UENF recebe agenda pública da Comissão Interinstitucional para Políticas Afirmativas Diferenciadas para Povos Indígenas e Quilombolas

O Pró-reitor de Assuntos Comunitários da UENF, Milton Kanashiro, e a coordenadora do NEABI/UENF, Clareth Reis

No dia 12 de novembro de 2025, foi realizada, na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro/UENF, uma agenda pública da Comissão Interinstitucional para Políticas Afirmativas Diferenciadas para Povos Indígenas e Quilombolas. A Comissão é formada por representantes docentes, discentes e técnicos, nomeados por portarias específicas dentro de cada instituição de educação superior pública do estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de dar prosseguimento às ações voltadas para a construção das políticas afirmativas diferenciadas de ingresso e permanência para indígenas e quilombolas. Além disso, discutem-se também mecanismos de abertura epistêmica do universo acadêmico para outros saberes e ciências, considerando os aportes das comunidades tradicionais. Nas reuniões periódicas, participam ainda representantes indígenas e quilombolas de várias entidades, coletivos, territórios e comunidades do estado.

Para esta ocasião na UENF, foram apresentados os resultados preliminares da sistematização das propostas construídas durante o I Fórum de Educação Superior para Povos Indígenas e Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro, realizado nos dias 13, 14 e 15 de agosto, deste ano, na Universidade Federal Fluminense (UFF), que contou com ampla participação de representantes indígenas e quilombolas, das IES do estado do Rio de Janeiro, bem como pesquisadores de outras partes do Brasil que atuam nessas temáticas e movimentos sociais de outros estados, como o Acadêmicos Indígenas da Unicamp. No fórum, a partir de intensos debates entre os participantes mencionados acima, foram discutidos os desafios e entraves que jovens e adultos indígenas e quilombolas enfrentam para o ingresso e permanência nas IES públicas, e o fato das políticas de cotas e de permanência atuais não darem conta das suas especificidades. Assim, foram elaboradas propostas com base nas realidades dessas populações, a partir de um grupo da Comissão Interinstitucional que trabalhou durante quase três meses para a organização dos resultados.

O encontro na UENF, organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI/UENF) e pela Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários da UENF (PROAC), contou com a participação de, aproximadamente, 65 representantes de vários segmentos, entidades e instituições, tais como a Articulação para Políticas Afirmativas para Povos Indígenas e Quilombolas do Rio de Janeiro/APIQ-RJ, a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), o Instituto Federal Fluminense (IFF), o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), o Colégio Pedro II (CPII), a Associação Estadual das Comunidades Quilombolas do Estado do Rio de Janeiro (ACQUILERJ), o Quilombo Botafogo, o Quilombo Cafundá Astrogilda, o Quilombo D. Bilina, o Quilombo Fazenda Espírito Santo, o Quilombo Lagoa Fea e Sossego, o  Quilombo Maria Conga, a Comissão Guarani Yvyrupa do Sul e Sudeste, a Aldeia Marakanã, o Coletivo Retomada Goytaká, o Coletivo de Estudantes Indígenas da UFF, UERJ, UNIRIO e UFRJ, e a Rede Trans da UFF.

Para Amarildo Vera Yapua, liderança da Aldeia Mata Verde Bonita, de Maricá, e coordenador estadual da Comissão Guarani Yvyrupa, o Fórum é um passo muito importante na construção dos direitos dos povos indígenas e quilombolas através de uma participação coletiva. Ele desta ainda a necessidade de simplificar o acesso às universidades e um olhar atento à forma como o racismo impacta os estudantes que saem de suas comunidades para estudar.

— Muitas vezes a gente sai da aldeia, mas a gente sofre muito racismo, preconceito e acaba caindo na depressão — disse.

Em sua fala na mesa de abertura, além de reforçar a importância das lutas pela demarcação dos territórios, por saúde e educação, falou também do sonho de se tornar médico.

Já Gabriela Conceição Dias, do Coletivo de Educação da ACQUILERJ e do Quilombo Maria Joaquina, falou sobre a importância dessas propostas que foram construídas em parceria com os representantes indígenas e quilombolas. Destacou a urgência da valorização e da remuneração adequada das mestras e dos mestres de saberes e também criticou a ausência de reitores e a baixa presença de pró-reitores no evento — só estiveram presentes os pró-reitores de Assuntos Comunitários da UENF e Pró-Reitorias de Assuntos Estudantis da UFF e UFRRJ.

— Ainda assim, nós não iremos retroceder nas nossas propostas e não recuaremos em nenhuma das decisões tomadas aí e formalizadas em conjunto — afirmou.

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Texto: Clareth Reis, Mariana Bruce
Revisão: Mariana Paladino, Gabriela Conceição Dias, Mariana dos Anjos
Entrevistas: Gabriela Conceição Dias e Amarildo Vera Yapua
Transcrição e resumo das entrevistas: Mariana dos Anjos

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