UENF e a busca pela humanização: Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários completa três anos

 

Campus Leonel Brizola da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)/ Imagem: Cassiane Falcão

Uma universidade que busca um olhar cada vez mais humanizado. Com esse pensamento que, há cerca de três anos, foi criada a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários (ProAc). Ponto de acolhimento à comunidade acadêmica, esta Pró-Reitoria fez aniversário no último dia 29 de abril e tem muitos motivos para comemorar a conquista.

Dentre as quatro Pró-Reitorias que compõem a universidade, a ProAc se volta cada vez mais para o acolhimento de estudantes e funcionários, além do fortalecimento de saberes para qualificação do atendimento à inclusão, por exemplo, de Pessoas com Deficiência (PCDs) e neurodivergentes — oferecendo aos alunos e também servidores condições de estudo e trabalho ainda mais integrativos.

 

Os direcionamentos do setor acontecem por meio da equipe multiprofissional e, algumas vezes, em parcerias tanto com a rede pública de serviços do município de Campos como com outras universidades da região. A ProAC encaminha estudantes em situação de vulnerabilidade social aos auxílios disponíveis. Além disso, aos funcionários e comunidade acadêmica da UENF, são ofertados seminários, formação continuada, oficinas, atividades esportivas, danças e outras — sempre com o objetivo de atender às necessidades apresentadas por cada indivíduo.

 

— Aos alunos, a ProAc faz desde o acolhimento estudantil aos calouros à oferta das bolsas e auxílios direcionados aos discentes em situação de vulnerabilidade social. Atualmente, são mais de dois mil (2.000) auxílios permanência para alunos que entram por cotas, além das bolsas de apoio acadêmico, que são voltadas aos alunos que entram por ampla concorrência mas que, ainda assim, estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica (cerca de 160 alunos) — afirmou o professor Milton Kanashiro, atualmente pró-reitor de Assuntos Comunitários da UENF.

 

Além destes, a ProAc também oferta os auxílios Moradia, Creche e Mobilidade (com empréstimo de bicicletas) aos alunos em situação de vulnerabilidade. Os alunos ingressantes na UENF por vagas de ação afirmativa – cotas ainda têm direito a uma refeição gratuita no restaurante universitário diariamente, pagando R$3,00 na segunda refeição.

Professor Milton Kanashiro, pró-reitor de Assuntos Comunitários da UENF/ Imagem: Cassiane Falcão

Programa de Apoio Psicológico e Pedagógico da ProAc

O Programa de Apoio Psicológico e Pedagógico (PAPP) recebe uma atenção toda especial por um corpo de profissionais que envolve psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, mediadores, que acompanham os estudantes em atividades, aulas e/ou avaliações, quando necessário.

 

— Em geral, a maioria das demandas chega por meio de solicitação via formulário no sistema acadêmico da universidade. O setor também oferece um serviço de plantão, voltado para situações emergenciais e orientação imediata, com profissionais de psicologia e pedagogia — explica Milton.

 

O acolhimento também pode ser feito por meio de encaminhamento das coordenações dos cursos, Pró-Reitorias ou qualquer outro setor da universidade que identifique que o aluno apresenta necessidade de um apoio psicológico e pedagógico. Da mesma forma, a ProAC oferece seus serviços aos servidores da UENF.

Pró-Reitor de Assuntos Comunitários, Milton Kanashiro fala sobre atuação dos profissionais dentro do Programa de Apoio Psicológico e Pedagógico (PAPP)/ Imagem: Cassiane Falcão

Somente em 2025, 96 alunos se inscreveram através de formulário disponível no Sistema Acadêmico da UENF ou receberam os acolhimentos realizados nos plantões do setor de apoio da ProAc. O setor está acompanhando no momento 38 estudantes de graduação e pós-graduação que apresentam necessidades específicas na jornada acadêmica. Dentre os alunos atendidos, 23 contam com mediadores, sendo cinco com atenção exclusiva.

 

— Este programa faz o acolhimento dos alunos em situação de vulnerabilidade emocional, de forma geral. Se é uma questão pedagógica, ele também recebe orientação pedagógica ou acompanhamento. Ou se precisar, uma mediação. Alguns alunos apresentam a necessidade de um maior acompanhamento, seja relacionado à deficiência visual ou Transtornos do Espectro Autista (TEA) com comorbidades. Nestes casos, o mediador acompanha os alunos que precisam, nas necessidades que venham a apresentar na sala de aula. O conteúdo é de responsabilidade do professor. O que a mediação faz é dar o suporte pedagógico para o aluno e para o professor se ele precisar — relata Milton.

 

Complementando o trabalho que vem sendo feito junto aos alunos, a ProAC também está ofertando a capacitação para professores da UENF sobre ‘Adaptações pedagógicas em sala de aula para alunos neurodivergentes, especialmente os estudantes com TEA e TDAH’.

 

A reitora da UENF, Rosana Rodrigues, reforça que a criação da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários na gestão do reitor Raul Palacio foi um marco importante, um passo necessário para fortalecer o cuidado e a atenção às diversas dimensões da vida acadêmica que vão além do ensino, da pesquisa e da extensão.

Segundo ela, a Pró-Reitoria surgiu do reconhecimento de que uma universidade inclusiva, acolhedora e comprometida com o bem-estar da sua comunidade precisa ter um espaço institucional dedicado a essas questões.

 

— Hoje, em nossa gestão, damos continuidade a esse compromisso, ampliando e consolidando as ações da ProAC. Estamos trabalhando para que ela seja cada vez mais presente na vida de estudantes, e que possa também expandir suas ações para servidores e terceirizados, promovendo políticas de assistência estudantil, saúde mental, cultura, diversidade e inclusão com responsabilidade, diálogo e sensibilidade. A ProAC é, e continuará sendo, um elo fundamental entre a universidade e as pessoas que a constroem todos os dias — defende.

