Professora da UFRJ fala sobre doenças negligenciadas

A professora Lúcia Previato, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), proferiu a palestra “Contribuição das ciências básicas na meta de desenvolvimento sustentável que visa o controle das doenças negligenciadas. O exemplo da Doença de Chagas” na tarde da última quinta-feira, 15/10/20, no XII Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT) e V Congresso Fluminense de Pós-Graduação. A mediação foi feita pela professora Valdirene Moreira Gomes, assessora de Pesquisa e Pós-Graduação da UENF.

A professora, cujo grupo de pesquisa estuda a Doença de Chagas há 40 anos, ressaltou que o combate às doenças tropicais negligenciadas é uma das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), agenda global estabelecida em 2015 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

As doenças negligenciadas constituem um grupo de enfermidades que prevalecem em condições tropicais e subtropicais. “São doenças que afetam populações que vivem na pobreza, sem saneamento e em contato com vetores, cujo controle se dá através de políticas públicas”, disse. Presentes em 149 países, elas afetam mais de um bilhão de pessoas e custam às economias em desenvolvimento bilhões de dólares por ano.

A Doença de Chagas é uma destas doenças negligenciadas, acarretando um dos maiores impactos socioeconômicos na América Latina. “Estima-se que a queda de produtividade em virtude da Doença de Chagas seja da ordem de U$ 1,2 bilhão/ano”, informou Previato, acrescentando que hoje existem de oito a dez milhões de pessoas infectadas em áreas endêmicas e 300 mil em áreas não endêmicas, número que vem subindo.

Descoberta em 1909 pelo cientista brasileiro Carlos Chagas, a doença vem sendo alvo de estudos de vários grupos de pesquisa, porém até hoje não foi desenvolvida uma vacina. E existem apenas dois fármacos adequados ao uso, mas com elevada toxidade e ineficácia na fase crônica: Nifurtimox e Benznidazol, criados, respectivamente, em 1967 e 1972. “São quase quatro décadas sem que sejam lançados novos medicamentos”, disse a professora.

“As principais dificuldades são a resistência aos quimioterápicos, o desenvolvimento de novos medicamentos e de uma vacina. Nosso laboratório decidiu enfrentar esses desafios, mas, para isso, precisamos conhecer mais a biologia do Trypanosoma Cruzi (parasita que causa a doença). A pesquisa básica tem sido muito importante para isso. Esperamos que as etapas de transformação das pesquisas básicas em novos medicamentos e uma vacina venha em breve”, afirmou.

Nesta sexta, último dia do XII CONFICT e V CONPG, às 14h, o professor Hervé Théry (USP) ministra a palestra “Aportes da cartografia temática ao conhecimento das desigualdades e dinâmicas territoriais do Brasil”. A cerimônia de encerramento, com premiação dos melhores trabalhos apresentados, está marcada para as 17h.

Este ano, por conta da pandemia do coronavírus, o evento está sendo realizado virtualmente, através do Facebook da UENF. Saiba mais no site do XII CONFICT e V CONPG.

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