Projeto da UENF investiga relação entre microclimas e proliferação do Aedes aegypti

Professora Maria Gertrudes Justi

Um projeto multidisciplinar desenvolvido na UENF, no Campus Alberto Dias, emMacaé, une a Meteorologia e a Biologia para investigar a relação entre os microclimas em diferentes bairros da cidade e a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de arboviroses como dengue, zika e chikungunya. O trabalho é desenvolvido no Laboratório de Meteorologia (Lamet) e é coordenado pela professora da UENF e meteorologista, Maria Gertrudes Justi.

De acordo com a pesquisadora, além de ser de fundamental importância no estudo de fenômenos climáticos para compreensão da natureza e previsão de catástrofes, a meteorologia pode também ser útil na área da saúde.

— O mosquito é superdependente das condições climáticas para se desenvolver. Em Macaé, por exemplo, sabemos que, de bairro para bairro, de dia para dia, temos variações no microclima. Há dias com muitos mosquitos, outros com poucos. Condições de temperatura, umidade e vento têm interferência direta na proliferação dos mosquitos e, consequentemente, no desenvolvimento de doenças — esclarece Justi. 

Como coordenadora do projeto de extensão “Tempo de Aprender em Clima de Ensinar”, a professora Justi trabalha na implantação de estações meteorológicas instaladas em escolas de diversos pontos estratégicos do município. Nessas unidades de ensino, as crianças podem aprender de forma prática sobre clima e tempo.   

Além disso, os sensores instalados nas estações captam dados como temperatura, umidade, vento, precipitação, radiação solar global e índice ultravioleta (UV). Além de fornecer subsídios para as pesquisas do Lamet, os dados coletados nas estações meteorológicas podem ajudar a Defesa Civil a lidar com eventos climáticos.

A partir de agora, a ideia é expandir ainda mais, com uma visão multidisciplinar da Meteorologia, aplicada às áreas da Saúde e da Educação. Para isso, a professora conta com a ajuda do biólogo William da Costa Marinho, que cursa doutorado no Instituto de Sustentabilidade e Biodiversidade (Nupem) da UFRJ em Macaé. Ele relata que nas proximidades das escolas onde estão as estações meteorológicas foram instaladas as armadilhas para capturar as fêmeas dos mosquitos e identificar quais espécies se desenvolvem no determinado microclima. 

O projeto de pesquisa conta ainda com a atuação da estudante do curso de Engenharia Meteorológica da UENF e bolsista de Iniciação Científica Nota 10, Thamiles Ferreira. Ela frisa que os resultados da pesquisa serão de grande importância para que o poder público tome providências para conter o aumento de casos de doenças no município. 

— Inicialmente a gente pegou dados pretéritos, entre 2007 e 2017, analisando as variáveis meteorológicas como o vento, temperatura, chuva e os números casos de doenças. Conseguimos identificar que o vento é um fator preponderante. Quanto mais venta, menor o número de mosquitos e casos de doença. Mas só isso não foi o suficiente. E começamos a analisar quais eram os bairros mais afetados pelas doenças. Observamos que temos uma discrepância muito grande na cidade. Alguns bairros com muitos casos de dengue e outros com quase nenhum. Agora colocamos as armadilhas e vamos identificar quais são os bairros com maior número de casos de cada doença e os fatores. Com isso, o poder público vai poder se basear nesses dados e tomar as providências devidas — enfatiza a estudante.  

No município de Macaé, já foram instaladas estações meteorológicas no Mirante da Lagoa e em Trapiche, e nas escolas Nossa Senhora da Glória (Miramar), Colégio Ativo (Glória), Colégio de Aplicação de Macaé (Granja dos Cavalheiros), Colégio Télio Barreto (Aroeira) e Colégio Irene Meirelles (Imbetiba), além da Escola Edilson Duarte, em Cabo Frio, e no Colégio Jacintho Xavier Barreto, em Rio das Ostras.

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