
Medalhista de ouro da Olimpíada Brasileira de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMbr), o doutorando da UENF Thiago Cézar de Pádua Rosa, 37 anos, é pela segunda vez finalista na competição. Thiago faz doutorado em Ciências Naturais e seu objeto de pesquisa, assim como título que recebeu, está voltado para a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), com foco em estratégias pedagógicas que favoreçam a participação e o aprendizado de alunos neurodivergentes.
O objetivo de sua pesquisa é desenvolver práticas inclusivas que valorizem diferentes formas de pensar e aprender matemática, promovendo a equidade e a acessibilidade no ensino da disciplina.
— Meu objetivo, como professor, é derrubar o tabu de que a matemática é uma disciplina difícil. Não é. Aprender matemática é divertido e pode se tornar cada vez mais fácil transformando a forma de apresentar os conteúdos — disse.
Professor de Matemática em Guaçuí, no sul do Espírito Santo, o doutorando participou das três etapas de avaliação da OPMbr: uma prova, uma apresentação em vídeo ilustrando o trabalho desenvolvido e uma entrevista que teve, entre os avaliadores, o professor Cristovam Buarque, que é membro do Conselho Acadêmico da OPMbr.

Como não podia ser diferente, por causa do seu amor pelas olimpíadas de matemática, Thiago trabalha com o tema em seu doutorado da UENF.
Banco Imobiliário Capixaba
A ideia inclusiva do professor Thiago é o Banco Imobiliário Capixaba. A proposta une matemática financeira, história e cultura capixaba (onde se localiza a escola em que trabalha). Segundo ele, funciona como uma válvula de escape quando o professor identifica que um conteúdo matemático está se tornando cansativo em sala de aula.

— Sempre que vejo que a aula está se tornando cansativa, reservo um momento para estimulá-los a trabalhar em grupo e continuar aprendendo a matemática de forma diferente, brincando e jogando. O banco imobiliário capixaba é um dos jogos que eu utilizo para relacionar matemática com outros assuntos de interesse dos alunos, fazendo com que eles venham para a aula de matemática mais empolgados e interessados — diz.
Além deste jogo, que já virou febre na escola onde atua, Thiago também criou um livro que funciona como um guia prático para que outros professores possam replicar suas ideias, ensinando matemática através de jogos em sala de aula.

— Esse livro é dividido por temas matemáticos e cada um deles traz uma ideia de jogo ou brincadeira que o professor pode usar como forma de sintetizar a aprendizagem dos alunos, após o conteúdo ter sido explicado em sala de aula — conta.
Thiago ressalta que os jogos e brincadeiras não substituem os exercícios, mas propiciam um ambiente mais acolhedor, inclusivo e divertido para o ensino e aprendizagem da matemática.
— É um trabalho de formiguinha, mas acredito que, a partir do momento em que o aluno começa a vir para aula de matemática mais interessado, animado e com boa vontade, todo o processo de ensino e aprendizagem se torna mais fácil. Por isso, entendo que o grande desafio dos professores é descobrir como fazer este aluno vir para aula de matemática mais animado e gostar do que é trabalhado e ensinado em sala de aula — afirma.
Mais de 1,2 mil professores de todo o País participaram da OPMbr. Com o prêmio, em maio de 2026, 20 professores da categoria ouro participarão de um intercâmbio técnico e cultural de 15 dias em Xangai para conhecer o Centro de Educação para Professores da Unesco (TEC Unesco) na Universidade Normal da China, levando em conta que o país figura sempre entre os de melhor desempenho no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA).
Após a viagem de premiação, os professores selecionados vão ministrar workshops de Matemática para outros docentes, de cidades definidas em parceria com o Ministério da Educação.
Ao longo de sua trajetória como professor, Thiago coleciona experiência lecionando em escolas públicas e privadas, para alunos do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da Educação de Jovens e Adultos e da Universidade Federal Fluminense (UFF – CEDERJ), além de coordenar o Programa de Iniciação Científica Jr. da OBMEP (PIC), que prepara os alunos para a competição.
Sobre a OPMbr
O Brasil ocupa hoje a 65ª posição no ranking que avalia o ensino da Matemática em 81 países do mundo, de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). A posição, nada louvável, tem como contraponto um outro dado: o mesmo país que ensina e aprende mal a Matemática no dia a dia das salas de aula do País, é parte da elite da Matemática mundial (nível 5 da Internacional Mathematical Union – IMU), com pesquisadores e professores reconhecidos mundialmente.
A equação mal resolvida mobilizou um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), ex-alunos da turma de 1989, na criação da OPMbr, que está em sua segunda edição.
(Jornalista: Thábata Ferreira – ASCOM/UENF)



