Ação foi proposta pela Comissão Permanente de Equidade, Diversidade e Inclusão da Faperj, com o objetivo de reduzir desigualdades
A partir de agora, o SisFaperj — plataforma eletrônica responsável pelo cadastramento de todos os pesquisadores que recebem ou solicitam recursos financeiros da Faperj — passará a incluir informações sobre raça, gênero e deficiência. A mudança é mais uma conquista da Comissão Permanente de Equidade, Diversidade e Inclusão da Faperj, criada em fevereiro com o objetivo de propor ações e políticas para minimizar as desigualdades no âmbito das instituições científicas.
— Com esses dados, teremos condições de avaliar, nas mais diferentes áreas do conhecimento, como está o acesso de grupos subrepresentados aos recursos da Faperj. Assim será possível induzir políticas que possam atender às questões de equidade, diversidade e inclusão, democratizando o acesso aos recursos de financiamento às pesquisas — explica a vice-reitora da UENF, Rosana Rodrigues, que integra a Comissão Permanente de Equidade, Diversidade e Inclusão da Faperj como representante da área de Ciências Agrárias.
Segundo Rosana, a Comissão agora está trabalhando para viabilizar novos editais que possam apoiar pesquisadoras, pessoas com deficiência, negros, indígenas e quilombolas, por exemplo. Já está em conversação com o Instituto Serrapilheira a proposta de um Edital conjunto voltado para grupos subrepresentados.
— Pretendemos também, com o apoio da presidência da Faperj, trabalhar na reedição do Edital Meninas e Mulheres na Ciência. Nesse caso específico, o depoimento feito pela professora Maria Priscila Castro, do LCFIS/UENF, após a palestra da professora Letícia Oliveira, presidente da Comissão Permanente de Equidade, Diversidade e Inclusão da Faperj, durante o encerramento do XV Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT) e VIII Congresso Fluminense de Pós-Graduação (CONPG), foi fator determinante — disse.
Rosana ressaltou a importância de políticas públicas que possam diminuir as desigualdades de gênero dentro do ambiente científico. Este foi o objetivo do Edital Jovens Pesquisadoras Mulheres, lançado em março — primeira ação oriunda do trabalho da Comissão. Pesquisas mostram que existe dentro da ciência o fenômeno conhecido como “efeito tesoura”, segundo o qual o percentual de mulheres em posições de destaque e na captação de recursos vai diminuindo de maneira desproporcional com o avanço da carreira em relação aos homens.
Rosana observa que a questão da desigualdade no ambiente acadêmico é histórica e estrutural. Ela observa que as primeiras universidades eram ambientes eminentemente masculinos e elitistas.
— Os tempos mudaram, e hoje as mulheres estão ocupando os mesmos espaços que os homens. Em algumas áreas, os números mostram equilíbrio no ingresso de homens e mulheres nos cursos de graduação. No entanto, quando se analisa ingresso na pós graduação e o avanço na carreira científica, o número de mulheres diminui de forma significativa. Isto se reflete no número de projetos aprovados e até na concessão de bolsas de produtividade em pesquisa — afirma Rosana.
Ela cita, como exemplo, a área de Ciências Agrárias, onde 75% dos bolsistas de produtividade em pesquisa são homens. Além disso, há uma baixa representatividade das mulheres em posições de destaque e liderança. Uma das explicações para esse “fenômeno” é o período associado à maternidade, que traz muitos reflexos na produção científica das pesquisadoras.
— É preciso estarmos alertas para questões de viés implícito relacionados ao gênero. Por isso, precisamos dar incentivo à permanência das mulheres na ciência — ressalta.
Todos os usuários da Plataforma SisFaperj deverão atualizar seus dados cadastrais.
