Trinta e dois anos de uma história que começou efetivamente quatro anos antes — mais precisamente em 1989, quando a população campista manifestou o seu desejo de ter uma universidade pública através de um abaixo-assinado com mais de 4 mil assinaturas. Hoje, já é possível dizer que o sonho dos campistas — que acabaria se tornando realidade em 16 de agosto de 1993, com a realização da primeira aula magna no campus da UENF, graças ao papel fundamental do então governador Leonel Brizola, do educador e antropólogo Darcy Ribeiro e do arquiteto Oscar Niemeyer — está plenamente consolidado.
— Passados 32 anos, nós podemos afirmar com muito orgulho que este sonho se realizou. Vingou. A UENF se consolidou, sim, como uma universidade pública de excelência, reconhecida nacional e internacionalmente, que forma cidadãos críticos, profissionais qualificados e também gera conhecimento capaz de mudar vidas e realidades — disse a reitora da UENF na tarde da última sexta-feira, 29/08/25, durante a Sessão Solene do Conselho Universitário (CONSUNI) em comemoração pelo aniversário da Universidade.
A reitora da UENF destacou a importância da Universidade não só para Campos dos Goytacazes e região, mas para o país e o mundo, lembrando que hoje a instituição recebe estudantes de todos os Estados brasileiros e de diversos países, não só na pós-graduação como também na graduação.
Rosana ressaltou o papel de Darcy Ribeiro ao idealizar uma universidade ousada para a época — na qual a pesquisa estivesse presente desde a graduação, em que todos os professores tivessem doutorado e ainda que essa universidade pudesse dialogar com os grandes desafios do país e, ao mesmo tempo, estivesse comprometida com o desenvolvimento regional e a inclusão social.
Reitora destaca pioneirismo da UENF
Rosana afirmou que a UENF tem sido pioneira em muitas frentes, como na pesquisa científica e tecnológica, lembrando que na última quinta-feira foi inaugurado o Parque Tecnológico Agropecuário Johanna Dobereiner (PARTEC/UENF) — o primeiro parque tecnológico pertencente a uma instituição estadual (AQUI).
A reitora ressaltou que a UENF também é pioneira nas ações de extensão, mantendo bolsas para discentes nesta modalidade. Segundo afirmou, hoje a Universidade possui cerca de 200 projetos de extensão, que atuam fortemente na aproximação entre a UENF e a sociedade.
— Além disso tudo, temos um compromisso que é inegociável com a educação pública, gratuita e de qualidade. Então, esse aniversário não é só mais um marco cronológico, ele é também um convite à reflexão sobre o caminho que nós temos percorrido e sobre os desafios que ainda estão diante de nós, e eles são muitos, nós sabemos — disse.
Em seu discurso, Rosana também ressaltou que o país vive hoje um momento em que a universidade pública precisa reafirmar o seu papel como espaço de democracia, de pluralidade de ideias, de resistência e de esperança.
— A UENF só chegou até aqui graças ao trabalho coletivo, a muitas mãos e muitas mentes. É por isso que, nessa celebração, prestamos nossa homenagem a todos que fizeram e fazem parte dessa história. Cada servidor técnico administrativo, cada docente, cada estudante, cada gestor que dedicou e ainda dedica seu tempo e sua energia e sua inteligência para a construção desta Universidade — afirmou.
A Sessão Solene do CONSUNI de aniversário foi aberta com uma apresentação do Coral da UENF, formado por 70 integrantes, entre servidores e alunos da Universidade, além de membros da comunidade externa. Coordenado pelo professor Márcio Manhães Folly, o Coral tem como produtor musical André Rangel e como maestrina Érika Pontes.
