Instituições se unem para ajudar pequenos produtores rurais

Em evento na UENF, Friperj e Cidennf assinam acordo de cooperação técnica

“Um pacto pelo futuro do Estado”. Assim a reitora da UENF, professora Rosana Rodrigues, definiu o acordo de cooperação técnica assinado na tarde de ontem (26/05/25) entre o Fórum de Reitores das Instituições Públicas de Ensino do Estado do Rio de Janeiro (Friperj) e o Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense (Cidennf).

— Hoje está acontecendo aqui muito mais que uma reunião. Eu entendo que isso aqui é um pacto pelo nosso futuro, o futuro do nosso Estado. E , especialmente, do Norte e Noroeste Fluminense. Esse é um momento importante porque marca o início da concretização de oportunidades que serão levadas para os municípios — disse a reitora.

A cerimônia foi realizada no auditório do prédio P4 e contou ainda com a participação do coordenador acadêmico do Friperj, professor Mauro Osório; do presidente do Cidennf, o prefeito de Italva, Léo Pelanca; do Superintendente Federal do Desenvolvimento Agrário do Rio de Janeiro, Victor Tinoco; da pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Inovação e Extensão do IFFluminense, professora Simone Vasconcelos e, representando a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o professor Tamys Luiz Fernandes — todos compondo a mesa de abertura.

A reitora da UENF disse que a parceria vai possibilitar atender a um anseio antigo dos pequenos produtores rurais — a realização de análise de solo e água na região, visando à melhoria da produtividade. Esse trabalho será feito numa parceria liderada pelo Friperj, com a execução a cargo da UENF, IFF e UFRRJ.

— Isso é uma forma de as instituições de ensino superior públicas, em parceria com as prefeituras, ofertarem esses serviços voltados aos pequenos agricultores familiares, que são maioria na região. Aliás, 70% do que a gente tem na nossa mesa todos os dias vem da agricultura familiar. A média do tamanho de propriedade rural no Estado varia entre 2 e 20 hectares. Então, por mais que a gente valorize o agronegócio, temos um compromisso inadiável com o homem do nosso campo, do nosso Estado — afirmou Rosana.

Ela ressaltou que as universidades estão ofertando muito mais que um serviço técnico aos produtores, mas firmando um compromisso com o desenvolvimento sustentável, a justiça social e a valorização da vocação agrícola do Norte e Noroeste Fluminense. Rosana destacou ainda que um dos desafios do atual momento, na área agrícola, é a garantia da segurança alimentar.

— Temos visto o aumento dos preços, muito em função das mudanças climáticas. E isso não vai arrefecer. Está cada dia mais difícil produzir alimentos. E nós temos que usar toda a ciência que temos para ajudar nossos produtores a produzir mais com menor impacto ambiental. É para isso que a academia se prepara e está colocando à disposição de toda a comunidade esse serviço — afirmou.

Segundo Rosana, o acordo de cooperação técnica prevê não apenas a análise de solo e água, mas assistência técnica aos produtores, que vai ajudar e auxiliar no crescimento da produção.

— Em tempos em que a ciência tantas vezes vem sendo posta à prova, nós estamos aqui também para reafirmarmos o seu papel essencial, porque é a partir do conhecimento, da pesquisa aplicada e, claro, da extensão universitária, que nós vamos construir as soluções pra esses grandes desafios urgentes na nossa sociedade — disse a reitora.

O coordenador acadêmico do Friperj, Mauro Osório, ressaltou que a ideia do Fórum de reitores, criado em 2022, foi fomentar uma cultura de reflexão sobre o Estado do Rio de Janeiro, que não existe.

— Sei que o interior reclama muito, e com razão, de ficar esquecido, não ser discutido, eu sempre fui um defensor da integração desse estado. Estamos trabalhando nessa direção. Essa é a terceira vez que o Fiperj tá vindo aqui na região. O Noroeste tem cinco dos 10 melhores resultados na educação. É uma região que tem qualidade e a gente precisa ta trabalhando junto — afirmou.

O presidente do Cidennf e prefeito de Italva, Leo Pelanca, reforçou a importância do acordo de cooperação técnica, ressaltando a importância da educação para o desenvolvimento regional.

— A Academia tem todo o conhecimento para auxiliar, ajudar, colaborar e principalmente orientar todo o serviço público. Nós, que estamos em posições políticas, temos que ter a ideia de que somos os funcionários. Hoje estar representando um consórcio de 21 cidades do Norte e Noroeste Fluminense é uma tarefa muito íntegra e, ao mesmo tempo, muito dura, porque a gente sabe da responsabilidade de trazer desenvolvimento para toda a nossa região — afirmou.

