UENF utiliza melhoramento genético para acabar com doenças em pimentões e pimentas

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Os pimentões e pimentas possuem grande importância econômica para o estado do Rio de Janeiro, pois são hortícolas produzidas em pequenas propriedades, gerando emprego e renda. O ataque por pragas e doenças é muito comum nas lavouras e, com o objetivo de aprimorar o cultivo, uma pesquisadora da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro investiu no melhoramento genético para enfrentar a antracnose, uma doença com alto potencial de prejuízos à cultura.

A antracnose é causada por um fungo do gênero colletotrichum e ataca principalmente os frutos, que ficam com manchas circulares aquosas e depois tornam-se necróticas, inviabilizando a comercialização. A doença leva ao uso indiscriminado de agrotóxicos, trazendo riscos ao ambiente e aos seres humanos. Grande parte dos danos às lavouras ocorre em períodos de chuva, no clima quente e úmido.

A pesquisa vem sendo desenvolvida por Rosimara Barboza Bispo, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas, do Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal (LMGV). A orientação é da professora Rosana Rodrigues.

Segundo a pesquisadora, o trabalho foi feito em equipe e iniciado em 2013. Ao longo dos anos, já contou com a participação de estudantes de vários níveis, como iniciação científica, mestrado e doutorado. Uma parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL) foi firmada, especialmente para os trabalhos com ferramentas de biologia molecular.

“Atualmente estou avaliando a sexta geração de plantas, e temos 35 linhas de pimentas e mini pimentões resistentes à antracnose, as quais já se encontram com alto grau de homozigose e já estão entrando em fase final de testes. O experimento em campo foi iniciado por mim neste ano. O trabalho de melhoramento é uma pesquisa de longo prazo e com participação de uma equipe, até se chegar a um genótipo que reúna as condições desejadas para comercialização aliada à resistência à doença”, completou.

A UENF é a única universidade do país que conta com o programa de melhoramento para resistência à antracnose. Segundo a pesquisadora, falta pouco para que as cultivares cheguem para o produtor rural.

“Selecionarei as melhores linhas e conduzirei os ensaios finais de Valor de Cultivo e Uso (VCU) e Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade (DHE), últimas etapas para registro e proteção das cultivares, respectivamente, exigidas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Após isso, estarão prontas para serem lançadas no mercado”, frisou.

De acordo com Rosimara, cultivares com resistência genética fazem parte do manejo integrado de pragas e doenças, e contribuem para uma agricultura sustentável.

“A pesquisa vai contribuir diretamente para a redução do uso de agrotóxicos, consequentemente irá proteger o meio ambiente, os animais, a saúde dos agricultores e consumidores. Além disso, será gerado também um impacto social, porque as pimentas e pimentões são amplamente produzidas pela agricultura familiar e os gastos com a compra de agrotóxicos será reduzido. A pesquisa em genética e melhoramento de plantas é encantadora. Poder trabalhar para oferecer um retorno à sociedade é algo maravilhoso”, finalizou.