Dia de comemoração com os idosos na UENF

Para comemorar o Dia do Idoso, a UENF realizou uma ampla programação na manhã desta terça-feira, 25/10/22. A programação começou com uma mesa-redonda no auditório Multimídia do Centro de Ciências do Homem (CCH), com a participação do pró-reitor de Extensão da UENF, Olney Vieira; o diretor do CCH, Rodrigo Caetano; a assistente social do Conselho Municipal do Idoso, Daniele Mendes; o promotor público do Idoso Luiz Cláudio Carvalho de Almeida; e o professor Valtair Afonso Miranda, da Faculdade Batista do Rio de Janeiro.

Representando o Conselho Municipal do Idoso, a assistente social Daniele Moço Viana ressaltou que a expectativa de vida tem aumentado nos últimos anos, acarretando um aumento expressivo da população idosa. “Temos motivos para celebrar, pois o envelhecimento humano é uma conquista da nossa sociedade. Precisamos pensar em como tem se dado esse processo de envelhecimento”, disse.

Daniele falou sobre o funcionamento do Conselho Municipal do Idoso. Ela lembrou que os Conselhos são fruto da Constituição de 1988, que possibilitou a participação política da sociedade na esfera pública. “É o que chamamos de controle social. Uma das ferramentas para que ele se torne efetivo são os conselhos de direito. Sua importância está no fortalecimento da participação democrática na implementação das políticas públicas”, disse.

O diretor do Centro de Ciências do Homem (CCH), Rodrigo Caetano, também ressaltou a importância dos Conselhos de Direito. “Eles são fruto de muita luta, e vocês participaram muito mais disso do que nós. É uma democracia que está amadurecendo, e a gente tem que cuidar muito bem dela. A politização é importante, a gente acompanhar tudo que está acontecendo. É nessas arenas que as coisas são decididas”, disse.

Ele criticou a “visão limitada” de muitas pessoas que veem no envelhecimento um problema para a sociedade. “Logo se pensa no que? O país vai quebrar? Como fica a aposentadoria? E tudo isso carregado de estigma, preconceito. A gente precisa romper com tudo isso. Vocês são vistos por algumas pessoas só como nicho de mercado, enquanto vocês têm muito a oferecer em termos de conhecimento, sabedoria. Diga-se de passagem, estamos em uma universidade onde existem muitos intelectuais, cientistas, mas nem por isso são sábios. A sabedoria está para além disso. Aliás, nem todo intelectual consegue trabalhar com todas as inteligências”, afirmou.

O pró-reitor de Extensão da UENF, Olney Vieira da Motta, salientou que o que mais os idosos precisam é respeito. “Acho que a idade só é bem reconhecida quando há respeito”, disse. Segundo ele, o fundamental não são as gratuidades conferidas aos idosos, como por exemplo, nos transportes, mas sim o modo como eles são tratados. “Não pode existir só no papel, é importante que esteja na prática. Nos dias em que estamos vivendo, isso é fundamental. Que tenhamos uma sociedade mais justa e o respeito que a gente espera dos nossos governantes”, afirmou.

O promotor Luiz Cláudio iniciou sua palestra afirmando que fazer cumprir o Estatuto do Idoso é um dos grandes desafios do Ministério Público. “O Estatuto é maravilhoso, temos uma legislação de ponta, está tudo previsto lá, mas infelizmente, na realidade, não é bem assim”, disse.

Ele informou que o MP de Campos possui uma Promotoria de Justiça e Proteção ao Idoso, onde é crescente o número de denúncias de violação ao Estatuto do Idoso. “Quanto mais trabalho o MP tem, é sinal de que a sociedade não está bem”, afirmou. Segundo ele, a Ouvidoria que mais tem denúncias atualmente é a referente aos idosos.

“A gente não sabe se a violência aumentou ou se tem mais gente denunciando. Acho a segunda hipótese mais plausível. As pessoas estão mais conscientes dos seus direitos”, disse. Ele informou que o MP dispõe de um número de telefone para denúncias anônimas, o 127, e pediu que a informação fosse divulgada.

“A violência contra o idoso é, na maioria das vezes, invisível. O campeão estatístico é o abandono e a violência financeira. Muitas vezes temos a situação em que o idoso perde a independência. Se a pessoa não tem uma estrutura familiar e financeira de apoio é um problema, pois o estado não oferece nenhum apoio. Se tivéssemos um estado que priorizasse o cuidado com as pessoas idosas não teríamos grandes preocupações com o envelhecimento”, disse.

Segundo o promotor, é fundamental exigir dos governantes que invistam em ações públicas de cuidado com os idosos. “Na maioria das vezes, a situação de abandono decorre não do fato de se ter um filho ingrato. Muitas vezes os filhos não existem ou estão sobrecarregados, não podem parar tudo para cuidar do idoso. Então não é um caminho colocar a família como responsável. Temos situações de abandono que nem sempre têm um culpado necessariamente”, afirmou.

Ao abordar o envelhecimento na história, o professor Valtair disse que a categoria envelhecimento é condicionada, relativa, ou seja, ela muda dependendo de uma série de variáveis. “As sociedade mudam, a perspectiva da sociedade em relação a envelhecimento também muda. O papel do idoso dentro daquela sociedade muda, a maneira como o idoso se enxerga dentro daquela sociedade também muda. É difícil fazer qualquer tipo de generalização quando o assunto é envelhecimento”, disse.

Os idosos também fizeram uma passeata pelo campus universitário e tiveram aula livre de yoga, pilates, fisioterapia ou dança, entre outras atividades. A programação foi promovida pelo projeto Universidade Aberta da da Terceira Idade da UENF (UNATI), coordenado pela professora Rosalee Istoe.

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