Além da reitora Rosana Rodrigues, a mesa solene teve a presença do vice-reitor da UENF, Fábio Lopes Olivares; da pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Maria Cristina Canela; da pró-reitora de Extensão, Deborah Guerra Barroso; do pró-reitor de Assuntos Comunitários, Milton Kanashiro; do pró-reitor de Graduação, Juraci Aparecido Sampaio; do diretor Geral Administrativo, Pedro César da Costa Soares; da professora Maura da Cunha (representando os docentes); do técnico Paulo César Fernandes (representando os técnicos administrativos) e da aluna Melissa Silva de Assis (representando os discentes).
Vice-reitor ressalta modelo acadêmico da UENF
O vice-reitor afirmou que o campus da UENF se tornou uma referência acadêmica, científica e cultural para o Norte e Noroeste Fluminense, lembrando que a Universidade nasceu com uma missão clara: transformar a realidade regional por meio do ensino, da pesquisa, da extensão e da inovação, compromisso que vem sendo honrado, perseguido e aperfeiçoado todos os dias.
Segundo Fábio Olivares, desde o início a UENF se diferenciou pelo seu modelo acadêmico — a estrutura formada por laboratórios e não por departamentos, com forte ênfase em pesquisa de ponta e formação qualificada, criada para que a Universidade pudesse atuar com mais agilidade, interdisciplinaridade, promovendo impacto regional. Ele defendeu uma maior integração entre os laboratórios.
— Esse modelo nos convida agora a um passo adiante: integrar mais fortemente nossos laboratórios em agendas interdisciplinares e operar o compartilhamento inteligente do nosso parque de equipamentos. Muitos dos nossos desafios em pesquisa podem ser qualificadamente superados com colaborações internas que conectem grupos, metodologias e instrumentos em torno de problemas comuns — afirmou.
O vice-reitor também ressaltou que, nestes 32 anos, a UENF expandiu sua presença territorial, fortaleceu a pós-graduação e aprofundou sua cultura de extensão, abrindo-se para a cidade, as escolas, movimentos sociais e setor produtivo.
— Feiras de ciência, formação de docentes e projetos com comunidades mostram como aproximamos crianças, jovens e professores do fazer científico. É assim que a ciência vira pertencimento, e pertencimento vira futuro. Se o passado nos orgulha, o presente nos desafia, o futuro nos convoca. Em 32 anos a UENF mostrou que excelência acadêmica e compromisso social não são escolhas excludentes, mas faces da mesma missão — disse.
Universidade presta homenagens a servidores da ativa e aposentados
Durante a Sessão Solene, foram homenageados servidores aposentados em reconhecimento à dedicação e aos relevantes serviços prestados à Universidade: Agenor Lobato Gaia, Álvaro Ramon Coelho Ovalle, Ana Paula Madeira Di Benedito, Claudio Henrique Miranda de Souza, Cristiane Rosa Costa, Denise Cunha Tavares, Eliane Vieira Parente, Heloisa de Cássia Manhães Alves, Karla Silva, Paulo Roberto Bernardo Laurindo, Ricardo Moreira de Souza, Rodrigo Tavares Nogueira e Wahib Ibrahim Khenaifes.
Também foram homenageados professores e técnicos dos diferentes Centros da Universidade. Pelo Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB), foram homenageados os técnicos Adriana Alves Martins, Rita de Cássia Mothe Escocard, Adão Valmir dos Santos e Arizoli Antonio Rosa Gobo
Pelo Centro de Ciências do Homem (CCH), foram homenageados o professor Gerson Tavares do Carmo e o técnico Roosevelt Rosa Maia Vieira
Já o Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) prestou homenagem aos professores Reginaldo da Silva Fontes e Janie Mendes Jasmim, além dos técnicos Jader Zacharias Freitas e José Manoel de Miranda. E o Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) homenageou os professores
Alcimar das Chagas Ribeiro, Eliane Barbosa Santos, Gudélia Guilhermina Morales de Aríca, Lioudimila Aleksandrovna Matlakhova, Marcelo Shoey de Oliveira Massunaga, Maria da Glória Alves, Rodrigo Tavares Nogueira e Viatcheslav Ivanovich Priimenko, além dos técnicos Eliane Nunes Gonçalves Martins dos Santos, Luiz Antônio Miranda Meirelles e Verlaine de Oliveira Pereira. Os homenageados da Reitoria foram o professor Sergio Luis Cardoso e o advogado Marcos Vinicius Filgueiras Junior, integrante do corpo jurídico da UENF.