Lembrando que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Noroeste Fluminense é comparado ao do Nordeste do Brasil, Leo disse que a região tem muitas dificuldades e limitações. Segundo ele, o acordo de cooperação técnica entre o Friperj e o Cidennf é de suma importância para trazer o desenvolvimento para a região

— Com certeza, a partir de hoje, nós iremos, aos poucos, trazer um pouco mais de desenvolvimento e crescimento para a nossa região. Nosso consórcio é um consórcio de desenvolvimento e, para trazer desenvolvimento, como foi dito, precisamos de educação. Este momento hoje é pra isso — destacou.

Representando o Governo Federal, o Superintendente de Desenvolvimento Agrário, Victor Tinoco, enfatizou que o acordo de cooperação técnica representa o movimento de mudança do estado do Rio.

— A celebração de um termo como este para nós, do Governo Federal, é um processo também de construção e execução de políticas públicas em nível do que a gente tem trabalhado, numa retomada de políticas públicas territoriais. Temos no Noroeste o IFF como um grande parceiro e, fundamentalmente, aqui na UENF, a gente já vem construindo algumas parcerias. Este ano, vamos fazer o lançamento do Plano Safra, durante a Semana do Produtor — contou Victor.

Ainda segundo ele, o acordo de cooperação técnica entre o Cidennf e o Friperj é uma discussão importante do Rio de Janeiro. Não só no quesito regional, mas também da transição ecológica diante do cenário de crise climática.

— É importante rediscutir o nosso modelo agrícola para um modelo adequado à realidade — diante de cenário de sistemas alimentares. Esse é um desafio não só do Estado do Rio de Janeiro mas do Brasil todo. Então coloco o Ministério do Desenvolvimento Agrário, em nome do ministro Paulo Teixeira, à disposição, para trazer políticas públicas em articulação com as instituições, e principalmente com os consórcios que compõe isso que chamamos de “cesta”: que não é só chegar à política pública, mas articular com os entes — disse.

A pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Inovação e Extensão do IFFluminense, Simone Vasconcelos, enfatizou a participação da instituição no acordo de cooperação técnica através de análise da água, através de seu Polo de Inovação.

— É uma parceria muito importante para toda a região e também para a nossa instituição, que realiza vários trabalhos na área agrícola — nos projetos de pesquisa, de extensão, nos mestrados e doutorados, principalmente no doutorado que é numa área específica de recursos hídricos. Nosso Polo de Inovação vai participar através do seu Laboratório de Análises de Águas. O Polo este ano está comemorando 10 anos como unidade Embrapii, Nossos programas stricto sensu têm diversos projetos na área agrícola em parceria com a Embrappi. Então é uma cooperação bastante importante para o desenvolvimento de toda a pesquisa e extensão da região — disse.

Representando a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o professor Tamys Luiz Fernandes afirmou que a instituição foi agraciada com o convênio, que permitiu a retomada do laboratório de análise de solos.

— Trata-se de um laboratório que tem mais de quatro décadas de atuação. Para terem noção, no cenário pré-pandêmico, nós tínhamos atendido quase 50 culturas. Setenta por cento das nossas análises são relativas à química do solo, que é bastante importante para a tomada de decisão em ações como adubação e calagem. Então a gente fica especialmente contente com essa retomada, com esse apoio, com esse entendimento coletivo. Dessa forma a gente acredita que pode mudar uma realidade regional — afirmou.

Na ocasião, o Cidennf também apresentou suas principais frentes de atuação e luta para aprovação do Projeto de Lei (PL) 1440/ 2019, que estabelece área de semiárido. O PL altera a Lei nº 10.420, de 10 de abril de 2002, para estender a área de abrangência do Benefício Garantia-Safra aos Municípios que especifica; e cria o Fundo de Desenvolvimento Econômico do Norte e do Noroeste Fluminense.

O presidente do Friperj, professor Roberto Rodrigues (reitor da UFRRJ), e o reitor do IFFluminense, Vitor Saraiva, não puderam participar devido a uma reunião com o presidente Lula, marcada para esta terça, 27/05/25, em Brasília, para tratar da recomposição orçamentária das universidades e instituições públicas de ensino superior federais.

(Jornalistas: Fúlvia D’Alessandri e Thábata Ferreira / Fotos: Cassiane FalcãoASCOM/UENF)

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