 

Trabalho contínuo com bons frutos

Isaac com sua mãe Bec, que acompanha todo o aprendizado do filho junto à equipe da ProAc

Roberta Bec Flor é professora, arteterapeuta, psicopedagoga, também atriz/artista e mãe de um aluno da UENF com TEA e que apresenta dislexia. O aluno é o Isaac Guimarães — estudante de Licenciatura em Biologia.

Bec conta que, desde o início de sua trajetória acadêmica, Isaac vem sendo assistido pela Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários, o que tem sido fundamental para garantir a permanência de seu filho, com qualidade, na universidade.

— Graças a essa Pró-Reitoria, contamos com o acompanhamento da mediadora Tatiana, que realiza um trabalho excelente, com competência, sensibilidade e eficiência. Em parceria com a ProAc e nossa família, foi possível construir o plano de ensino adaptado do Isaac, respeitando suas especificidades e assegurando as condições necessárias para seu pleno rendimento acadêmico, o que vem acontecendo. Inclusive ele demonstra destaque em algumas disciplinas — conta.

 

A mãe de Isaac destaca, ainda, que esse acompanhamento, além de imprescindível, é cumprimento da legislação vigente e um exemplo concreto de como a universidade pode ser um espaço verdadeiramente inclusivo.

Isaac em aula num laboratório do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB)

— Acredito profundamente na parceria entre instituição, estudante e família para que a educação de excelência aconteça, fundamentada no compromisso com a inclusão — reflete Roberta.

 

ProAc faz história

 

A ProAC foi criada na reunião de 29/04/2022 do Conselho Universitário da UENF (CONSUNI), momento que marca a data seu aniversário. Até então, algumas atividades que hoje acontecem na ProAC funcionavam no âmbito da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) — anteriormente denominada Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários. O desmembramento dessa Pró-Reitoria é considerado um grande avanço na UENF.

 

— A ideia de criar a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários surgiu em um momento muito desafiador, que foi durante a pandemia da COVID-19. Naquele período, ficou muito claro o quanto a saúde mental da comunidade universitária estava sendo impactada. Além disso, percebemos também um agravamento das desigualdades, principalmente relacionadas à questão de gênero. Então, surgiu essa necessidade urgente de pensar em políticas mais inclusivas e de apoio — explica a professora Clicia Grativol, primeira pró-reitora de Assuntos Comunitários da UENF.

 

Clícia diz que a proposta foi levada ao CONSUNI justamente com este objetivo: abrir espaço para que a comunidade universitária tivesse mais voz no desenvolvimento institucional da UENF e para que “pudéssemos criar ações mais acolhedoras e eficazes”.

 

— Desde o início, a missão da ProAC foi muito clara: cuidar da qualidade de vida e garantir que todos pudessem permanecer e se sentir incluídos na universidade. A ideia era estruturar ações estratégicas que realmente fizessem diferença no dia a dia da comunidade acadêmica. Então começamos a pensar em iniciativas que envolvessem desde o apoio a estudantes com deficiência ou transtornos de aprendizagem, até programas voltados à saúde, ao esporte e ao lazer. Tudo isso pensando em atender de forma ampla a todos os públicos da UENF — conta.

 

Para Clícia, a ProAC é hoje um setor fundamental para o presente e, principalmente, para o futuro da universidade. Isto porque, na sua opinião, a Pró-Reitoria atua de forma muito direta nas questões que realmente impactam a vida das pessoas — e isso é essencial para que a universidade seja um espaço mais justo, inclusivo e saudável.

— A ProAC ajuda a construir um ambiente onde todos têm a chance de permanecer, crescer e se desenvolver com apoio e respeito. E isso, sem dúvida, é uma base muito sólida para que a UENF continue evoluindo como uma instituição comprometida com a formação humana, além da formação acadêmica.

 

O professor Raul Palacio, reitor à época da criação da ProAc, completa o argumento sinalizando a demanda cada vez mais crescente por este atendimento humanizado.

 

— Por tal motivo entendo como natural a criação de uma Pró-Reitoria para cuidar da gente: alunos, estudantes, professores, funcionários terceirizados e a comunidade externa. Tal era a demanda reprimida que a proposta foi aprovada por unanimidade no Conselho Universitário, após uma fundamentação coletiva da necessidade da Pró-Reitoria. A título de exemplo, entre as ações pioneiras da ProAc tivemos a elaboração da legislação interna e implementação das bancas de heteroidentificação, das bolsas moradia e o atendimento psicológico — conta Raul.

A coordenadora do NEABI/UENF, Clareth Reis; a 1º pró-reitora de Assuntos Comunitários, Clícia Grativol; e o então reitor da UENF, Raul Palacio, durante a 1ª Banca de Heteroidentificação de candidatos cotistas da UENF, em março de 2023

 

Sobre o Projeto Abrace – A Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários também desenvolve o Projeto Abrace, que acolhe denúncias sobre qualquer tipo de assédio, discriminação, capacitismo, que alunos ou funcionários venham a relatar. O e-mail de contato é o abrace@uenf.br e o sigilo da vítima é inteiramente respeitado.

 

— Este é o e-mail de denúncia que acolhemos aqui. Se a vítima precisar de apoio, pode acessar psicólogos. Neste processo nós também ouvimos as partes e fazemos o encaminhamento para as instâncias administrativas competentes. Lembrando que respeitamos inteiramente o desejo de quem está fazendo o relato — observa o pró-reitor de Assuntos Comunitários, Milton Kanashiro.

(Repórter: Thábata Ferreira – ASCOM/UENF)

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