Jornalista e mestrando da UENF eleito para Academia Brasileira de Letras do Futebol

Campos dos Goytacazes agora tem um representante na Academia Brasileira de Letras do Futebol (ABLF). Wesley Machado é um jornalista apaixonado pelo futebol e tem seis livros publicados e a participação em quatro antologias sobre o assunto. No dia 4 de junho de 2024, ele foi eleito para a ABLF, onde irá fazer companhia a nomes do quilate de Benedito Ruy Barbosa, Luís Fernando Veríssimo, Ruy Castro, Juca Kfouri, Mauro Beting e Paulo Vinícius Coelho, o PVC, entre outros. Casado e pai de duas filhas, Wesley é jornalista da UENF, onde também é mestrando em Cognição e Linguagem, com pesquisa sobre crônicas de futebol. É ainda pós-graduando em Literatura, Memória Cultural e Sociedade no IFF, com uma pesquisa sobre contos de futebol.

ASCOM/UENF – Como você está se sentindo com a notícia de integrar a Academia Brasileira de Letras do Futebol?

WESLEY – Estou muito feliz! É uma honra fazer parte desta instituição fundada em novembro de 2023 e que já nasceu grande! Fui eleito para a cadeira 12, que tem como patrono o jornalista Geraldo Romualdo da Silva, que era botafoguense, assim como eu. São 40 cadeiras com escritores de Norte a Sul do Brasil. Participei da minha primeira reunião online na terça-feira (18/06/2024), onde recebi as boas-vindas dos confrades. Teremos uma reunião online mensal e minha posse deve ser presencial no Museu do Futebol em São Paulo junto ao Grupo Literatura e Memória do Futebol (Memofut), do qual também faço parte. Por coincidência ou não, dois dos membros são autores que eu utilizo na minha dissertação do mestrado em Cognição e Linguagem na UENF onde pesquiso crônicas de futebol, que são a Maria do Carmo Leite de Oliveira e o Ivan Cavalcanti Proença.

ASCOM/UENF – O Wesley que é craque com as palavras também é bom de bola?

WESLEY – Na infância, eu jogava bola no paralelepípedo com os amigos do time Mesquitinha, da Rua Professor Mesquita, no bairro da Pecuária. Aí a minha mãe, Ezilane Machado, me colocou para treinar no time mirim do Roxinho, onde fui campeão sub-11 da Copa Jornal A Cidade em 1990. Meu avô materno, Egenildo Barbosa, me levava para as partidas aos sábados no Clube de Regatas Saldanha da Gama, onde eu jogava com a camisa 6 de titular da lateral esquerda do Roxinho. Depois fui para o time do Sesi e cheguei ao juvenil do Madureira de Guarus. Mas eu era um jogador mediano. Então virei peladeiro. Perambulei por vários campos e quadras. Até que em 2002, quando eu cursava a graduação em Cinema & Vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Niterói, me destaquei como o artilheiro do time de futsal da turma nas Olimpíadas da UFF. Voltei para Campos, onde organizei por muitos anos a Pelada Anual da Associação de Imprensa Campista (AIC), onde fui diretor de Comunicação. Joguei peladas até os 35 anos em 2016, quando me contundi e decidi parar. Em 2023 fiz meu jogo de despedida com os amigos da rua professor Mesquita da Pecuária e me aposentei da bola. Agora me dedico a escrever sobre futebol.

 ASCOM/ UENF – Como foi o incentivo dos seus familiares em relação a essa paixão?

WESLEY – Além do Roxinho, que é uma paixão para mim, por ser onde joguei na infância e ser da região onde já morei e moro atualmente no Parque Esplanada, eu também aprendi a gostar do Botafogo na infância. Ouvia junto do meu pai Fernando Machado os jogos do Fogão no radiozinho de pilha e me apaixonei pelo time da estrela solitária. Assisti a vários jogos do Botafogo pela televisão e em estádios com meu pai e a paixão se tornou amor. O Glorioso me retribuiu com muitas alegrias, como vitórias sofridas e a conquista de campeonatos, e o incentivo para eu publicar livros a partir da minha seleção em 2011 entre as sete melhores crônicas do II Concurso de Crônicas Alvinegras, que resultou na publicação da minha crônica no livro “A magia do 7”, lançado na sede do Botafogo em General Severiano no Rio de Janeiro, o primeiro livro que participei.

ASCOM / UENF – Em que momento você desistiu dos campos para seguir a carreira jornalística?

WESLEY – Meu pai me disse para eu estudar, pois a carreira de jogador de futebol é muito difícil. E, sinceramente, eu não era um craque. Então eu fiz o curso técnico em Instrumentação Industrial na antiga Escola Técnica Federal de Campos (ETFC), onde comecei a escrever para o Fala Galera, jornal dos estudantes da ETFC. Na Federal também passei a frequentar a biblioteca, onde eu lia as crônicas de Luís Fernando Veríssimo no jornal O Globo e foi quando eu descobri o que eu queria fazer, que era escrever crônicas.

ASCOM/UENF – Você é um jornalista apaixonado por futebol, pelo Roxinho e pelo Botafogo. Como foram as primeiras linhas sobre o assunto?

WESLEY – No antigo ginásio no Colégio Cenecista Bartholomeu Lysandro, eu já escrevia tabelas de classificação de campeonatos, em uma época sem internet. Na adolescência, no jornal Fala Galera, dos estudantes da ETFC, eu passei a escrever textos sobre futebol. Mas foi aos 25 anos, no ano de 2007, quando estudava Jornalismo na antiga Faculdade de Filosofia de Campos (Fafic), que decidi pesquisar sobre o clube no qual joguei na infância. Na pesquisa descobri que o meu avô paterno, Fernando Machado, havia jogado nos aspirantes do Campos na década de 1950. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado em 2008 foi publicado em livro em 2012, ano do centenário do Roxinho. Em 2013, com uma reportagem sobre os 100 anos do antigo Leão da Coroa publicada no jornal O Diário, fiquei em terceiro lugar na categoria Interior do III Prêmio João Saldanha de Jornalismo Esportivo, promovido pela Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (Acerj). A premiação foi realizada na sede do Botafogo em General Severiano, Rio de Janeiro. Em 2015, novamente na sede do Botafogo, fui premiado com o primeiro lugar na categoria Blogs do I Prêmio Botafogo de Imprensa, com uma crônica sobre o acesso naquele ano. Entre 2020 e 2024, lancei mais cinco livros solos sobre futebol, totalizando seis livros publicados sobre futebol e a participação em quatro antologias de futebol, o que me rendeu a eleição para a ABLF.

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