A UENF vai sediar, nos dias 27 e 28 de novembro de 2025, o II Seminário sobre Cannabis para Fins Medicinais do Norte Fluminense, com o tema “Avanços e desafios para o acesso, produção e pesquisas no Brasil”. O evento é gratuito, sujeito à lotação.
Organizado pelos Programas de Pós-Graduação em Sociologia Política (PPGSP) e em Biotecnologia Vegetal (PPGBV), o seminário conta com o apoio do CCH, CCTA e dos programas de Produção Vegetal e Genética e Melhoramento de Plantas. Nesta edição, o público também poderá participar de um minicurso sobre prescrição médica de cannabis.
De acordo com as organizadoras Luciana Barbosa (pós-doutoranda do Programa de Sociologia Política) e Ingrid Trancoso (pós-doutoranda do Programa de Biotecnologia Vegetal), o evento surge em um momento de grandes transformações nas políticas públicas relacionadas ao uso medicinal da cannabis.
Entre os principais motivadores estão a recente aprovação da lei municipal que autoriza a prescrição de cannabis no SUS de Campos dos Goytacazes e a previsão de regulamentação do cultivo para fins medicinais até março de 2026.
-Essas mudanças indicam a necessidade de promover espaços de formação e partilha de informações de qualidade, tanto para pacientes, como para pesquisadores e profissionais da saúde- explicam as pesquisadoras.
Primeira edição
A primeira edição do seminário ocorreu em 2019, quando o tema ainda era um tabu. Agora, o debate se promove e aprofunda mais.
-Nesta edição trazemos informações mais específicas sobre cultivo e manejo, aspectos fitoquímicos, questões jurídicas e a inserção da cannabis no SUS. Também discutiremos a regulamentação do cultivo no país- afirmam Luciana e Ingrid.
Minicurso
O minicurso de prescrição médica é um dos grandes diferenciais deste ano, com aulas de especialistas como João Carlos Normanha, Marianna Laíze e Eduardo Faveret, pioneiro na prescrição de cannabis no Brasil. O espaço busca despertar o interesse de profissionais da saúde e oferecer informações científicas sobre o tema.
Crescimento da demanda por pesquisa
Desde 2014, o Brasil vive um crescimento na demanda por pesquisas envolvendo a cannabis medicinal. A autorização judicial de cultivo para pacientes e associações, aliada às resoluções da ANVISA que permitem a venda e importação de produtos, deixam evidentes a urgência de estudos sobre o tema.
-A política proibicionista contribuiu para o atraso científico, especialmente nas pesquisas que dependem do cultivo. Então é necessário pesquisas nas áreas de sociologia, direito, agronomia, medicina, biologia, farmácia e etc, que tornem possível o progresso sobre esse tema através da construção de uma política de saúde inclusiva, segura e acessível- pontuam as organizadoras.
Um dos principais obstáculos atuais é o acesso aos medicamentos. A proibição do cultivo no país eleva os custos de produção e torna o tratamento inacessível para muitos pacientes.
-As associações com autorização judicial produzem óleos a preços mais acessíveis mas, pela falta de regulamentação, ainda encontram barreiras para fornecer ao SUS. Isso amplia as desigualdades e favorece o mercado irregular – alertam.
UENF se destaca nos estudos
A UENF tem se destacado no debate sobre o tema há mais de uma década. Desde 2013, quando o assunto foi abordado em um trabalho de conclusão de curso da Agronomia, a universidade vem ampliando suas pesquisas.
Há também uma tese premiada pela ANPOCS, em 2021, na área da Sociologia e uma tese de doutorado recente na Biotecnologia. A realização dos seminários reforça o compromisso institucional com o desenvolvimento científico e social.
-O apoio de diferentes setores da UENF e da reitoria demonstra o interesse dos docentes em incentivar e promover o debate- destacam Luciana e Ingrid.
O evento é aberto a todos os públicos, especialmente profissionais da saúde, pesquisadores, pacientes e familiares. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site:
🔗 Sympla – II Seminário sobre Cannabis Medicinal do Norte Fluminense
Mais informações podem ser acompanhadas pelo perfil oficial no Instagram:
@seminariocannabisuenf
As organizadoras esperam que o evento amplie o acesso às informações qualificadas, contribua para a formação de profissionais e estimule novas pesquisas no Norte Fluminense.
