Do mestrado na UENF para o doutorado na Bélgica

Fabrício Almeida foi selecionado para integrar, como aluno de doutorado, um dos maiores grupos de pesquisa do mundo na área de Biotecnologia, na Universidade de Gent, na Bélgica

Fabrício Almeida

Da planície goitacá para um dos mais importantes laboratórios do mundo na área de Biotecnologia — o Vlaams Instituut voor Biotechnologie (VIB), vinculado à Universidade de Gent, o maior campus de Biotecnologia de plantas da Europa. É lá que o campista Fabrício Almeida, mestre em Biotecnologia Vegetal pela UENF, passará a maior parte de seu tempo durante os próximos quatro anos. Ele foi escolhido como aluno de doutorado no grupo do cientista Yves Van de Peer, um dos mais conceituados pesquisadores do mundo na área de Genômica de Plantas.

Fabrício, que cursou o ensino médio no IFFluminense e se graduou em Licenciatura em Ciências Biológicas pela UENF, conta que o processo seletivo foi feito por análise de currículo, recomendações de professores e competências para pensar em um projeto relacionado à linha de pesquisa do laboratório.

“Eu me candidatei para ter a oportunidade de pesquisar num dos melhores institutos de pesquisa do mundo. Sonho com essa oportunidade há cerca de dois anos”, diz. “Sempre estudei muito e corri atrás dos meus sonhos, mas era difícil imaginar que esse sonho pudesse se concretizar”.

Seu orientador tanto no mestrado como na iniciação científica, o professor Thiago Venâncio afirma que Fabrício iniciará o doutorado em uma excelente universidade, em um dos mais importantes grupos de genômica de plantas do mundo. “Certamente é um grande orgulho para mim, por ter contribuído de alguma forma com esta trajetória”, diz.

O professor lembra que Fabrício ingressou muito cedo em seu grupo de pesquisa, como aluno de iniciação científica. “Desde o primeiro momento, fiquei muito impressionado com a grande maturidade e motivação dele no laboratório. Sem dúvida, um dos estudantes mais vocacionados e dedicados que eu já tive em 11 anos como docente da UENF”, afirma.

“Desde seu ingresso no Mestrado em Biotecnologia Vegetal, Fabrício se mostrou um aluno muito acima da média. Sempre proativo e responsável com suas atividades. Perfeccionista e sempre buscando incansavelmente a excelência em todas as suas atividades. É uma honra para o PPGBV tê-lo em nosso corpo discente e, muito em breve, como nosso egresso”, acrescenta Thiago, que também é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Vegetal da UENF.

Em sua pesquisa de doutorado, Fabrício vai buscar entender como plantas poliploides (aquelas que possuem várias cópias de cromossomos) evoluem, quais diferenças genéticas estas têm em relação às plantas diploides (duas cópias de cromossomos) e como esse número maior de cópias ajuda as plantas na adaptação a ambientes diferentes.

“Dentro da célula, o DNA se enrola em estruturas muito compactas chamadas cromossomos. Normalmente, os seres vivos têm duas cópias de cada cromossomo, e são chamados diplóides (duas cópias). No entanto, muitas plantas sofreram duplicações ou triplicações do número de cópias de cromossomos ao longo da evolução, tendo, por exemplo, 4, 6, ou 8 cópias. Essas plantas são chamadas poliploides (muitas cópias)”, explica.

Segundo Fabrício, trata-se de um projeto de pesquisa básica que visa entender que vantagens adaptativas a poliploidia (duplicação do número de cópias de cromossomos) pode garantir a plantas, especialmente para lidar com ambientes extremos (seca, altas temperaturas, etc).

“Toda pesquisa básica gera o conhecimento que serve de matéria-prima para pesquisas aplicadas. Essa pesquisa pode revelar mecanismos genéticos importantes para a adaptação a ambientes extremos, e esse conhecimento pode ser usado para desenvolver plantas que possam ser cultivadas em ambientes que, hoje em dia, elas não conseguem tolerar (por exemplo, desertos, montanhas, etc)”, explica Fabrício.

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