Criada há 7 anos com o intuito de democratizar a produção científica da universidade, a revista “Conhecendo a Ciência” atua aproximando sociedade e ciência através de uma linguagem simples, direta e informativa. Nesta edição, o periódico mantém seu foco em um novo objetivo: a internacionalização da UENF.
Em parceria com a Assessoria de Assuntos Internacionais e Interinstitucionais, o oitavo volume recebeu uma versão em inglês, produzida pelos bolsistas de Iniciação Científica e Tecnológica (PIBi-UENF) ganhadores do XII Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica, que foram premiados com um Workshop de Escrita Científica na Língua Inglesa.
Para abordar esse novo momento da revista, a ASCOM/UENF fez uma entrevista com Humberto Fernandes, estagiário voluntário em Docência (ASSAII-UENF) e Doutorando em Sociologia (IESP-UERJ), e Ângela Pierre Vitória, Assessora de Assuntos Internacionais e Interinstitucionais da UENF.
ASCOM – Qual é o objetivo deste volume da revista “Conhecendo a Ciência”?
HUMBERTO – O maior objetivo é dizer aos graduandos e à comunidade universitária que comunicar pesquisa em inglês não está distante da nossa realidade. Ainda que não fosse a língua inglesa, há uma enorme deficiência na graduação brasileira em promover a escrita científica através do exercício de revisão e sistematização de literatura, para publicar estas revisões essenciais e prévias a qualquer pesquisa científica. Toda pesquisa se inicia com um estudo sobre o que já se estudou sobre o tema, os métodos que foram abordados, as perspectivas teóricas discutidas. Aí é onde você encontra a lacuna do conhecimento, a oportunidade que vai justificar a sua pesquisa. Mas o que você faz com esse estudo de revisão? Você o publica? Eu penso que todo esforço intelectual deve ser sistematizado para ser comunicado. O fato de fazê-lo em língua inglesa é derrubar não só uma porta, mas toda uma parede. Se a intersubjetividade é essencial à ciência, uma vez que todos temos que nos entender através de artigos, relatórios, livros e apresentações, então publicações em idiomas mais falados e mais conhecidos terão maior probabilidade de fluxo, de acesso e de retorno. A ideia não é ensinar o inglês, mas ensinar em inglês a escrever cientificamente. Outro objetivo deste número da “Conhecendo a Ciência Edição Especial” é impulsionar a internacionalização da Universidade desde a graduação, desenvolvendo o pensamento global e aumentar as oportunidades para a universidade e o nosso corpo discente. O último e mais importante objetivo é mostrar que nossos alunos são capazes, têm enorme potencial e que a nossa graduação é forte e tem muita genialidade. Temos nessa edição especial artigos fantásticos. São alunos que se graduam com uma publicação em inglês no Lattes. Nem todas as pessoas têm que ser cientistas e acadêmicas, mas às que queiram: sejam as melhores que vocês possam ser.
ASCOM – Como surgiu a ideia de uma parceria entre a equipe da ASSAII e a da revista “Conhecendo a Ciência”?
HUMBERTO – Dentro do atual Plano de Internacionalização, a ASSAII implementou o Workshop em Escrita Científica em Língua Inglesa. A intenção era ensinar em inglês metodologias de escrita acadêmica e, mais especificamente, a construir um manuscrito de revisão. Ao longo da primeira edição do Workshop, no segundo semestre de 2020, percebe-se a capacidade de desenvolvimento lógico em muitos destes alunos através da escrita. Primeiro pensei na possibilidade de remeter estes trabalhos a outras revistas de comunicação científica em nível de graduação. Mas, poxa vida, não estamos entre as 15 melhores universidades do país? Não somos um centro regional e referência estadual e nacional em diversos aspectos? Por que não podemos nós mesmos publicar uma revista exclusivamente em inglês? Praticamente todas as grandes universidades possuem periódicos e revistas em língua inglesa, seja na China, na França, no Japão ou na Argentina. Países que não falam inglês possuem uma ciência em inglês, e disso não podemos (nem devemos) correr. Deste modo, a ASSAII, junto da Pró-Reitoria de Pós-Graduação (ProPPG-UENF) e do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica (PIBi-UENF) pensaram uma edição especial da já estabelecida revista “Conhecendo a Ciência” com os trabalhos magníficos de nossos alunos, que resultaram desse Workshop, além da valiosa diagramação do Miguel de Araújo Lopes.
ASCOM – Em contexto nacional e internacional, qual é a importância do lançamento de uma edição em inglês?
HUMBERTO – É importante demonstrar à sociedade que temos cientistas na graduação com pensamento global. É importante mostrar ao Estado do Rio de Janeiro que Campos dos Goytacazes oferece recursos humanos acadêmicos em diversas áreas dentro de nossa universidade. São bolsistas de iniciação científica que terão mais oportunidades ao terminar a graduação. São futuros professores, laboratoristas, pesquisadores sociais, historiadores, acadêmicos de todas as áreas que agora podem mostrar ao mundo seu próprio trabalho em um idioma que o mundo entende. Os alunos podem e devem trocar experiências a nível internacional, integrar grupos de pesquisa com pesquisadores internacionais, entre outras atividades. Alunos capacitados em língua inglesa têm maiores chances de bolsas internacionais, de participar em eventos e seminários. Se a UENF é do interior do Rio de Janeiro e a ciência é global, então a ASSAII é a ponte por onde brilhantes cientistas passarão.
ASCOM – Como está sendo o processo de internacionalização da UENF?
ÂNGELA – Estamos colocando em prática algumas ações propostas no Plano de Internacionalização da UENF que foi aprovado em 2021. Ele prevê a ampliação da capacitação em língua inglesa da comunidade acadêmica, e nada melhor do que investirmos inicialmente nos nossos estudantes de iniciação científica. Outras ações estão ocorrendo em paralelo a essa, como o suporte da ASSAII aos professores interessados em oficializar colaborações internacionais a partir de modelos de instrumentos jurídicos bilíngues (português-inglês e português-espanhol) disponíveis em nosso site. É importante que a UENF
esteja preparada para as oportunidades internacionais como bolsas e recursos estrangeiros para projetos, para isso temos que capacitar nossos alunos e apoiar nossos professores.