Campos dos Goytacazes, quinta-feira, 04 de julho de 2019 – nº 3.911
UENF tem projeto para controle da esporotricose
A ideia de que os gatos são animais de vida livre vem custando caro aos bichanos. São justamente as “saidinhas” dos gatos que vêm fazendo aumentar, entre eles, a incidência de uma doença que, se não tratada, pode ser letal: a esporotricose. O contato com animais contaminados também pode transmitir a doença para o ser humano.
O aumento da incidência de esporotricose em Campos dos Goytacazes levou à criação do projeto de extensão “Esporotricose em Campos dos Goytacazes: diagnóstico, controle e prevenção”, coordenado pela professora Adriana Jardim de Almeida, do Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal (LCCA) do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da UENF (CCTA/UENF).
O projeto tem por objetivo o diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos casos, além do mapeamento da doença e da realização de palestras educativas em escolas e outros locais. “As consultas, exames e revisões são gratuitos. A veterinária do projeto acompanha a evolução de cada caso”, diz Adriana.
Segundo Adriana, o abandono dos animais doentes agrava ainda mais o problema, pois eles se tornam um foco de transmissão. “Se não forem tratadas adequadamente, as feridas deixam os gatos com um aspecto muito feio. Então, muita gente acaba abandonando o bichinho”, diz.
O tratamento contra a esporotricose é feito com antifúngicos específicos para o problema, tanto para os animais quanto para os seres humanos. “A doença tem cura, mas, infelizmente, em algumas vezes só é detectada quando as feridas ficam mais perceptíveis”, afirma Adriana. Segundo ela, o estado clínico do animal é importante para o sucesso do tratamento. “Se ele estiver muito debilitado, magro, desidratado, aí fica mais difícil o tratamento, pois pode haver comprometimento renal, hepático e respiratório”.
Em muitos casos, as feridas começam na cartilagem do nariz, por dentro. “Isso acontece porque os gatos aspiram o fungo. Eles espirram e o fungo se espalha fora”, explica Adriana. As feridas se disseminam pelo rosto porque o animal tem o costume de brigar e arranhar justamente neste local. “Como os felinos têm o hábito de se lamber, acabam espalhando o fungo para outras partes do corpo”, explica.
Segundo Adriana, a melhor forma de prevenir é realizar a castração de machos e fêmeas. “Hoje os gatos castrados são, em sua maioria, fêmeas. Mas os machos também devem ser castrados, pois são territorialistas e brigam pelas fêmeas. A cultura de que o gato é um animal andarilho, livre, dever ser combatida, pois quando eles saem de casa podem voltar não só com esporotricose, mas também com outras doenças, além de se tornarem vulneráveis a situações adversas como intoxicações e atropelamentos, por exemplo”, diz.
Ela lembra que o descarte do animal que chega a óbito também não pode ser feito de qualquer forma. O ideal é que ele seja cremado. “É necessário que haja investimentos na área de descarte de animais mortos. Quando as pessoas colocam o animal em terrenos baldios ou enterram no quintal, estão propagando o fungo”, afirma.
A esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix schenckii, presente no solo, plantas, cascas de árvores e material em decomposição. Antigamente, era chamada de “Doença do Jardineiro”, por acometer basicamente pessoas que trabalhavam com plantações. Foi descrita pela primeira vez em 1898 e teve os primeiros casos descritos no Brasil em 1907. A doença também pode acometer outros animais, como cães, bovinos, suínos, primatas e camelos.
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