Em 27 de julho de 2006, o Hospital Veterinário da UENF registrava oficialmente o seu primeiro atendimento clínico: a paciente era a cadelinha Minie, então diagnosticada com piometra (infecção uterina). Dezessete anos depois, o Hospvet UENF já é referência em diversas áreas, contabilizando mais de 100 mil atendimentos clínicos. Segundo a diretora do Hospvet, Fernanda Antunes, cerca de 20 animais passam todos os dias pelas mãos dos veterinários do hospital da UENF.
Como todo hospital escola, a principal função do Hospvet/UENF é possibilitar aos alunos da Universidade a prática profissional.
— Os animais da comunidade servem de material para a prática de muitas disciplinas, bem como treinamento dos alunos de residência. Para completar, temos projetos de extensão e pesquisas, e dessa forma, conseguimos atender ao mesmo tempo à Universidade e à sociedade — diz Fernanda.
O Hospital conta com nove setores: triagem socioeconômica; triagem clínica; atendimento clínico; reprodução e ultrassonografia; radiologia; clínica cirúrgica e anestesiologia; laboratório de patologia clínica; laboratório de microbiologia; e laboratório de anatomia patológica. Há ainda setores que participam do ensino, como a anatomia, e da pós-graduação, como o laboratório de parasitologia.
Atuam no Hospvet/UENF dois técnicos no atendimento clínico, uma técnica na reprodução e ultrassonografia, dois enfermeiros, além dos professores e funcionários de lavanderia, além dos residentes em Medicina Veterinária. O atendimento ambulatorial é feito mediante agendamento, pelo telefone (22) 27397313.
— É no agendamento que o tutor do animal pode expressar se tem algum encaminhamento para setores específicos, como ultrassonografia ou cirurgia. Ou definir se o animal está com algum problema, mas não sabe o que é. Neste caso, é feito o agendamento direto para a triagem clínica para definir o problema real do animal — explica a diretora do Hospital.
O Hospital também oferece atendimento de emergência, mas este só ocorre durante o expediente da Universidade (de segunda a sexta-feira). Todos os residentes são treinados para este tipo de atendimento.
Segundo Fernanda, uma das dificuldades do Hospital é não contar com verba especifica para o seu funcionamento. O Hospital é mantido exclusivamente com a verba da arrecadação dos procedimentos realizados.
— Nossas dificuldades são comuns a todas as clínicas da cidade. O preço tem que ser o praticado na cidade, para não gerar concorrência desleal. Daí a necessidade de nossa triagem econômica para detectar quem realmente não pode ou não tem como custear o atendimento — explica.
Além da compra de insumos, o Hospital também precisa de verba para manutenção de seus equipamentos e estrutura do prédio.
— Como hospital, as dependências do prédio precisam ser pintadas com frequência. Não pode ter rachaduras para evitar a contaminação das áreas de atendimento — observa.
A triagem socioeconômica permite que aqueles que não têm recursos sejam atendidos gratuitamente ou com descontos. Para tanto, existe um projeto de extensão intitulado “Ações sociais de integração da relação homem-animal no HV-UENF”, coordenado pela professora Isabel Cândia. O projeto funciona com três assistentes sociais (bolsistas Universidade Aberta) e um aluno (bolsista de extensão).
— Para a realização da avaliação, é realizada entrevista social e análise documental. Dentre os diversos critérios, destacamos como relevante a renda per capita familiar dos tutores, assim como a escolaridade, ocupação, situação de moradia e inclusão no Cadastro Único para inclusão em programas sociais do governo federal, o qual classifica as famílias como pobres e extremamente pobres, conforme a MP1.164/2023 — explica a assistente social do projeto Sheila Maria Nogueira Chagas.
Os tutores devem apresentar a seguinte documentação: comprovante de residência (preferencialmente conta de luz), NIS (Número de Inscrição Social), Comprovante de renda (extrato bancário/contra-cheque) ou declaração de ausência de rendimentos (de todos que residem como tutor/a), Carteira de Trabalho (Páginas: Foto/identificação/último contrato assinado e folha seguinte em branco), identidade e CPF. (de todos que residem com o tutor/a – xerox e original recente. Atendimento de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 18h).
Outro projeto de extensão que funciona no Hospital é o Núcleo de Apoio à Reprodução de Carnívoros (NUARC), também coordenado pela professora Isabel. Funcionando desde 2003, o NUARC atingiu a marca de 10 mil atendimentos este ano. Antes da inauguração do Hospital, o NUARC funcionava na área rural do Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal da UENF (LRMGA), chamada de Curral.
O Núcleo faz o acompanhamento da saúde reprodutiva de cadelas e gatas que recebem contraceptivo injetável por livre arbítrio de seus tutores, das fêmeas acometidas por tumor de mama e por tumor venéreo transmissível canino. Além disso, o NUARC também realiza ações para a conscientização de tutores sobre guarda responsável.
— Nestes 20 anos, o NUARC vem atuando, principalmente, na melhoria do serviço de clínica reprodutiva oferecido aos proprietários de cães e gatos de Campos e região, na transmissão de conhecimentos médicos aos veterinários e na compilação de dados que caracterizam o perfil epidemiológico de ocorrência de doenças reprodutivas nestes animais — explica Isabel.