Pesquisa da UENF que busca obter medicamento contra toxoplasmose é premiada em Simpósio

Doença que afeta principalmente pessoas com o sistema imunológico debilitado, a toxoplasmose ainda não tem cura. Encontrar um medicamento eficaz contra a doença tem sido o objetivo de um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Instituto Federal Fluminense (IFF) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A pesquisa, que está prestes a entrar na fase de testagem em camundongos, foi considerada o melhor trabalho apresentado durante o V Simpósio Brasileiro de Toxoplasmose (Simbratox) e II Simpósio Internacional de Toxoplasmose (Simpox).

Intitulada “Um novo complexo NI (II) solúvel em água como protótipo de metalofármaco para tratar toxoplasmose”, o trabalho é assinado pelos seguintes pesquisadores: Renata Freitas (doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Biotecnologia da UENF), Sérgio Seabra (professor do Laboratório de Biologia Celular e Tecidual da UENF -LBCT/UENF), Renato DaMatta (professor do LBCT), Wagner Terra (IFF Campos), Vagner de Assis (IFF Cabo Frio), Adailton Bortoluzzi (UFSC), Christiane Fernandes (UFSC) e Adolfo Horn (UFSC).

“Nosso trabalho é realizar testes com fármacos do grupo de metalocomplexos, que são compostos experimentais, cujo núcleo molecular é um metal. Especificamente esse, o qual ganhou o prêmio, é um fármaco de núcleo de níquel, com um anexo orgânico bem simples. A pesquisa mostra que, com baixas concentrações, conseguimos eliminar por completo o parasito — Toxoplasma gondii — e a concentração tóxica chega a ser mil vezes maior que a concentração que afeta o parasito. Isso dá Índice de Segurança muito alto. A partir de agora, iremos entender o mecanismo de ação do metalocomplexo e então, logo após, iniciar os testes in vivo, com camundongos experimentais”, explica o professor Sérgio Seabra.

Segundo o professor, o objetivo é obter um fármaco com patente brasileira, capaz de tratar e curar a toxoplasmose. “Todos os medicamentos que existem hoje não curam a toxoplasmose. Apenas levam da fase aguda para a fase crônica, que é o encistamento do parasito, e isso não e bom para o tratamento da doença. Os medicamentos apenas controlam os sintomas”, afirma.

Causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, em sua fase aguda a toxoplasmose pode causar problemas como retinocoroidite, encefalite, entre outros. “O maior problema é que só têm esses sintomas pessoas com baixa imunológica, como pacientes com AIDS ou em tratamento contra o câncer e mesmo mulheres grávidas. Esse é o maior problema, porque, como não tem cura, esses pacientes precisam estar sempre tratando a toxoplasmose, porque os sintomas reaparecem. A infecção, após o tratamento, se torna crônica e, com a baixa imunológica, agudiza-se”.

A doença é adquirida por via oral, através da ingestão alimentos e água contaminada. Também pode ser transmitida da mãe para o feto durante a gestação através da placenta (toxoplasmose congênita), transfusão de sangue e transplante de órgãos, caso os doadores estejam infectados. A doença pode permanecer assintomática em indivíduos com o sistema imunológico fortalecido. No entanto, se o sistema de defesa estiver debilitado, a infecção pode se espalhar por diversos órgãos do corpo humano.

O evento, realizado de 23 a 26/11/21 em formato virtual, foi transmitido através do Youtube (AQUI). Na organização, participaram o professor Renato DaMatta (LBCT/UENF) e o pesquisador Edwards Frazão-Teixeira (Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, que está cedido ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da UENF (CCTA).

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