O microscópio dos sonhos

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A menina que queria ser pesquisadora

Marcela tinha o sonho de ter um microscópio. Aos sete anos de idade, a menina pediu aos pais um microscópio de presente. Quando criança, ela demonstrava interesse na natureza, era curiosa e gostava de brincar, de explorar os ambientes, de macerar flores e folhas e observar os seus diferentes pigmentos. Ela queria ver como eram as coisas bem pequenas, como um ácaro. Marcela acabou não ganhando o microscópio porque não era acessível na época.

 – Eu também gostava de brincar de escolinha, de dar aulas. Durante o Ensino Médio foi crescendo a vontade de ser bióloga, pesquisadora. Eu concluí o Ensino Médio, comecei a trabalhar na minha cidade mesmo, Miracema, como secretária de auto-escola e tive a oportunidade de fazer um curso pré-vestibular. Prestei o vestibular e fui aprovada para o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas no CEDERJ/UENF de Itaperuna (RJ) – conta Marcela.

Jornada na UENF

 Ali iniciava a jornada da estudante no CEDERJ/UENF de Itaperuna-RJ.

 – Durante a semana, mesmo trabalhando, eu ía para o polo para frequentar as tutorias e, aos sábados, para as aulas práticas e também para os fins de semana de provas. Eu pegava um ônibus às 5 horas da manhã de sábado de Miracema para Itaperuna. Ao longo da graduação, eu enfrentei algumas dificuldades, senti vontade de desistir, mas eu tinha o propósito de me formar, tive apoio dos meus pais, amigos e tutores do CEDERJ/UENF – lembra a estudante.

 Marcela diz que não tinha muitas perspectivas de seguir carreira acadêmica.

 – Foi durante a graduação que tive a oportunidade de ir ao meu primeiro congresso na UENF. Durante a graduação, também, eu conheci os meus tutores e tutoras, que já estavam na caminhada do mestrado, do doutorado e do ensino, isso foi despertando em mim a vontade de seguir para o mestrado, doutorado, de ser professora e pesquisadora. Eu via neles um exemplo a ser seguido, os admirava – afirma Marcela.

Carreira acadêmica

A estudante fez seu estágio no Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT) do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB).

 – Publiquei resumos em congressos, fiz minha primeira apresentação de banner no Congresso Nacional de Botânica no Rio e defendi meu TCC. Agradeço muito à minha mãe Tânia, ao meu pai Jonas, à minha avó Regina, aos meus sobrinhos Hugo e Victor, os quais quero ser um exemplo para eles, à minha irmã Amanda, à minha madrinha Raquel, à professora Maura da Cunha, à minha amiga Paula Machado, à minha orientadora Glaziele e à minha saudosa amiga Isabel Pacheco, a Bebel, com quem eu ia e voltava de Miracema (RJ) para Campos (dos Goytacazes-RJ) e que faleceu em um acidente de carro em um dia que eu não fui com ela – recorda Marcela.

Mestrado e Doutorado

Em 2021 Marcela foi aprovada na seleção para o mestrado em Biotecnologia Vegetal na UENF, sob orientação da professora Dra. Maura Da Cunha e coorientação do Dr. Saulo Pireda.

– Durante o mestrado recebi dois prêmios, de melhor trabalho na categoria oral no V Simpósio em Biotecnologia Vegetal 2022 e no CONPG de 2023, com a pesquisa na área “Bioprospecção de compostos bioativos e caracterização da biodiversidade Vegetal”. Defendi a minha dissertação intitulada “Aspectos estruturais, Químicos e Potencial Anti-Aedes aegypti de Varronia curassavica (Boraginaceae). A Varronia é popularmente conhecida como Erva-baleeira – informa a estudante.

Em agosto de 2023 Marcela ingressou no doutorado no mesmo programa de pós-graduação em Biotecnologia Vegetal da UENF.

– Trabalho com outras espécies vegetais e com mais modelos de estudos, que são patogênicos a humanos: bactérias, fungos, Aedes, células cancerígenas. O objetivo principal é buscar por moléculas bioativas e a perspectiva é obter patente e um produto deste trabalho. Fui contemplada com bolsa CNPq com taxa de bancada. Eu não sei o que me espera no futuro, mas eu sei que estou no caminho e vou seguir – planeja a estudante, que atualmente trabalha com o microscópio que sonhou na infância.