Jornalista Marcelo Canellas, da TV Globo, ministrou a palestra de abertura na manhã desta segunda-feira
Ao participar da abertura da Semana Acadêmica da UENF na manhã desta segunda-feira, 07/11/22, o jornalista Marcelo Canellas elencou o desmatamento da Amazônia, a fome e a concentração de renda como principais desafios da sociedade brasileira no atual momento. Segundo afirmou, o principal desafio da cidadania brasileira é, sobretudo, uma questão ética. A palestra foi promovida pela comissão organizadora da Semana de Agronomia (Seagro).
“O desafio de viver em um país em que 1% dos proprietários de terra detêm 50% das terras do país. Ou, o que ainda é mais bizarro, o fato de 0,1% dos correntistas do Brasil serem donos de uma quantidade de dinheiro equivalente ao que 90% de todos os correntistas têm. É algo absolutamente iníquo imaginar que apenas cinco famílias têm quantidade de riqueza equivalente a 100 milhões de brasileiros”, disse.
Canellas apresentou duas reportagens de sua autoria exibidas na TV Globo sobre a floresta Amazônica: uma de 2007 e outra de 2019. A primeira abordava a questão dos conflitos fundiários, grilagem de terras e desmatamento no final do governo Lula. A segunda, exibida no primeiro ano do governo Bolsonaro, mostrava os primeiros efeitos do desmonte das políticas de proteção ambiental.
“Quando a gente fala no que aconteceu na Amazônia nesses últimos quatro anos estamos falando em 4 milhões e 700 mil hectares de florestas desmatadas. São 2 bilhões de indivíduos, de árvores. Isso significa 15 árvores derrubadas por segundo”, disse. Os dados, segundo ele, são do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia). Junto com a derrubada das árvores, teriam sido dizimados 3 milhões de macacos e 80 milhões de pássaros.
Segundo o jornalista, a situação da Amazônia está muito próximo daquilo que os cientistas chamam de “ponto de não retorno”, que ficaria entre 20% e 25% de área desmatada. “Já chegamos a 20%. Talvez a gente tenha conseguido, com o fim desse governo, evitar o ponto de não retorno, mas é um talvez com muitas ressalvas. Porque a gente não sabe se a gente enquanto sociedade, estado, país, vai conseguir evitar essa gula pela Amazônia”, afirmou.
Ele lembrou que só nas terras dos Yanomami, que pega uma parte de Roraima e Amazonas, moram quase 20 mil nativos, além de mais de 20 mil garimpeiros. “Tirar esse número de garimpeiros dali exige muita vontade política e empenho das forças de segurança. É um trabalho complicado, assim como é difícil enfrentar a indústria da grilagem, que movimenta uma economia de milhões e milhões de dólares”, disse.
Na cerimônia de abertura da Semana Acadêmica, o reitor da UENF, Raul Palacio, chamou a atenção para o atual momento político brasileiro. “Este evento acontece no momento em que, depois de um processo eleitoral difícil, dividido, de muito debate, mas também de muita fake news, precisamos reconstruir o pais, nos unirmos para seguir em frente e realmente fazer todo o trabalho como nação. E nada melhor que a cultura, a educação e a ciência, além de um evento organizado por estudantes, para que isso aconteça”.
Lembrando que a Semana Acadêmica é organizada pelos estudantes de graduação, a vice-reitora, Rosana Rodrigues disse que a UENF sempre se caracterizou por incentivar o protagonismo de ses estudantes. “Todos os cursos de graduação se engajam nesse processo, com o apoio da administração. São os estudantes que decidem os temas, os palestrantes e tudo o mais. É um grande aprendizado para todos eles”, disse.
A cerimônia de abertura também contou com a presença do pró-reitor de Graduação da UENF, Manuel Molina. A Semana Acadêmica se estende até a sexta-feira, 11/11/22, no Centro de Convenções Oscar Niemeyer. Veja a programação dos diversos cursos abaixo.
XXI Semana Acadêmica de Pedagogia da UENF
23º EENGE – Metalúrgica e de Materiais
XX Semana Acadêmica de Biologia
Semana Acadêmica de Medicina Veterinária
XII Semana Acadêmica de Ciência de Computação e Tecnologia da Informação
Semana Acadêmica de Administração Pública
13ª Semana Acadêmica de Química