UENF vai sediar INCT em Fruticultura Tropical

Projeto, que reúne quatro universidades, foi contemplado no Edital CNPq/Capes – Institutos Nacionais de Ciências e Tecnologias (INCTs)

A UENF e outras três universidades brasileiras acabam de receber do CNPq a chancela para a criação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Fruticultura Tropical (INCT-FRUT). O projeto de criação do Instituto — primeiro no Brasil na área de Fruticultura — foi aprovado no edital CNPq/ Capes – Institutos Nacionais de Ciências e Tecnologias (INCTs), cujo resultado foi divulgado na semana passada.  

Coordenado pelo professor do Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal da UENF, Alexandre Pio Viana, o Instituto abrange, além da UENF, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV).

De acordo com o projeto encaminhado ao CNPq, a missão do Instituto é promover avanços na cadeia produtiva de frutas tropicais por meio de pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e inovação sustentável. O objetivo é aumentar a produtividade, reduzir o impacto ambiental e consolidar a competitividade do Brasil no mercado global, especialmente em culturas como banana, mamão, manga, maracujá, goiaba e cacau.

— Trata-se de um Instituto formado para desenvolver ainda mais pesquisas nas áreas de melhoramento genético, nutrição mineral de plantas, fisiologia vegetal, manejo e tratos culturais e tecnologia a produção de sementes, bem como diversas inovações tecnológicas. Congrega entre seus parceiros instituições que estão localizadas nas principais regiões produtoras de frutas do Brasil, o Norte do Espírito Santo, Norte de Minas Gerais e o Vale do São Francisco em Pernambuco, sendo essas áreas as principais produtoras e  exportadoras de frutas tropicais do Brasil — afirma Alexandre.

O INCT-FRUT foi contemplado com uma verba de R$ 12 milhões por um período de cinco anos. Os recursos serão utilizados pelas instituições na compra de equipamentos e insumos, bem como bolsas de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Só para a UENF, estão previstas mais de 15 bolsas de pesquisa nas mais variadas modalidades.

Entre as inovações planejadas estão o desenvolvimento de cultivares resistentes a doenças, aplicação de bioinsumos e criação de tecnologias avançadas de monitoramento para identificar estresses em plantas antes do aparecimento de sintomas visíveis, utilizando sensores e sistemas digitais.

O projeto foca também na redução do uso de agroquímicos e no aumento da eficiência dos recursos, além do desenvolvimento de cultivares adaptadas ao clima brasileiro, publicação de 50 artigos científicos de impacto, depósito de patentes, capacitação de 1500 produtores e técnicos e a formação de 172 estudantes em níveis variados de especialização, bem como o estreitamento de laços com empresas privadas e parcerias estratégicas para ampliação do impacto das inovações

— Com infraestrutura robusta e parcerias internacionais, o INCT-FRUT busca superar desafios do setor, como a baixa adoção de tecnologias avançadas e a necessidade de estratégias adaptativas frente às mudanças climáticas. Sua abordagem integrada promete contribuir para a sustentabilidade, competitividade e relevância do Brasil no mercado internacional de frutas tropicais — afirma o professor Alexandre.

O INCT-FRUT terá um Comitê Gestor formado pelos professores Alexandre Pio Viana (UENF), Ítalo Herbert Lucena Cavalcante (Univasf), Marlon Cristian Toledo Pereira (Unimontes), Carlos Eduardo Magalhães dos Santos (UFV) e Sérgio Tonetto de Freitas (Embrapa Semiárido).

Para Alexandre, que também é diretor do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da UENF (CCTA), a seleção do projeto — dentre mais de 600 propostas apresentadas em todo o país — demonstra a excelência das instituições envolvidas, bem como a força das empresas e entidades parceiras: Caliman Agrícola, MF Papaya, Rio Norte Sementes, Abanorte, Fapemig, Sociedade Brasileira de Fruticultura e PlantiSoil Lab.

Há 25 anos atuando na área de Fruticultura, a UENF vem se destacando em projetos que abrangem desde o melhoramento genético de culturas até o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. Dentre os avanços, o professor Alexandre destaca os 21 híbridos de mamão desenvolvidos através da parceria UENF / Caliman e registrados junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), tecnologia de sexagem molecular precoce em mudas de mamoeiro, bem como o desenvolvimento de cultivar de maracujazeiro azedo e de goiabeira, em fase de registro no MAPA.

Ele ressalta a adoção de práticas agrícolas sustentáveis que asseguram a conservação de recursos naturais, sem que haja perda de produção e qualidade dos frutos.

— Os híbridos de mamão têm elevado impacto na cadeia produtiva por apresentarem maior produtividade das lavouras e redução da necessidade de importação de sementes, uma prática intensiva que gera mão de obra e consequentemente novas oportunidades ocupacionais e de renda — afirma.

(Jornalista: Fúlvia D’Alessandri – ASCOM/UENF)

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