O professor Sérgio Arruda, do Centro de Ciências do Homem da UENF (CCH), lança seu primeiro romance, “Um cão late na noite”, na sexta-feira, 24/06/22. Publicado pela Editora Penalux, o livro será lançado em uma cerimônia, a partir das 19h, na Academia Campista de Letras (ACL).
Arruda conta que sempre quis escrever um romance. “Tenho um conto premiado e publicado numa coletânea há mais de 30 anos”, diz. O romance é uma história protagonizada por jornalistas.
“Uma jornalista tem nas mãos uma história esquecida há mais de vinte anos e quer apurá-la. Para isso, entra em contato com um dos personagens desta história, que também é jornalista. Começam então a desvendar a história, por sua vez, protagonizada por um menor infrator, que se vivo estivesse, seria já um adulto.É uma história sobre esta trajetória, o que se vai descobrindo no caminho, uma história dentro de outra, sendo a jornalística a que ocupa o centro”, conta.
Nascido no Recife, onde se graduou em Letras e Jornalismo e fez mestrado em Teoria Literária, Arruda veio para o Rio em 1987 para fazer doutorado em Literatura Comparada na UFRJ. Em 1995, ingressou na UENF, atuando no Laboratório de Cognição e Linguagem (LCL). “Sempre quis escrever um romance. Tenho um conto premiado e publicado numa coletânea há mais de 30 anos”, conta.
A aquisição pode ser feita no site da Editora Penalux. Veja a entrevista dada por Sérgio Arruda à ASCOM/UENF:
ASCOM- De onde veio a inspiração para escrever esta história?
Sérgio Arruda – Minha cabeça está cheia de histórias. Esta inspiração nasceu quando há mais de 10 anos li sobre ética, dever e responsabilidade, em algum texto de filosofia, como atributos do homem. Daí me perguntei: onde é que isso cabe em nossa vida? Imaginei uma criança praticando um crime horrendo (que é o que acontece na origem do meu romance). Na sequência, fiz uma uma longa digressão sobre a responsabilidade, sobre até que ponto a criança poderia ser responsabilizada pelo seu ato. Ela deveria crescer, ser instruída, desenvolver uma reflexão civil sobre a responsabilidade, e só aí ela teria uma consciência sobre o seu ato, mas ele não seria mais a criança, e sim um homem sem nenhum crime civil a expiar, exceto a sua consciência.
ASCOM – Poderia me falar um pouco sobre sua trajetória profissional até chegar na UENF?
Sérgio Arruda – Cheguei à Uenf com um diploma de doutorado em Ciência da Literatura debaixo do braço, o que pouco me valeu, de forma direta. Ficaria encarregado da atividade de formação em língua, portuguesa e estrangeiras. Contudo, essa questão é melhor aparelhada pela Linguística, que é uma área correlata da formação em Literatura. Então estudei linguística e todas as suas disciplinas, além de análise do discurso e me conduzi assim. Antes da Uenf, também trabalhei durante 10 anos em duas faculdades privadas, de jornalismo, pois tenho diploma de bacharel em jornalismo. Isso foi muito bom para a minha formação, no quesito diversificação de visões do mundo e das ciências humanas, das letras e das artes. A Uenf só coroou essa visão e atuação diversificada de mundo que sempre procurei cultivar.
ASCOM – Poderia falar um pouco também sobre sua vida? Sei que não é de Campos. Onde nasceu e como veio parar aqui?
Sérgio Arruda – Nasci no Recife e lá fiz a minha formação, da graduação em Letras e Jornalismo, até o mestrado em teoria literária, embora não tenha iniciado nenhuma carreira profissional significativa. Vim para o Rio em 1987 para fazer o doutorado em Literatura Comparada na UFRJ e por aqui fiquei. Ao mesmo tempo trabalhava dando aulas. Foi uma época muito rica, dada as extraordinárias oportunidades que procurei ter no Rio, na sua efervescência cultural e política. Cheguei à Uenf como bolsista em 1995, uma experiência muito rica de possibilidades de ajudar a instalar e inventar a universidade, especialmente, o CCH. Logo passei a escrever crônicas para os jornais da cidade, tudo a convite. Em 2012, a Folha da Manhã me convidou pra assumir um espaço às sextas-feiras, e lá escrevi durante oito anos cerca de 400 crônicas-artigos-resenhas, o que muito me abriu os horizontes da escritura.
ASCOM – Na UENF, qual a sua área de atuação?
Sérgio Arruda – Na Uenf, atuo em Leitura e Produção do Texto Acadêmico na graduação, além de outras disciplinas tais como Mídia e Tecnologias na Educação (obrigatórias) e Didática do Texto Literário e Políticas Linguísticas, como optativas, com o propósito de dar uma formação complementar na Pedagogia. Na pós-graduação, atuo em análise(s) do discurso, pois há mais de uma linha teórica, onde oriento teses e dissertações na seara do discurso, seja o literário, seja o publicitário, o político, o jornalístico.
ASCOM – Fale um pouco sobre a importância da literatura.
Sérgio Arruda – Eu sou um ledor de romance, bem mais do que de poesia. Sempre estarei com um romance debaixo do braço. Outro dia me peguei lendo um romance escondido debaixo da mesa durante uma reunião… Brincadeira! A literatura perdeu o prestígio que tinha há cerca de uns 50 ou 60 anos como atividade fundamental de formação na vida das pessoas, o que é uma pena. A literatura não ensina diretamente como a ciência, mas traz sabedoria, enriquece a experiência, ilustra a vida, caminha pelos labirintos da linguagem abrindo portas que não imaginamos existir na nossa psique.