Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência comemorado hoje

Estudos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontam que as mulheres representam 33,3% da força de trabalho na pesquisa científica no mundo, mostrando que as dificuldades pelas quais passam as mulheres em todo o mundo não excluem o universo da ciência. Desde 2015, o 11 de fevereiro marca o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência — data instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas. A UENF, que em 2023 elegeu pela primeira vez uma reitora, a professora e pesquisadora Rosana Rodrigues, busca a equidade de gênero na Ciência em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos na Agenda 2030.

Em 2021, a Faperj lançou o “Programa Meninas e Mulheres nas Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Computação”, que visa apoiar a participação feminina em áreas onde tradicionalmente a presença masculina ocorre com mais frequência. A ideia é incentivar mulheres pesquisadoras que contribuem de forma relevante para o desenvolvimento científico e para a formação de recursos humanos em ciência e tecnologia, estimulando as alunas do ensino fundamental e médio a se tornarem futuras pesquisadoras nessas áreas.

Rosana Rodrigues, primeira mulher a se eleger reitora da UENF

Projetos da UENF incentivam participação feminina na ciência

Uma das contempladas foi a professora da UENF Maria Priscila Pessanha de Castro, do Laboratório de Ciências Físicas (LCFIS), com o projeto “Arduínas: Meninas no controle de práticas experimentais das Ciências Exatas e da Terra”. Em fevereiro do ano passado, ela foi homenageada em um evento na Academia Brasileira de Ciências (ABC) em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência. Ela informou que o projeto está sendo encerrado, mas um novo já está sendo desenvolvido.

— Neste momento uma das bolsistas jovens talentos do projeto Arduínas está atuando de forma voluntária no novo projeto “Arduínas: Uma Abordagem para o Desenvolvimento do Capital Científico e da Autonomia Feminina em Ciências Exatas”, com a participação de duas colaboradoras: a professora Rafaella Cruz Ferreira e a pós-doc Adriana Cardinot — destacou Maria Priscila.

Maria Priscila Pessanha de Castro

A professora da UENF explicou que este novo projeto está sendo desenvolvido com o objetivo de promover a inclusão de meninas em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.

— Esta é uma prioridade global, mas a participação feminina na ciência, especialmente na física, permanece baixa. Essa desigualdade está ligada à escassez de oportunidades para desenvolver o capital científico, que influencia a identificação com a ciência. Este projeto tem por objetivo buscar mudar esse cenário, analisando como iniciativas como o “Arduinas”, que utiliza a plataforma Arduino, podem promover o capital científico e a autonomia feminina. Com metodologia mista, o projeto visa ampliar a confiança e o interesse das participantes em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Ao contrário do projeto anterior, onde as atividades foram realizadas na maior parte do tempo nas escolas, neste novo projeto vamos trazer as estudantes do ensino médio para dentro da UENF. Esta foi uma demanda das bolsistas jovens talentos, que querem vivenciar o ambiente universitário — afirmou Maria Priscila.

A professora Georgiana Feitosa da Cruz, que atua no Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo da UENF (LENEP), teve renovada sua bolsa de produtividade CNPq e aprovada a sua Bolsa de Cientista do Estado, da Faperj.

— Tivemos dois projetos Meninas e Mulheres nas Ciências aprovados: um pela Faperj e o outro pelo CNPq, um projeto grande, regional, que envolve a participação de pesquisadoras de diferentes universidades: UENF, UFRJ, UFES e UERJ. Estamos também com um projeto novo, em parceria com a UFABC, na área mais aplicada, com tratamento de água produzida, remediação e desenvolvimento de materiais — informou Georgiana.

Georgiana Feitosa da Cruz

Discriminação: história que se repete também dentro da ciência

Em suas trajetórias pessoais, as mulheres cientistas não estão imunes às mesmas dificuldades que acometem o sexo feminino nas demais áreas de trabalho. Há 25 anos na UENF, a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UENF, professora Maria Cristina Canela, afirma que a discriminação também existe dentro da Academia.

— Nunca senti muito isso dentro da UENF, mas vejo muito isso lá fora. Principalmente no que se refere à ocupação de cargos de maior destaque — afirma.

Sua trajetória até chegar à UENF não foi fácil, mas ela não sente que o fato de ser mulher, no seu caso, foi determinante.

— Talvez eu não tenha percebido ou dado conta, mas esta é uma coisa que eu não senti na minha carreira. Evidentemente que a responsabilidade de única filha mulher, em uma família de cinco filhos, sempre pesa, mas meus pais nunca deixaram que isso atrapalhasse minha carreira. Talvez por não ter tido filhos e por ter sido sempre apoiada por meu companheiro e família, não tive que abrir mão de nada como mulher para a carreira científica — afirma.

Maria Cristina Canela

Cristina conta que se formou na Universidade de Campinas (Unicamp) e vir para a UENF foi uma decisão difícil pelo fato de estar muito longe da família. Ela considera, no entanto, que os desafios enfrentados só a fizeram crescer como profissional e pessoa.

— Trabalhei duro, sempre lutei bastante para construir um grupo de pesquisa e vesti a camisa da UENF. Sempre fiz com muito amor e, portanto, a recompensa sempre chega. Hoje, estou em outro desafio muito grande, e seguirei buscando superá-lo. Aconselho a todas as meninas que sonham entrar na carreira científica que sigam seu sonho, pois não ha nada que uma pessoa não possa fazer quando gosta do que faz. As mulheres são fortes e possuem uma capacidade de se adaptar e fazer com muita dedicação o que se propõem — diz.


  Ocupação dos espaços por mulheres é sonho para o futuro


Bem atuante na universidade, Pillar Barbosa está no 7° período do curso de Zootecnia na UENF. Ela é presidente do Centro Acadêmico de Zootecnia e voluntária no projeto de conservação de animais silvestres da universidade.


Pillar diz que ver cada vez mais mulheres na ciência e na Zootecnia é inspirador, porque mostra que ‘Elas’ têm espaço nesse campo.


— Cada conquista abre mais portas para outras, fortalecendo a área com conhecimento e inovação. O futuro depende da nossa ocupação de espaços- defende.

(ASCOM / UENF)

 

NOTÍCIAS

EDITAIS