UENF representada no Parent in Science

Criado em 2016 pela professora e pesquisadora Fernanda Staniscuaski, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Parent in Science — movimento que tem por objetivo levantar a discussão sobre a maternidade e a paternidade dentro do universo da ciência no Brasil — conta desde outubro com uma representante dentro da UENF: a professora Clícia Grativol, do Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos do Centro de Biociências e Biotecnologia da UENF (LQFPP/CBB/UENF).

Escolhida Embaixadora do Parent in Science, Clícia conta que resolveu participar do movimento por perceber a sua importância num meio onde prepondera uma visão machista. “Desde o início do movimento, acreditei que era uma causa muito importante para se lutar, principalmente por conta da disparidade de gênero presente no ambiente acadêmico”, disse.

Segundo ela, o Programa Embaixadores começou em outubro/2020. “Desde então, avançamos com as conversas com a Reitoria e, também, com a organização de uma comissão para discutir os primeiros passos do movimento Parent in Science na UENF. A Reitoria da UENF mostrou total apoio ao Movimento”, conta.

“O Parent in Science foi criado para preencher a falta de dados e de conhecimento sobre uma questão fundamental: o impacto dos filhos na carreira científica de mulheres e homens. Sabemos que os cientistas, de um modo geral, têm muitas dificuldades em conciliar a sua profissão com a maternidade/paternidade”, diz Clícia.

Um dos objetivos do Parent in Science é fornecer subsídios às ações e políticas públicas por parte de agências de fomento e universidades no que se refere à parentalidade no ambiente acadêmico.

Em 2017, o grupo foi responsável pela primeira pesquisa com o objetivo de avaliar as consequências da chegada dos filhos na carreira dos cientistas brasileiros. A pesquisa constatou que existe realmente uma queda de produtividade durante o período de licença-maternidade, o que costuma impactar na aprovação de projetos em editais, concessão de bolsas etc.

Como resultado do trabalho, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) se comprometeu a incluir um campo específico na Plataforma Lattes indicando a data de nascimento ou adoção dos filhos dos pesquisadores. A informação será facultativa e só estará disponível para os avaliadores do CNPq, que, desta forma, saberão o motivo da queda de produtividade dos pesquisadores.

Outro avanço foi a criação do Programa Embaixadores, através do qual o movimento é representado dentro das universidades e institutos de pesquisa. Atualmente, o Parent in Science conta com 73 embaixadores e 18 cientistas na diretoria geral.

“Durante a pandemia, o Movimento Parent in Science publicou uma carta na conceituada revista Science alertando para os riscos de que a disparidade de gênero poderia ser aumentada”, conta Clícia.

O Movimento também realizou uma pesquisa com mais de 14 mil cientistas -— docentes, pós-doutorandos e pós-graduandos — de todo o Brasil para avaliar as condições de trabalho remoto. Os resultados mostraram que a produtividade acadêmica de mulheres com filhos foi a mais afetada pela pandemia. Estes dados poderão dar subsídios às ações e políticas públicas por parte de agências de fomento e universidades, protegendo os grupos mais afetados na ciência pela pandemia.

“Contamos com o apoio de estudantes, técnicos e docentes para avançar no desenvolvimento de ações de apoio à maternidade e redução das disparidades de gênero, aumentando a diversidade no ambiente acadêmico da UENF”. diz Clícia.

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