Nota de falecimento: Geraldo Sarno 

Geraldo Sarno

A UENF lamenta informar o falecimento do cineasta Geraldo Sarno, que trabalhou na Universidade de 1993 a 1998, tendo ajudado a criar o Laboratório de Pesquisa e Tecnologia da Imagem do Centro de Ciências do Homem (CCH). Geraldo Sarno estava internado há um mês no Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro, e faleceu na noite desta terça-feira, 22/02/22, aos 83 anos de idade, em virtude de complicações de Covid-19. 

Geraldo Sarno foi um dos profissionais de cinema trazidos para a UENF, em seu início, com o objetivo de criar uma Escola de Cinema no Solar dos Jesuítas, em Tocos. Elaborado por Darcy Ribeiro, idealizador da UENF, o projeto da Escola de Cinema, no entanto,  não foi à frente.  

Para o gerente de Comunicação da UENF, Vitor Sendra, que trabalhou com Geraldo Sarno no CCH, a morte do cineasta é uma perda irreparável.

— A presença de Geraldo Sarno propiciou um novo momento para Campos dos Goytacazes. Ele movimentou a cidade com diversas atividades ligadas ao cinema. Entre outras coisas, criamos o Cine Clube UENF, que apresentava filmes históricos, promovia debates, cursos etc. Esse grande momento de efervescência cultural de Campos nós devemos a Geraldo Sarno — disse.

Posteriormente, o LPTI foi transformado no Laboratório de Pesquisa e Tecnologia de Ensino (LPTE), que mais tarde se tornaria o atual Laboratório de Cognição e Linguagem (LCL). Com o fim do projeto da Escola de Cinema, Geraldo Sarno deixou a Universidade.

Filho de imigrantes italianos que se estabeleceram no sertão da Bahia, desde pequeno Geraldo Sarno manifestou vocação para o cinema. Formado em Direito na década de 1960, preferiu permanecer em Cuba estudando cinema a assumir o posto de oficial judiciário do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Salvador  — cargo para o qual tinha obtido primeiro lugar em um concurso. 

Em seus filmes, Sarno costumava abordar temas como o movimento migratório brasileiro, as religiões e cultura populares. Seu primeiro filme foi o clássico “Viramundo”, lançado em 1965, pouco antes do Golpe Militar. O filme é considerado pioneiro por apresentar uma nova abordagem da classe operária brasileira, do camponês de origem nordestina vítima da seca e da fome e do surgimento de um sistema religioso neopentecostal. 

Dentre suas inúmeras obras, se destacam também “Iaô” (1976), “Coronel Delmiro Gouveia” (1977) e ‘Sertânia” (2021). Em 2008, Geraldo Sarno recebeu o prêmio de melhor direção no Festival de Brasília, pelo filme “Tudo isto me parece um sonho”. O filme narra a história do general pernambucano Ignácio Abreu e Lima, que, ao lado de Simon Bolívar, participou de batalhas que resultaram na libertação da Colômbia, Venezuela e Peru da Coroa Espanhola no século XIX. 

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