
Estabelecer um espaço de discussão e reflexão coletiva sobre os rumos da graduação na UENF e, por que não, na graduação do país. Com esse intuito aconteceu o Fórum de graduação UENF 2025 nesta quinta-feira, 13/11/25. O tema de escuta e debate, este ano, foi “O uso de ferramentas de Inteligência Artificial no ensino e práticas de metodologias ativas”.
Profissionais de referência no ensino do país puderam compartilhar e trocar com professores, coordenadores de curso de graduação da UENF, estudantes de graduação, pós-graduandos e pós-doutorandos presentes no evento, que contou com um dia inteiro de programação.
Planejamento sobre o futuro na graduação
Na mesa de abertura, participaram a reitora da UENF, Rosana Rodrigues, e o pró-reitor de Graduação, Juraci Sampaio.
Segundo Juraci, o espaço de debate é uma oportunidade para planejar o futuro da graduação.
— É importante ter uma visão mais ampla e não uma visão interiorizada de que o que acontece aqui na universidade é só problema nosso. Nosso objetivo é, além dos nossos muros, buscar melhores soluções para os nossos desafios. As palestras foram pensadas justamente para entender as ações que estão sendo desenvolvidas em outras instituições que podem nos ajudar a pensar a nossa instituição — comentou Juraci.
Entre os palestrantes, estiveram presentes Mirella Ferreira da Cunha Santos, professora adjunta e chefe do Núcleo de Formação Docente Continuada da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. Baseada na realidade da instituição em que atua, unindo as semelhanças e diferenças entre as universidades, a professora ponderou casos de sucessos e desafios.

O tema abordado foi “Experiência na criação do núcleo de formação continuada de professores na UEMS e inclusão de IA e metodologias ativas na formação dos professores”. A professora trouxe, entre outros pontos, o conceito de “andragogia”, que é a ciência do ensino para adultos, contrastando com a pedagogia, unindo a autonomia e a experiência prévia do aprendiz; treinamentos contínuos do docente; sentimento de pertencimento junto à instituição.
Outros palestrantes foram Rodrigo Cutri, reitor do Centro Universitário Fundação Santo André, que falou sobre “Aplicações de Ferramentas de IA em Ensino Superior” e Anderson da Silva Soares, coordenador do curso de graduação em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG), que abordou o tema “Estudo de caso: Uso de Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL) no curso de graduação em Inteligência Artificial da UFG”.
Necessidade de marco regulatório para novos tempos
A reitora da UENF, Rosana Rodrigues, destacou que a Inteligência Artificial é uma ferramenta que veio para ficar e que está mudando não só o ensino superior, mas a pós-graduação, a parte administrativa das instituições públicas de ensino superior. Com isso, haveria a necessidade de marcos regulatórios.

— Esse momento que a universidade discute sua graduação deve ser tratado como um momento muito especial e muito determinante. A universidade hoje vive um momento de virada, um momento de quebra de paradigmas, em que a gente não pode simplesmente ficar sentado esperando que algo venha a acontecer dentro do ambiente do ensino superior. Nós estamos sendo invadidos por uma série de ferramentas, para uma série de tecnologias que não vão desaparecer. Elas vão evoluir. E cabe a nós tratar desse tema nesse Fórum específico sobre a Inteligência Artificial — disse Rosana.
A reitora ainda lembrou sobre a importância do treinamento contínuo dos professores, fazendo com que esta ferramenta seja uma fonte para atrair o estudante para o conhecimento e a ciência.
Rosana destacou a preocupação da UENF em não somente atrair os estudantes mas também em contribuir para a sua permanência e sucesso na instituição.
— Nós estabelecemos um programa de permanência estudantil que é um dos mais robustos do país. Conseguimos atender 100% dos nossos estudantes que ingressam pelo sistema de cotas; 45% dos nossos alunos são cotistas e recebem bolsas. Nós temos outros mecanismos de suporte aos estudantes, como o restaurante universitário, o auxílio moradia, auxílio creche — lembra.
A reitora também lembrou que alunos chegam à universidade com muitas deficiências do ensino básico, corroborando dados apresentados pelo pró-reitor de Graduação, e que caminhos também estão sendo pensados para solucionar esta questão.
Segundo o professor Juraci, os dados são alarmantes. Conforme apresentado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), 82%dos alunos que concluíram o ensino fundamental não tem proficiência em matemática e português. Dos que chegam ao ensino médio, somente 5% têm proficiência em matemática de forma ideal.
— Precisamos buscar mecanismos para resolver essa situação que chega para nós, de fato. Um viés que a gente busca é sair da universidade e buscar as escolas do entorno, para trabalharmos essas questões. De como atrair e manter um estudante que, no ensino básico, não tem aula de química, física ou matemática. Isso é um tema para debatermos. Não é uma coisa que está isolada do mundo. Os alunos que chegam aqui vêm desse lugar. São temas também que vamos ter que abordar e, talvez, a Inteligência Artificial possa, de alguma forma, nos ajudar a acelerar o processo de aprendizado desses estudantes. Pelo menos em algumas áreas temáticas mais afeitas ao uso dessa ferramenta — concluiu a Reitora.
(Jornalista: Thábata Ferreira – ASCOM/UENF)



