Incentivar a formação dos estudantes através da participação em projetos de pesquisa de alta qualidade científica. Esse é o objetivo do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (PIBi-UENF). Como um programa de excelência, que foi premiado três vezes pelo CNPq, o PIBi-UENF atrai estudantes com alto rendimento acadêmico e que se dedicam às atividades de pesquisa nos laboratórios da Universidade.
Atualmente, o PIBi tem 307 bolsistas e 35 voluntários. Segundo a coordenadora do programa, a professora Maria Cristina Gaglianone, o Programa conta com bolsas do CNPq em três modalidades, (IC, IC-Ação Afirmativa e IT) e bolsas da UENF em duas modalidades (IC e IC Nota 10).
— O aumento do número de cotas em todas essas modalidades ao longo dos últimos anos reflete o reconhecimento da importância do programa na Instituição e no cenário nacional — pontua a coordenadora.
De acordo com Maria Cristina, os estudantes que participam do Programa podem aprender sobre método científico; ter treinamento em ferramentas metodológicas que permitem responder uma questão científica; ser orientados por pesquisadores experientes e em laboratórios de alta qualidade; trocar experiências e conhecimento com pós-graduandos e outros pesquisadores; formar ideias e amadurecer conceitos aprendidos; e conhecer áreas de pesquisa e campo de trabalho futuro.
A estrutura física dos Programas localiza-se na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, no prédio das Pró-Reitorias (P9). O contato com o PIBi pode ser feito pelo telefone (2748-6056) ou pelo e.mail (pibic@uenf.br).
Estudantes relatam suas experiências na Iniciação Científica da UENF
Ana Paula é bolsista de Iniciação Científica Nota 10
Não é à toa que a estudante Ana Paula Jardim, de 25 anos, tem um livro tatuado no braço. Ela é bolsista de Iniciação Científica Nota 10, incentivo dado apenas aos estudantes de excelente rendimento acadêmico. Estudante do 7º período de Pedagogia, Ana Paula veio do distrito de Santa Maria, em Campos dos Goytacazes, e sempre estudou em escola pública.
Em 2022, a Iniciação Científica entrou na vida de Ana Paula. Com a orientação da professora Bianka Pires, do Laboratório de Estudos de Educação e Linguagem (LEEL), do CCH, ela atua na pesquisa intitulada “Uma análise sobre a formação do professor universitário através das competências pedagógicas oferecidas pelos cursos de pós-graduação no Rio de Janeiro”.
— Na pesquisa, analisamos a formação para a docência universitária que tem sido oferecida nos programas de pós-graduação das Universidades Estaduais do Rio de Janeiro: UEZO, UERJ e UENF. Essa pesquisa é realizada porque na LDB fica disposto que a formação do professor universitário acontece preferencialmente em cursos de Mestrado e Doutorado. Então nossa meta é analisar se esses cursos estão oferecendo a formação adequada, com competências pedagógicas necessárias ao futuro professor — explica.
Mas não são só os estudos que ocupam o tempo de Ana Paula. Ela precisa se dividir entre as tarefas acadêmicas e os cuidados com a filha, Maria Fernanda, de sete anos.
— Eu sempre amei estudar, era aquela aluna que sentava colada na mesa dos professores, que respondia a todas as perguntas e sempre foi um desejo cursar o ensino superior. Porém, meus planos e objetivos mudaram quando me tornei mãe e pausei minha vida acadêmica para cuidar da minha filha. — declara a estudante.
Ela conta que no início foi muito difícil, pois precisava percorrer 140 quilômetros todos os dias para estudar na UENF.
— Veio a pandemia e eu não desisti. Aproveitei ao máximo o ensino remoto por estar ao lado da minha filha e não precisar me deslocar. Cursei 20 disciplinas, teve período que cheguei a cursar três por dia. Esse momento ficou tão marcado para mim, todo o meu esforço e dedicação, que tatuei um livro como símbolo desse período — fala emocionada.
Para o futuro, Ana Paula pretende cursar Mestrado e Doutorado.
— Quando ingressei tinha dúvidas sobre qual área seguir, já que a Pedagogia nos dá um leque de oportunidades. Porém, a Iniciação Científica fez com que eu tivesse certeza que quero continuar pesquisando. Hoje eu tenho orgulho de tudo que faço, sou feliz e realizada — finaliza.
Wálaci: Da Iniciação Científica ao Doutorado
Foi na Iniciação Científica da UENF que Wálaci da Silva Santos, 31 anos, identificou que estava no caminho certo. Colecionando premiações em congressos e simpósios nacionais e internacionais, o jovem, que antes trabalhava como agricultor na lavoura de café, encontrou-se na vida acadêmica. Concluiu Licenciatura em Ciências Biológicas pelo CEDERJ, fez Mestrado e, atualmente, cursa o 4° ano de Doutorado na UENF.
