IV Fórum da Pós-Graduação discute cenário pós-pandêmico

Ao participar da abertura do IV Fórum da Pós-Graduação da UENF – Cenário Pós-pandêmico, na manhã desta quarta-feira, 08/12/21, o professor Robério Rodrigues Silva, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), traçou um panorama muito difícil para a ciência nos próximos anos, caso os investimentos em pesquisa não voltem a crescer. A abertura do evento foi transmitida através do Canal UENF TV no YouTube (veja AQUI).

Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UESB e presidente eleito do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação, Robério apresentou números que mostram o quanto o fomento à pesquisa científica vem declinando drasticamente a partir de 2012 no Brasil. Ele citou o orçamento do CNPq, que era de aproximadamente R$ 1,6 bilhões, e que hoje está na faixa de R$ 1 milhão. Na mesma linha seguem as demais agências de fomento, como a Finep, a Capes e as Fundações de Amparo à Pesquisa Estaduais (FAPs).

O professor chamou a atenção para o decréscimo do quantitativo de bolsas de pós-doutorado, que, de 1.800, caíram para 664. “Isto é preocupante, pois implica na perda de competitividade do país na manutenção dos recém doutores. É muito triste fomentar um jovem pesquisador no exterior e depois ele não ter condições de retornar a seu país, sendo obrigado a buscar oportunidades em outros países. Isso compromete a nossa soberania nacional, que muitos confundem com capacidade bélica. A massa crítica formada é mais valorosa que tanques e armamentos”, disse.

Robério ressaltou que, além da necessidade de bolsas para os estudantes, o sistema de pós-graduação também requer condições de funcionamento dos laboratórios de pesquisa, o que vem sendo prejudicado com uma queda drástica das agências federais no lançamento de editais. Enquanto as FAPs investem hoje cerca de R$ 1,3 bilhões em chamadas públicas para pesquisas, o CNPq participa com cerca de R$ 238 milhões e a Capes, com cerca de R$ 42 milhões.

“Os recursos do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) estão saindo já sob encomenda, carimbados para determinadas instituições. A comunidade científica não quer isso. Ela gostaria que estes recursos estivessem sendo colocados em editais com concorrência, através dos quais fossem selecionados os melhores projetos”, afirmou.

Para ele, se não houver uma mudança nesse cenário, o Brasil pode ser jogado “em um atraso intelectual, tecnológico e educacional muito grande, a ponto de se tornar quase irreversível”. “O abandono à ciência não é filosófico, é real e acarreta a perda da soberania nacional, que pode estar, por exemplo, na capacidade do país de dar uma resposta a uma pandemia”, disse. “

A abertura do Fórum contou ainda com a presença do reitor da UENF, Raul Palacio, e da pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UENF, Maura da Cunha. O reitor elencou algumas ações que foram realizadas durante a pandemia, como o oferecimento de bolsas em diferentes editais para recém-doutores, em áreas específicas e importantes para a Universidade. “Temos realizado muito em relação a esses editais para poder fixar recém doutores, e o resultado pode ser visto num programa de recém doutores da Faperj em que a gente obteve praticamente 20% das bolsas oferecidas”, disse.

Ele citou também a aquisição de novos equipamentos. “Através de uma política ousada, adquirimos neste final entre R$ 12 e R$ 15 milhões em equipamentos e manutenção de equipamentos para poder garantir que tenhamos as ferramentas necessárias para poder realizar as pesquisas, tão importantes na nossa instituição, que evidentemente têm resultado não só na pesquisa mas também na graduação na formação dos nossos estudantes”, disse.

Organizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UENF, o IV Fórum da Pós-Graduação da UENF – Cenário Pós-pandêmico se estende até esta quinta-feira, 09/12/2021, através da Plataforma Google Meet. Veja a programação completa AQUI.

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