Curso aborda ‘como educar seu cão’

Zootecnista formado pela UENF e adestrador, Zeildo Ramos falou sobre o tema durante a 16ª Semana do Produtor Rural da UENF

O cão é popularmente conhecido como o melhor amigo do homem, porém muitas vezes essa amizade se abala por causa de atritos no convívio causados pela má comunicação entre o humano e o cachorro. Durante a 16ª Semana do Produtor Rural da UENF, o palestrante, adestrador e zootecnista formado pela UENF, Zeildo Ramos da Cunha Junior, ministrou o curso com o tema “Como educar seu cão”. 

Segundo o profissional, os cães possuem sentimentos próprios, porém são irracionais e precisam ser ensinados para se adaptarem à sociedade humana. Cabe aos humanos, como seres racionais, o dever de fornecer aos animais domesticados condições adequadas de vida, evitando assim problemas de comportamento. A ASCOM/UENF conversou com Zeildo. Confira a entrevista: 

ASCOM – O bem-estar animal engloba os aspectos físicos, mentais e comportamentais. Quais são as principais necessidades dos cães? 

Zeildo – Necessidades de desenvolvimento: compartilhar brincadeiras e trabalho de utilidade; necessidades psicológicas: confiança, relação sem dominância, amor, comunicação, integração social; e necessidades básicas: sentir-se seguro, estar confiante, comer, beber dormir e respirar.   

ASCOM – E quais são os indicadores comportamentais de bem-estar comprometido?  

Zeildo – Tentativas de fuga, agitação e ansiedade em momentos inadequados, brigas, marcação exagerada de território, medo/agressividade, reação a barulhos rotineiros como campainha, por exemplo, entre outros.  

ASCOM – Como deve ser a alimentação dos cães? 

Zeildo – Deve ser restrita, ou seja, com horário, rotina, tempo, local e comedouro. Isso regula a alimentação e previne a presença de animais indesejados como roedores, insetos e aves. 

ASCOM – Assim como os humanos, os cães têm fases de desenvolvimento. Como elas acontecem? 

Zeildo – Há a fase inicial, do nascimento aos 50 dias, sendo que dos 21 aos 50 ocorre o período de primeira socialização com os irmãos e período para estimular os sentidos. Do 50º ao 85º dia é o período de socialização, tanto com outros cães quanto com outros animais, humanos e estímulos maiores (como sons de rua, aspirador de pó, secador) e ao mundo; Da 8ª até a 11ª semana é a primeira fase do medo. Da 12ª à 16ª semana, o filhote começa a testar os membros da casa. Ocorrem disputas e brincadeiras violentas. Ao seu fim, o temperamento se estabiliza. Do 4º ao 8º mês, o filhote procura se mostrar independente, se afastando e ignorando o tutor quando chamado. Nessa fase há a necessidade de pulso firme. É o início da segunda fase do medo, que vai desde o 6º mês até o 14º. 

ASCOM – E como é a fase da adolescência nos cães? 

Zeildo – Dura do 1º ao 4º ano de vida. É quando o animal atinge a maturidade sexual. É a fase de rebeldia. Ele quer evitar ou vencer todas as disputas. Os sinais de agressividade devem fracassar. 

ASCOM – Quais as funções dos brinquedos? 

Zeildo – Primeiramente é bom lembrar que é preciso ensinar o cão a interagir com o brinquedo.  Deve ter acesso administrado para evitar perda de interesse. Entre os benefícios estão: distrair a mente do animal, prevenir a destruição de móveis, estimular o raciocínio e a inteligência do cão, reduzir o estresse, entre outros.  

ASCOM – E quais os brinquedos mais utilizados? 

Zeildo – Bolas, frisbees (disco de plástico que é arremessado e pode ser parado ainda no ar pelo cachorro) e boomerangs (jogos de arremesso). Há os mastigáveis (ossos de boi ou porco, de preferência defumados). E ainda os interativos (como as bolas que têm ração no interior e que funcionam como atrativo). 

ASCOM – E qual a importância das coleiras? 

Zeildo – Devem estar sempre no cachorro. Ajudam na contenção e na identificação, pois caso seu cãozinho fuja, quem encontrá-lo poderá entrar em contato.  

ASCOM – Como os petiscos devem ser administrados? 

Zeildo – São usados como recompensa para comportamentos desejados. Devem ser amados pelos cães, mas não podem desbalancear a dieta.  

ASCOM – De que forma o tutor pode disciplinar o cão? 

Zeildo – Os equipamentos disciplinadores reprimem o comportamento sem causar danos. Bater é inútil, além de ser legalmente considerado maus-tratos. Spray com água é um equipamento eficiente e seguro. Também podemos usar o reforço para estimular o comportamento desejado. Reforço positivo: adição de um estímulo que agrade o cão. Reforço negativo: retirada do estímulo que desagrade o cão.  

ASCOM – Como são feitos os treinamentos de obediência? 

Zeildo – Os comandos podem ser de voz, gestos e sons. São criados induzindo-se um comportamento, que é recompensado após ser executado e então associados a gestos e palavras. São geralmente realizados por adestradores, mas podem ser feitos pelos próprios tutores caso tenham paciência. 

ASCOM – E quando os cães fazem as necessidades em locais inadequados? Como agir? 

Zeildo – Siga o seguinte protocolo: retire a urina e as fezes do cão com um papel descartável. Utilize o removedor de odores e deixe agir por 10 minutos. Em seguida, aplique o pipi não. O pipi sim será utilizado nos locais em que o cão irá fazer suas necessidades. Esses produtos vendem em lojas especializadas para pet.  

ASCOM – Como devemos lidar com cães agressivos? 

Zeildo – Antes de tudo, garanta que nenhum membro da família agrida o cachorro. Respeite o espaço pessoal e o distanciamento do cachorro. Se ele não gosta da pessoa, não insista. Retire o cão do ambiente. E jamais recompense a agressividade.  

ASCOM – E qual a solução para cães que insistem em subir em cama ou sofás? 

Zeildo – Eles buscam por conforto e fazem porque foram ensinados quando filhotes. O ideal é aplicar a punição despersonalizada, ou seja, sem que o cão veja, aplique um estímulo que seja desagradável para o cão. Também é importante oferecer uma alternativa ao cachorro, como por exemplo uma caminha macia e confortável. 

ASCOM – Como funciona o enriquecimento ambiental? 

Zeildo – Sem dúvida é uma das melhores técnicas de minimizar os impactos psicológicos e físicos dos animais no confinamento, podendo reduzir o estresse e a ansiedade. O enriquecimento sensorial, por exemplo, estimula os sentidos. Você pode utilizar cheiros (perfume de bebê ou outros que possam ser agradáveis para o cão), sons e texturas em determinados locais do ambiente e que o cão não esteja acostumado.  

ASCOM – Qual o conselho você daria para aquelas pessoas que dormem com os cães? 

Zeildo – Muita gente tem esse hábito, que é indicado inclusive por profissionais da saúde mental para tratar casos de depressão humana. Portanto, esse comportamento cria uma relação de dependência para o cão. O animal pode desenvolver ansiedade de separação, caracterizada por uma série de comportamentos problemáticos ligados à ausência ou perda da atenção do tutor. Além disso, pode prejudicar o sono do seu cãozinho, o que afeta diretamente o comportamento do animal. Então, prepare uma cama confortável para seu cão. Ele pode dormir no seu quarto, mas nunca na cama.   

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