O jovem teve que enfrentar vários desafios para conseguir estudar. Natural do distrito de Muqui, no município de Mimoso do Sul, no Espírito Santo, Wálaci trabalhava durante o dia na lavoura e estudava os módulos do CEDERJ durante a noite, frequentando as tutorias e as provas presenciais no polo de Bom Jesus do Itabapoana – RJ nos fins de semana.
— Sempre gostei de estudar, portanto consegui alcançar boas notas na graduação e com isso novas portas se abriram para mim. Comecei pela extensão, mas logo migrei para a Iniciação Científica presencialmente na UENF. Fui premiado no CONFICT em 2017 e isso enriqueceu muito o meu currículo. Novas portas se abriram e participei de congressos e simpósios nacionais e internacionais, apresentei meu trabalho na USP e fiquei em segundo lugar. Em 2018, ingressei na pós-graduação da UENF no programa de Biotecnologia Vegetal. Fiz o mestrado de 2018 a 2020 e atualmente curso o 4° ano de doutorado — comemora o estudante.
Ele afirma que o período na Iniciação Científica foi crucial.
— Nessa época, aprendi técnicas que utilizo até hoje. A convivência com outros pesquisadores influencia muito a nossa personalidade científica e ter rotina de laboratório faz com que a gente tenha comprometimento com a pesquisa — declara Wálaci.
Giullia participa de pesquisa na área da saúde
Determinada a participar de uma pesquisa científica, a estudante Giullia Madeira Rios, 23 anos, começou como voluntária e hoje é bolsista de Iniciação Científica em um projeto de pesquisa do professor Renato DaMatta, no Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT), do Centro de Biociências e Biotecnologias (CBB) da UENF.
Ela conta que o projeto é sobre o papel do substrato de cultura na modulação de macrógafos ativados nos perfis M1 e M2 infectados por Toxoplasma gondii. O objetivo do trabalho é analisar o comportamento, morfologia e metabolismo de macrógafos M1 (mais microbicida) e M2 (reparo tecidual) não infectados pelo parasito Toxoplasma gondii, que é o organismo responsável por causar a doença toxoplasmose que acomete milhares de pessoas pelo mundo.
— A partir disso, podemos entender como esse parasito age nas células de defesa do nosso corpo, quais mecanismos eles usam e quais são as respostas dessas células sobre o mesmo — esclarece a estudante que planeja seguir nos estudos na área de parasitologia, fazendo Mestrado e Doutorado.
Ramon atua no setor de Ecologia de Abelhas e Polinização
Estudante do curso de Ciências Biológicas da UENF, o campista Ramon Rodrigues sonha em ser um cientista. Atualmente, ele participa da Iniciação Científica atuando no Laboratório de Ciências Ambientais, no setor de Ecologia de Abelhas e Polinização, do CBB, com a coordenação da professora Maria Cristina Gaglianone.
Ele conta que no seu trabalho de pesquisa já trabalhou com síndromes de polinização das espécies arbóreas do campus da UENF, registrou período de floração dessas espécies, descreveu suas características morfológicas florais e polínicas além de potenciais polinizadores dessas espécies.
Atualmente, sob a orientação da Vanessa Matos, pós-doutoranda do laboratório, Ramon está trabalhando com palinotaxonomia de espécies vegetais com potencial atração de polinizadores no campus.
— Trabalho fazendo a descrição da morfologia e medição dos grãos de pólen dessas espécies. Essas informações serão utilizadas para confecção de um catálogo polínico do campus, que servirá de base e consulta para outros trabalhos correlacionados. Sempre foi um sonho entrar na UENF, por ser referência de universidade pública na nossa região, e é um privilégio estar aqui dentro. O programa de iniciação científica dá oportunidade de acesso à pesquisa aos alunos que ingressam na universidade, e a UENF tem laboratórios com altíssima qualidade — declara o estudante.
Laura atua em pesquisa com leitões desmamados
Laura Amorim de Oliveira Henriques Leal, 24 anos, veio do Rio de Janeiro para estudar Zootecnia na UENF e ingressou na universidade em 2018. Em 2019, ela foi aceita como bolsista de Iniciação Científica pelo CNPq em suinocultura, sendo orientada pela professora Rita Nobre, do Laboratório de Zootecnia, do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA).
Na pesquisa sobre utilização de enzimas exógenas na ração de leitões desmamados, ela trabalha com nutrição de leitões em fase de creche. — Atualmente, utilizamos enzimas exógenas nas rações como substituto ao antibiótico usado para diminuir a incidência de diarreia nessa fase tão crítica para o animal — esclarece.
A estudante está no último ano da graduação em Zootecnia e fala que pretende seguir a carreira acadêmica e ingressar no Mestrado. — A Zootecnia é um curso muito amplo e de grande importância para o mundo, sendo referência na produção animal, visando à nutrição, genética, bem-estar e sanidade a todos os animais, levando ao consumidor final um produto de qualidade. A pesquisa me abriu muitas portas e me mostrou as inúmeras possibilidades da profissão — afirma Laura.