Pesquisadora aponta desigualdade social no Brasil como a maior dos últimos anos

A palestra foi ministrada na quinta-feira (24).

O XIII Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT) e VI Congresso Fluminense de Pós-Graduação (CONPG) recebeu a professora Célia Kerstenetzky (UFRJ) na última quinta-feira, 24/06/21. A palestra “Desigualdade e Política Social no Brasil: em que pé estamos?” foi mediada pelo professor Marcos Tostes (UFF).

De acordo com a pesquisadora, desde 2016, ocorreu uma involução na desigualdade e na pobreza no Brasil.

“Entre 2004 e 2015, a desigualdade social apresentou uma queda significativa, mas a partir de 2015 a gente tem um aumento dessa desigualdade. E o nível que alcança em 2019 é superior ao de 2012. Diversos estudos apontam que recuamos sete anos em relação ao que já havia sido conquistado”, ponderou.

Segundo Célia, é importante observar a questão da variável econômica e da variável política para explicar a dinâmica.

“No Brasil a gente teve uma fase onde a desigualdade e a pobreza caíram, ao longo da primeira década e meia do século XXI. Isso esteve diretamente ligado às políticas sociais implementadas desde a Constituição de 88. Entre elas, a valorização do salário mínimo e a expansão dos investimentos em Educação”, explicou.

Sobre o cenário político, a pesquisadora apontou o negacionismo da política social a partir de 2019 como algo preocupante.

“Na minha avaliação, temos o negacionismo na política social. A gente pode observar por várias iniciativas do governo, ou falta de iniciativa, ou projetos simplesmente anunciados. Iniciativas claras são o salário mínimo sem reajuste real; pela primeira vez em muitos anos, o Bolsa Família com fila de espera; uma pressão por desoneração da folha de pagamentos e capitalização na Previdência; a Carteira Verde e Amarela, que é uma tentativa de aumentar o nível de precarização do trabalho; tentativas de levar adiante a agenda de desvinculação constitucional da Saúde e Educação, com a privatização dessas áreas. A atitude é equivalente na Ciência e na dimensão sanitária”, completou.

Ao fim da palestra, Célia ponderou que parte da solução no Brasil tem a ver com a restruturação da tributação, para garantir direitos sociais universais para todos.

“É inevitável que haja o aumento da carga tributária. Os impostos sobre o consumo são muito importantes e eles incidem mais sobre as pessoas que têm menor renda. Obviamente esses recursos arrecadados, deveriam ser usados para uma política que, estruturalmente, resolvesse a nossa questão social, que, no meu ponto de vista, é o maior problema do Brasil. Desenvolvimento no Brasil, para mim, é a redução de desigualdade. Não é só crescer, é crescer de forma equânime e de forma que seja também ambientalmente sustentável”, finalizou.

Assista a palestra da professora Célia Kerstenetzky, na íntegra, no canal UENF TV do YouTube.

Programação desta sexta-feira: Hoje, às 16h, o congresso recebe a professora Alice Ribeiro Casimiro Lopes, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. A pesquisadora vai falar sobre “A educação superior em tempos de discursos anticiência”. A mediação será da professora Marilvia Dansa de Alencar (UENF).

Logo após a palestra, às 18h, acontece ao encerramento e a premiação com os melhores trabalhos apresentados.

O XIII CONFICT e VI CONPG é um evento realizado pela UENF, IFF e UFF. Veja mais informações no site do Congresso.

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