Produção de telhas é foco de pesquisa
O grande sonho de ser engenheiro trouxe Felipe Daflon Gama, 21 anos, à Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF). Natural de Cantagalo, município da região Serrana do Rio de Janeiro, o jovem, com incentivo e apoio dos pais, criou uma rotina de estudos, ainda na adolescência, que o ajudou a construir a base necessária para o ingresso no ensino superior.
O rapaz, hoje estudante de Engenharia Metalúrgica e de Materiais e premiado por seu trabalho de Iniciação Científica no XIV Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (CONFICT), alimenta novos sonhos e perspectivas para o futuro. Felipe conta que, ao chegar a Campos, aos 17 anos, se deparou com uma realidade totalmente diferente da que estava adaptado até então:
“O início foi bem difícil. Era tudo muito novo. Eu estava saindo de um lugar com cerca de 20 mil habitantes para morar em uma cidade bem maior, na qual não conhecia ninguém. Outra dificuldade foi o nível elevado de estudo e a nova rotina de vida independente, pois são coisas que levam tempo para a gente se acostumar e nunca são fáceis. Mas as amizades que fiz durante o processo de adaptação me ajudaram bastante a me manter perseverante nos tempos mais difíceis.”
Os amigos foram fundamentais na trajetória acadêmica de Felipe. O universitário lembra que, à medida que os colegas relatavam as suas experiências na Iniciação Científica, sua curiosidade aumentava. Para Felipe, o interesse pela Iniciação Científica nasceu diante da possibilidade de colocar em prática os conceitos que, antes, eram apenas conhecidos por meio de leituras. “Ver o que acontece ali, na minha frente, e ter liberdade de poder criar e experimentar algumas alterações me faz sentir com energia renovada sempre que vou ao laboratório”, declara o estudante.
A vivência no Laboratório de Materiais Avançados (LAMAV) abriu novos caminhos possíveis para o jovem. “Antes de entrar na faculdade, eu sempre acreditei que, se fizesse engenharia, seria um engenheiro e iria trabalhar em uma fábrica ou como freelancer. Porém, com a IC, eu conheci incríveis pesquisadores que, junto com os seus projetos, me fizeram ficar completamente apaixonado pela pesquisa. Acredito que meu futuro vá por esse caminho”, disse.
Conheça a pesquisa
Orientado pelo professor Carlos Maurício Fontes Vieira, Felipe faz parte do Grupo de Pesquisa de Materiais Sustentáveis, no qual trabalha com o projeto “Produção de telhas geopoliméricas utilizando resíduo de dessulfurização como precursor”.
O jovem explicou que a pesquisa tem como justificativa o fato de a argila utilizada pelas indústrias do setor cerâmico, em Campos dos Goytacazes, apresenta características interessantes para a produção de tijolos e não de telhas. “Tanto é que existem mais de 120 cerâmicas na cidade e apenas três produzem telhas. Isso ocorre devido à dificuldade que é produzir boas telhas com a matéria-prima encontrada no município. Esta conclusão foi tirada de trabalhos desenvolvidos pelo meu orientador”, explicou.
Felipe destacou que sua pesquisa analisa a viabilidade de produzir telhas geopoliméricas usando resíduos de indústrias metalúrgicas. “Para entender melhor, vamos por partes. O Geopolímero é como se fosse um material alternativo ao cimento Portland convencional, com propriedades e características bem semelhantes, mas que tem seu valor pelo fator sustentabilidade. Trata-se de um polímero inorgânico (ou seja, tem em sua estrutura molecular unidades relativamente simples que se repetem) e produzido com materiais geo (vindos da terra), como os materiais argilosos, por exemplo. A sua produção é feita a partir de um ativador (solução proveniente de uma reação alcalina) e um precursor (os materiais “da terra”, como metacaulim ou argilas calcinadas). Quando um é colocado em contato com o outro, ocorre o endurecimento e a formação de uma massa similar ao cimento, que endurece com o tempo. Portanto, a minha pesquisa visa a mostrar se é viável a produção dessas telhas geopoliméricas, mas utilizando resíduos siderúrgicos como parte do material precursor”, detalha.