Evento realizado no último sábado, na Casa de Cultura Villa Maria, teve como destaque o resgate à agrobiodiversidade e o reconhecimento à agricultura local

A 5ª edição da Feira Itinerante de Troca de Sementes e Saberes, realizada no último sábado (12), na Casa de Cultura Villa Maria, reuniu mais de 100 variedades de produtos regionais. Pela primeira vez em Campos, o evento ficou marcado pelo resgate à agrobiodiversidade e o reconhecimento à agricultura da cidade, com um dia especial de troca de conhecimento entre os produtores agrícolas locais.
A iniciativa contou com o apoio da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e suporte da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio). Além do resgate de variedades de produtos locais, as trocas de conhecimento marcaram a edição da feira no município.
— Nós estamos muito felizes com o resultado. Conseguimos reunir produtores de diferentes regiões e celebrar a agrobiodiversidade de Campos com seus verdadeiros guardiões: os agricultores locais. Todos que estiveram conosco se encantaram com a variedade de produtos reunidos. Mais que isso, a tarde de trocas teve depoimentos lindos destas pessoas que tanto lutam pela preservação da agricultura na cidade. A semente foi literalmente plantada. Agora, diante da aceitação e dos pedidos que temos recebido, estamos começando a pensar na feira pelo menos uma vez por ano em Campos — disse a organizadora do evento, Cláudia Sudré Pombo.
Produtores rurais de localidades como Imbé, Cambaíba, os assentamentos Josué de Castro, Zumbi dos Palmares 4 e 5, marcaram presença na feira de trocas de sementes e saberes na Villa. Produtos cultivados em diferentes regiões da cidade, como inhame rosa, quiabo de metro, feijão guandu, fava, cana, aipim, mudas ornamentais e arbóreas estiveram entre as trocas realizadas. A feira também contou com a exposição e venda de diversos produtos artesanais locais e teve várias atrações gastronômicas destacando as raízes campistas.

— Foi muito bacana receber a feira itinerante na Villa Maria e ver essa realização tão significativa para a preservação da cultura local acontecer na Casa. É uma pauta que tem a assinatura da professora Rosana Rodrigues lá na sua origem e agora teve a oportunidade de contar com o seu apoio como reitora, nos dando todo o encaminhamento para sediar esta edição. É desta forma que queremos a Villa Maria, como um lugar de pertencimento para os campistas — comentou o diretor de Cultura da UENF, Giovane Nascimento.
A Feira Itinerante de Troca de Sementes e Saberes nasceu de um projeto de pesquisa com feijões tradicionais no Estado do Rio de Janeiro, coordenado pela professora Rosana Rodrigues — atual reitora da UENF. Durante o doutorado da pesquisadora Thâmara Cavalcanti, foram coletados e estudados mais de 400 acessos de feijão cultivados por agricultores fluminenses.
Na 5ª edição da feira, realizada em Campos, o projeto “Feijões do Rio de Janeiro”, coordenado pela professora Rosana Rodrigues, apresentou aos produtores agrícolas locais uma cartilha, chamada “De mão em mão — Um diálogo sobre resgate, cuidados e troca de sementes e saberes”. A iniciativa leva ao público orientações e um passo a passo dos cuidados no cultivo das sementes. Além da reitora da universidade, também assinam a cartilha os pesquisadores Janisson Bispo, Cláudia Pombo e Thâmara Cavalcanti.
— Um encontro que nos marcou de várias formas. Especialmente pela ampliação de conhecimento com as amostras dos trabalhos feitos pelos estudantes da UENF e da Emater-Rio. Também foi muito valioso o reencontro com os companheiros agricultores e o resgate de centenas de sementes da nossa terra. Uma iniciativa que partiu de um sonho dos agricultores da Feira Agroecológica e tornou-se realidade de forma muito gratificante —celebra a produtora agrícola Érica Martins.
A feira teve ainda momentos especiais, com roda de conversa sobre políticas públicas para o segmento agrícola e homenagens a símbolos da agricultura campista. Também produtora agrícola local, Tatiana Pontes destacou que a edição da feira teve como um dos pontos altos o reconhecimento aos agricultores da cidade:
— Foi um evento muito legal para nós, agricultores. Tanto pelas trocas de sementes, como pelo conhecimento que tivemos com todos os estandes que estavam montados. Estou até agora colhendo benefícios da iniciativa. O reconhecimento a nós agricultores me deixou muito honrada — relata.
Ela trabalha com pimentas em conserva, abóbora, maracujá, hortaliças em geral e ovos, e conta que a produção vem sendo um desafio, por falta de assistência técnica, destacando o papel positivo da feira:
— Estou em contato com um agrônomo que estava no evento e está me ajudando com um problema aqui na minha propriedade. Ele conseguiu identificar a praga através da foto e já me recomendou qual o tratamento indicado. Também tirei muitas dúvidas com o pessoal da Emater durante a feira. Um evento como esse, onde temos contato com agrônomos que podem nos dar orientações com as nossas dificuldades, é um divisor de águas — complementa.
(Jornalista: Yan Tavares / Diretoria de Cultura da UENF)
