Projeto Bio-horta, da UENF, desenvolve modelo de gestão de hortas urbanas

Envelhecer com saúde é o grande desafio dos dias atuais. Não há como pensar em saúde humana em um ambiente degradado. Baseado nisso, o projeto Bio-horta visa desenvolver e aprimorar um modelo de gestão de hortas urbanas que potencialize a produção de alimentos seguros e acessíveis, promovendo a atuação profissional e apoio técnico ao pequeno produtor. 

O projeto — coordenado pelo professor Gerson Adriano do Laboratório de Entomologia e Fitopatologia do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA-UENF) — realiza um trabalho em conjunto com outros projetos de extensão universitária e iniciação científica com fim de viabilizar a recuperação da qualidade ambiental do espaço e produzir alimentos, respeitados os ciclos naturais. As atividades do projeto são realizadas em uma horta urbana localizada no Centro de Campos, visando o desenvolvimento de uma tecnologia social que possa contribuir com o desenvolvimento sustentável da cidade.  

O foco do trabalho está na articulação de ações voltadas à melhoria das condições ambientais, ao uso eficiente dos recursos, ao aumento da capacidade produtiva em termos de quantidade, qualidade e diversidade de alimentos e à melhoria das condições de trabalho e renda dos agricultores urbanos.  

O professor explica que os principais instrumentos adotados no desenvolvimento do modelo de gestão de hortas urbanas sustentáveis são o diálogo e o intercâmbio de conhecimentos de profissionais da área ambiental e agronômica.  

“Por meio de uma visão transdisciplinar da realidade, buscamos soluções conjuntas viáveis socioambiental e economicamente para colaborar com a melhoria da qualidade ambiental do município, ao mesmo tempo em que são produzidos alimentos livres de agrotóxicos e geradas oportunidades de trabalho”, conta o professor.  

Com a finalidade de aprimorar um modelo de gestão replicável, a Bio-horta funciona como um verdadeiro núcleo de promoção da sustentabilidade urbana e produção de alimentos. “Isso influencia no gerenciamento dos resíduos sólidos orgânicos, no acesso a alimentos livres de pesticidas, na economia local, e na adequação dos imóveis urbanos às exigências legais visando o atendimento da função social da propriedade urbana”, esclarece.  

Atualmente, a Bio-horta conta com a atuação de um agricultor vinculado ao programa municipal de horta comunitária e também com o suporte de um grupo fixo de consumidores que viabilizam financeiramente a continuidade do trabalho e apoiam o agricultor no desenvolvimento das atividades.

O espaço conta ainda com a atuação de projetos de extensão universitária da UENF ligados à produção de alimentos e à educação (projeto Bio-horta), à compostagem (projeto A-cea) e à biodiversidade urbana (projeto Trilha das Abelhas). Também funcionam no espaço da Bio-horta projetos de iniciação científica Júnior vinculados à escola municipal Pequeno Jornaleiro, voltados para ações educacionais destinadas a alunos do ensino fundamental. 

Compostagem – O projeto de extensão Ambiental – Compostagem e Espécies Arbóreas (A-CEA) entrou como parceiro da Bio-horta ainda na fase de planejamento, auxiliando nas questões práticas acerca da fertilidade do solo, adubação e nutrição das plantas, e depois foi ampliado para oferecimento de cursos e oficinas.  

Segundo a professora Luciana Rodrigues, o A-CEA tem o objetivo de divulgar, por meio de cursos de capacitação e oficinas, a importância ambiental e econômica de espécies vegetais perenes e da produção de adubo orgânico a partir de resíduos orgânicos domésticos e agrícolas. “A visão do A-CEA é a educação ambiental associada à redução do despejo do lixo orgânico por meio da prática da compostagem em nível local (residências, condomínios e pequenas propriedades rurais, horta urbanas), levando a sustentabilidade ambiental, econômica e social”, disse.  

“Todos esses princípios são também norteadores da Bio-horta, sendo oferecidos cursos de capacitação sobre compostagem para os apoiadores e oficina prática sobre manejo de composteira tanto para os apoiadores da Bio-horta como para alunos, como é o caso da escola municipal Pequeno Jornaleiro, que alunos participam do projeto”, conclui Luciana.  

Hotel de Abelhas – O projeto de Extensão da UENF Trilha das Abelhas é outro parceiro da Bio-horta. O Hotel das Abelhas é um espaço com objetivo de propiciar um aumento na quantidade e na qualidade dos frutos, além de trazer benefícios para as abelhas, por contribuir com a conservação destes agentes polinizadores. A estrutura é composta por ninhos artificiais de gomos de bambu e tubos de cartolina preta em placas de madeira, que tem como objetivo atrair e manter espécies de abelhas nativas que não formam colmeia e constroem seus ninhos em cavidades. De acordo com a coordenadora do projeto, Maria Cristina Gaglianone, o espaço também funciona como uma importante ferramenta de educação ambiental e permite mostrar à comunidade o impacto das abelhas na produção de alimentos.  

“As cidades podem abrigar um número representativo de espécies de abelhas. As ações propostas pelo projeto “Trilhas das Abelhas” almejam a preservação das espécies que ocorrem na área urbana do município de Campos dos Goytacazes. E a oportunidade de estabelecer esta parceria com a Bio-horta foi um ponto bastante positivo”, destaca a professora. 

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