O XIII Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT) e VI Congresso Fluminense de Pós-Graduação (CONPG) foi encerrado na tarde da última sexta-feira, 25/06/21, com a participação da professora e cientista Alice Ribeiro Casimiro Lopes (UERJ), falando sobre “A educação superior em tempos de discursos anticiência”. A mediação foi da professora e membro da organização do evento, Marilvia Dansa de Alencar (UENF).
A cientista iniciou a palestra falando sobre as mudanças impostas pela pandemia da Covid-19 no quotidiano da universidade.
“Apesar do fato de nós termos sido levados para a educação remota por meio de uma pandemia, que é uma tragédia na vida de todos nós, é importante a gente também pensar o que é que essa educação remota trouxe de produtivo para nossa vida. O fato de nós termos mais encontros virtuais, o fato de nó conseguirmos juntar numa aula alunos que estão em estados diferentes, o fato de que nós ampliamos as lives, os podcasts, os vídeos na internet e aprendemos também. Muitos de nós, que nunca trabalhamos com esses dispositivos, aprendemos durante a pandemia”, pontuou.
Alice destacou os constantes ataques às universidades e o processo de desmonte à Ciência e Tecnologia.
“Esses ataques, que muitos de vocês conhecem, às universidades vêm associados a cortes muito acentuados, como há muito tempo não víamos, nos investimentos de Ciência e Tecnologia. E há um certo ataque a instituições consagradas de fomento à Pesquisa, como é o caso do CNPq. Não é só um problema da diminuição da verba dessas agências, mas é também um certo discurso de desmerecimento de agências de fomento, que têm uma trajetória importantíssima”, ponderou.
A professora esclareceu sobre os desafios da universidade durante e também no pós-pandemia.
“O nosso trabalho na universidade, hoje, tem que enfrentar a pandemia, as questões da Covid, tem as dificuldades do home office e todos os desafios da educação remota. Mas o nosso maior desafio no pós-pandemia é nós nos abrirmos, cada vez mais, para esse debate de qual é o lugar da universidade e qual é o lugar da Ciência. É a gente pensar, sobretudo, não na Ciência como ligada à verdade. Mas sobre os efeitos que ela produz, aos resultados que essa Ciência alcança, quais são as finalidades sociais que nós estamos atendendo”, completou
Destacou o trabalho da valorização que a Educação, a universidade e a Ciência perderam nos últimos anos e da necessidade de empenho no processo de recuperação.
“Vai depender muito do nosso trabalho, nosso trabalho de defesa coletiva dessas instituições e de recuperar, também, o fomento necessário para elas. E atuar de maneira que a gente possa formar os nossos alunos para esse debate, para a crítica desse fundamentalismo, profundamente conservador e reacionário que está, cada vez mais, tentando criar a ideia e um mal a ser combatido no âmbito das universidades e, nos tornando inimigos, tentam nos afastar da população em geral. É aí que a gente precisa recuperar esse nosso papel, essa nossa possibilidade de combater a todas as ações negacionistas com debate democrático”, enfatizou.
A cientista falou sobre a importância de eventos como o XIII CONFICT e VI CONPG.
“O fundamentalismo não atinge só as questões da área de saúde, mas as diferentes as áreas do conhecimento hoje. Essa agenda não se encerra num momento específico, ela também pode estar começando agora. Num evento como este, que congrega professores, que congrega alunos, que realizaram a possibilidade de um debate sobre Ciência, apresentando seus trabalhos e se dispondo a uma apresentação pública e um questionamento de tudo aquilo que lhe fazem. Eu valorizo que ações como essa precisam se multiplicar”, finalizou.
Assista a palestra no canal UENF TV, no YouTube.
Após a palestra, aconteceu a premiação dos melhores trabalhos e o encerramento do congresso, na página do Cine Darcy, no Facebook.
O XIII CONFICT e VI CONPG começou no último dia 22 de junho. O evento é organizado pela UENF, IFF, UFF e contou com mais de 1.800 inscritos. Durante a programação, recebeu grandes nomes da Ciência, como Margareth Dalcomo, Suzana Kahn Ribeiro e Célia Kerstenetzky. Para assistir aos vídeos das palestras, acesse o canal UENF TV.