Isabela.

O aluno Braian, que também participou da iniciativa, conta como o projeto impactou sua trajetória:
“…Antigamente eu conseguia viver pacificamente com pessoas totalmente diferentes de minha pessoa. Todavia, com alguns ocorridos em minha vida pessoal, essa perspectiva mudou radicalmente; levei certo tempo para me readaptar com as diferenças. Graças ao professor Josias, que me apresentou conselhos valiosos, consegui me reencontrar.”
Além das adaptações metodológicas, o projeto também trabalha com novos formatos de avaliação, que acompanham o progresso dos alunos de forma mais justa, respeitando seu ritmo e estilo de aprendizagem. A educação inclusiva visa respeitar as diversidades culturais, sociais e cognitivas dos alunos. Essa abordagem não se limita a incluir crianças neuro divergentes em turmas regulares, mas também a criar ambientes onde suas necessidades particulares sejam reconhecidas e atendidas.
(Texto: Luana Fernandes, estagiária, sob supervisão da jornalista Fúlvia D’Alessandri – ASCOM/UENF – Fotos cedidas pelo Projeto)