Mãe e cientista: como conciliar pesquisa e maternidade

A ciência e a maternidade exigem dedicação, entrega e transformam a vida das mulheres. A presença feminina na ciência sempre esbarrou em preconceitos e no machismo de uma sociedade que insiste em delegar um lugar específico às mulheres. Para destacar a importância da atuação feminina na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), até o dia 08 de março a instituição vai contar um pouco da trajetória de algumas de suas cientistas.

Claudete Santa Catarina, de 46 anos, é a primogênita de uma família de pequenos agricultores de Anchieta, no oeste de Santa Catarina. Mãe de três filhos, a pesquisadora se destaca no meio acadêmico atuando em pesquisas sobre a fisiologia do crescimento e desenvolvimento e biotecnologia vegetal. Bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) pelo CNPq e Cientista do Nosso Estado (CNE) pela Faperj, ela concilia a vida acadêmica com a criação de Augusto (13 anos), Alice (8 anos) e André (9 meses).

Claudete em congresso.

“A maternidade sempre foi um dos objetivos para a minha vida pessoal. Conciliar a família com a carreira profissional e com a ciência é um desafio constante. É imprescindível muita organização no dia a dia para atender demandas em casa, na família e no trabalho”, completou.

Mestre em Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e doutora em Biotecnologia pela Universidade de São Paulo (USP), Claudete teve sua trajetória acadêmica iniciada ainda na sua terra natal, quando se formou Engenheira Agrônoma na UFSC.

“A decisão pela carreira acadêmica veio após quatro anos de pesquisas na iniciação científica. As bolsas, de trabalho e iniciação científica, foram determinantes para a minha sobrevivência longe da minha família, com recursos financeiros limitados. Digo sempre para meus alunos que eu amo o que faço e faria tudo de novo. Fico feliz por cada aluno que tenho a oportunidade de orientar e contribuir com a sua formação acadêmico-científica. Hoje minha motivação é contribuir para a ciência de forma cada vez mais significativa e valorizar o reconhecimento pelas nossas descobertas”, frisou.

Para Claudete, a determinação e objetividade são diferenciais das mulheres cientistas que podem servir de exemplo para mudar a desigualdade entre homens e mulheres na ciência.

“Apenas 1/3 das bolsas de produtividade em pesquisa concedidas pelo CNPq para docentes da UENF são para cientistas mulheres. Costumo falar que os “qualis A” mais importantes para mim são meus filhos. O caminho não é fácil, mas com persistência é possível conciliar sonhos pessoais, profissionais e também contribuir para a ciência”, finalizou.

Claudete com sua equipe de alunos.
Fechar menu
plugins premium WordPress Pular para o conteúdo