UENF atrai estudantes de todos os Estados do Brasil

Medicina Veterinária, Engenharia Civil e Ciências Biológicas são os cursos mais procurados

Ingressar em uma universidade pública de qualidade é o sonho da maioria dos brasileiros. E com o Sistema de Seleção Unificada (Sisu/MEC), instituições de ensino superior como a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) oferecem vagas para candidatos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) atraindo estudantes de todos os estados do Brasil. Os cursos de Medicina Veterinária, Engenharia Civil e Ciências Biológicas são os mais procurados.

Quem se propõe a estudar longe de casa precisa ter coragem e determinação. Mudanças, adaptações e novos relacionamentos fazem parte do cotidiano de quem decide estudar longe de casa.

É o caso da aluna do 4° período de Medicina Veterinária, a mineira Laura Camargos Lima, de 19 anos, que encontrou no Coral da UENF uma nova família, o que acabou sendo primordial na sua adaptação. Além de ser bolsista de extensão do Coral, ela também conta com a ajuda financeira dos auxílios permanência e moradia.

Laura Camargos Lima (à esquerda) em uma apresentação do coral

— Na minha juventude eu cantava no coral da igreja e quando cheguei aqui na UENF uma colega de curso que já era do coral me incentivou a entrar. E aqui estou há 1 ano e 2 meses. Eu sempre fui desse meio artístico, já fiz aula de dança, comecei teatro uma vez. Gosto demais de qualquer tipo de arte no geral. No coral encontrei pessoas com interesses em comum e que com certeza levo pra minha vida. Esse aconchego é muito importante para quem vive longe da família — declara.

Ela trocou o pequeno município de Maravilhas, em Minas Gerais, com 7 mil habitantes, por Campos dos Goytacazes, cidade com mais de meio milhão de pessoas.

— Além de me adaptar com a rotina da faculdade eu levei um pouco de susto com o tamanho da cidade e como as coisas são diferentes aqui. Quanto ao curso de Medicina Veterinária, eu escolhi porque amo os animais e acho uma profissão genuína. Animais são como uma família, suporte emocional e companheiros de vida! Então poder fazer a diferença na vida desses animais e das famílias me deixa em paz e realizada — salienta.

Acre – A estudante de Medicina Veterinária Idaianes França Lima, 34 anos, natural de Cruzeiro do Sul, no Acre, enfrenta os desafios de viver a 4.793,38 quilômetros de distância da família. Desde os nove anos de idade, Idaianes sonha em ser Médica Veterinária. Ela começou o curso em uma faculdade particular de Manaus (AM), mas precisou interromper por falta de condições financeiras.

Idaianes França Lima

— Eu não desisti do meu sonho. Sabia que para realizá-lo precisava entrar em uma universidade pública.  Cheguei à UENF em 2020 e até hoje só visitei minha família uma vez. A pior dificuldade foi me sentir sozinha. Assim que entrei na UENF, em 2020, teve início a pandemia. O retorno presencial, em 2022, foi muito ruim. Os colegas já tinham seus grupos e afinidades e eu não conseguia me encaixar. Em alguns momentos, batia uma vontade de desistir, uma tristeza — lembra.

Para o futuro, a estudante planeja fazer uma especialização em cirurgia de pequenos animais e retornar à cidade de origem para oferecer um atendimento melhor aos animais. Ela incentiva estudantes que querem realizar sonhos longe de casa.

— Se for algo que você realmente quer, é um sonho de criança, aquele curso que faz teu coração bater mais rápido quando fala dele: vai. Vai com medo, mas vai. Algo que vale a pena é correr atrás dos nossos sonhos.  As dificuldades vão aparecer e até te deixar triste algumas vezes, mas elas servem para nos fortalecer ainda mais. Aos poucos vamos nos adaptando e nos acostumando a controlar a saudade de casa, e quando você menos esperar os amigos vão surgindo e tornando os dias mais leves. Então, não deixe ninguém diminuir o seu sonho, no fim tudo valerá a pena — aconselha a estudante.

Abner Bosco Medeiros de Sousa

Pará – O jovem Abner Bosco Medeiros de Sousa, de 20 anos, cursa o 4° período de Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo na UENF. Nascido em Belém do Pará, a aproximadamente 3,212 quilômetros de distância de Campos dos Goytacazes, ele também sente muita falta da família.

Apesar de ainda não ter planos para o futuro, ele não descarta a possiblidade de fazer mestrado e doutorado. Na UENF, ele já teve bolsa de apoio acadêmico, o que o ajudou no pagamento de contas mensais e também auxiliou na compra de passagens para visitar a família.

— Minha adaptação não foi tão fácil. Por ser uma pessoa ligada à família, inicialmente senti bastante essa distância, porém com a presença de amigos que a universidade me proporcionou, aos poucos a adaptação foi se tornando cada vez mais suave. A dica que dou para quem vem de longe assim como eu é focar no seu objetivo e dar tempo ao tempo. A adaptação nunca será fácil, mas pessoas boas aparecerão no seu caminho. Tento sempre ao máximo visitar a minha família, principalmente final de ano para festividades — conta.

Rondônia – Aluno do segundo período de Ciências Biológicas, João Neto Castellani da Silva, 17 anos, é natural do município de Vilhena, Rondônia, a 2.950 quilômetros de Campos dos Goytacazes. Após pesquisar sobre diversas universidades, ele optou pela UENF, considerando uma instituição respeitada no mercado de trabalho e com corpo docente qualificado.

João Neto Castellani da Silva

Aos estudantes que pretendem ficar longe da família, João diz que o segredo é ter pessoas com as quais possam contar na nova cidade, mas nunca cortar os laços com os amigos e familiares da cidade de origem. Um dos desafios enfrentados por ele é a dificuldade financeira. Ele está no segundo período e não tem bolsas de estudo.

— Meus pais pagam minhas despesas aqui, só que tenho que abrir mão de alguns “luxos” que na minha cidade eu poderia ter a qualquer hora. No início foi mais difícil e eu pensava muito em desistir, mas os veteranos e calouros foram bem receptivos, o que ajudou bastante na minha adaptação. Agora pretendo seguir estudando e fazer meu mestrado e doutorado na UENF ou em outra instituição — declara.

Rondônia – Natural de Porto Velho, Yan Lucas Albuquerque Lopes, 20 anos, está a 3.700 quilômetros de distância de casa. Aluno de Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo, ele é determinado e pensa em fazer pós-graduação no exterior. A geologia e a física sempre foram atrativas para Yan. Ele pretende seguir os estudos na área de petrofísica, setor que realiza pesquisas que envolvem o conhecimento das propriedades físicas das rochas, com ensaios laboratoriais, trabalhos de campo e simulações computacionais.

— Meu período de adaptação foi bem difícil, pois em pouco tempo eu mudei todo o meu ambiente e me vi sozinho pra lidar com um curso que por mais que eu goste é bastante complexo. Quem vai sair da cidade natal é preciso ter ciência que vai sentir saudade e falta do seu lar, mas ter em mente que isso é para o seu bem e foi uma escolha sua de seguir o seu próprio sonho — finaliza.

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