Numa época em que a maioria das mulheres sequer cogitava fazer um curso superior e que a instalação de uma universidade em Campos dos Goytacazes ainda era um sonho distante, uma senhora da alta sociedade campista — Maria Queiroz de Oliveira, a “Finazinha” — dava início, sem saber, à história da Casa de Cultura Villa Maria, ao doar em testamento a sua própria casa para a “primeira universidade que viesse a se instalar na cidade de Campos dos Goytacazes”.
Finazinha faleceu em 18 de dezembro de 1970, sem imaginar que, 23 anos depois, o palacete em que vivera viria a abrigar a Casa de Cultura Villa Maria, braço cultural da recém-criada Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Nesta quarta-feira, 08 de dezembro de 2021, a Villa completa 28 anos de existência, e, para marcar a data, será realizado neste sábado, 11/12/21, o 1º Encontro da Música Goitacá, do Norte, Noroeste e Lagos”. (AQUI)
Com 811 m2 de área construída e um jardim de 5.714 m2, o palacete Villa Maria foi construído pelo marido de Finazinha, o industrial Atilano Crisóstomo de Oliveira para presentear a esposa. Até que a UENF fosse instalada, a casa ficou entregue ao Poder Público Municipal. De 1979 a 1992, o palacete abrigou a sede da Prefeitura Municipal de Campos, sendo incorporado oficialmente à UENF a partir de sua instalação, em 1993.
A inauguração da Casa de Cultura, em 1993 — quatro meses após a aula inaugural da UENF —, foi marcada por três dias de espetáculos culturais (8, 9 e 10/12) nos jardins da Villa e na Praça do Liceu. A festa começou com show do cantor e compositor Moreira da Silva (1902-2000). No segundo dia, a atração ficou por conta de apresentação de Artistas de Campos, seguida do espetáculo “Videotauro II – O Cavaleiro após Mídia” e show do Coral Canto em Canto. No último dia de atrações, houve apresentação do grupo Tá na Rua. (Vide foto).
Para o funcionário Gustavo Rangel, que atua na Fonoteca da Villa Maria desde a sua inauguração, a Casa fez história. “Foi o primeiro ponto de internet público de Campos. Muito antes do ‘Navegar é Preciso’, da Prefeitura, a Villa já oferecia cursos de informática e introdução à internet. Muita gente teve o primeiro acesso à internet na Villa Maria”, recorda. “Durante um tempo, Campos ficou sem cinema, e a Videoteca ocupou esse espaço, com várias mostras que lotavam o seu auditório. Isso sem falar nas atrações musicais, trazendo artistas de renome à cidade”.
Nesta aniversário, uma das novidades é o lançamento de um banco de dados público sobre o acervo da Villa. De qualquer parte, o público poderá pesquisar previamente o material que poderá encontrar na Casa. O acervo inclui livros, periódicos, fonogramas, hemeroteca musical, partituras, iconografia, objetos antigos e vídeos.
O banco de dados na internet é apenas uma das iniciativas que começam a ser implementadas para adequar a Villa Maria às novas demandas da sociedade. “A forma de consumir a cultura mudou, não é mais como nos anos 90, e a Villa precisa acompanhar esse processo. A programação deste sábado já é um reflexo disso. O evento terá um formato híbrido, pois vai acontecer presencialmente e também ao vivo pela internet”, diz Gustavo.
De acordo com Priscila Castro, assessora de cultura da UENF, dois projetos estão voltados à Villa Maria.
“Neste mês tivemos um foi aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), que será de suma importância para a organização e manutenção dos acervos bibliográficos. Além disso, desde 2019, a FAPERJ aprovou o proposta das obras para a modernização na subestação, que já foram iniciadas”.
Veja AQUI a programação completa do 1º Encontro da Música Goitacá, uma parceria entre a Villa e a Rádio Goytacá. O evento terá início às 15h e também poderá ser acompanhado através do Facebook da Rádio Goitacá e da Casa de Cultura.