Celebração da trajetória e compromisso com o futuro
Representante do corpo docente, a professora Maura Cunha reforçou, em seu discurso, a importância da celebração do passado, mas também um compromisso renovado com o futuro, neste aniversário.
— Os professores, junto com os estudantes e servidores técnico-administrativos, sustentam um tripé universitário (ensino, pesquisa e extensão) e são protagonistas da produção de conhecimento e inovação que marcam a trajetória da Universidade. Cada conquista da UENF, nestes 32 anos, traz a marca do trabalho docente que inspira, orienta e transforma vidas — lembrou a professora.
Representante do corpo técnico-administrativo, Paulo César Fernandes lembrou a luta pelo Plano de Cargos e Vencimentos (PCV).
— Queremos deixar uma universidade para o amanhã, para o nosso pessoal. Que nosso PCV seja implantado e as autoridades presentes ajudem a tirar esse plano da Casa Civil, ir para a Alerj. Porque se somos fortes hoje sendo fracos financeiramente, seremos muito maiores sendo valorizados e reconhecidos pelo que fazemos pelo Estado. Pelo que construímos, pelo que deixamos e vamos deixar para o nosso futuro — reforçou Paulo.
O corpo discente também esteve representado, através da aluna Melissa Silva de Assis, atualmente diretora junto ao Diretório Central dos Estudantes (DCE). Ela falou sobre a abertura de possibilidades para a diversidade na Universidade, importância dos avanços na permanência estudantil e, também, busca de avanços para os próximos anos.
— Hoje, com muito orgulho, eu digo: pela primeira vez na história, o DCE da UENF é dirigido por uma mulher trans. Essa conquista não é apenas minha, mas de uma comunidade que acredita que representatividade importa. Porque quando uma travesti ou uma mulher trans chega até aqui, significa que muitas portas foram abertas e outras portas ainda precisam ser escancaradas — pontuou.
Melissa disse, ainda, que o aniversário da UENF é também momento de celebrar a permanência estudantil, através das bolsas, auxílios, do restaurante universitário e de tudo aquilo que garante que jovens de diferentes realidades possam não só ingressar na instituição, mas permanecer e se formar nela. Segundo afirmou, educação pública vai além do acesso ao conhecimento e requer dignidade, preocupação com o futuro e justiça social.
Parceiros e Homenagens
A deputada estadual Dani Monteiro, parceira da UENF na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), também esteve presente durante o CONSUNI.
— Apesar dos desafios, é muito bom a gente entender que esta é uma universidade que reúne o tripé ensino, pesquisa e extensão à serviço da comunidade. A UENF é uma referência de pesquisa e produção de desenvolvimento econômico. Por isso que quando começamos a formular emendas parlamentares, lá dentro da Alerj, entendemos que sediar pesquisas de desenvolvimento aqui da UENF é uma forma de desenvolver a comunidade. Esse desenvolvimento econômico tem que vir, sobretudo, da soberania dos territórios — destacou a parlamentar.
O vereador de Campos dos Goytacazes Maicon Cruz levou até à reitora Rosana Rodrigues uma Moção Honrosa, aprovada por unanimidade pelos vereadores da casa legislativa.
— A UENF não é só um orgulho para nós campistas, ela é um orgulho para todo o Estado do Rio de Janeiro. A Universidade não se faz só com corpo discente e corpo docente, ela se faz com todos que estão inseridos no ambiente universitário. A gente traz esse reconhecimento público da nossa cidade para demonstrar o quanto temos orgulho da UENF e o quanto a UENF vem transformando vidas e impactando nossa sociedade de maneira positiva através do ensino, pesquisa e extensão — disse o vereador.