Bolsa Família, Educação e as recentes mudanças na desigualdade de renda no Brasil

Foi amor à primeira vista. É assim que o estudante do quinto período do curso de Ciências Sociais, João Rodrigues Aguiar, 20 anos, descreve o amor pelo que faz. O incentivo dos pais e uma visão madura da atualidade fez com que João optasse pela UENF. Segundo ele, antes mesmo de prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) ele já sonhava em fazer parte de uma universidade renomada.

“Me formei no segundo grau com a mentalidade de fazer Jornalismo fora de Campos. No entanto, uma série de eventos aconteceram para que isso se tornasse inviável: momentos sensíveis na família, recursos financeiros e medo da baixa qualidade de vida no Rio de Janeiro. Assim, vi pelo Enem que existia a possibilidade de cursar Ciências Sociais na UENF. Sendo bem sincero, foi amor à primeira vista. Lembro até hoje de olhar a grade e achar sensacional o fato de que poderia estudar aquilo e em uma universidade pública”, disse ele.

João considera que o ambiente de um laboratório de pesquisa é fundamental para a construção de um bom pesquisador e foi assim que ele ingressou na IC.

“Acredito que qualquer estudante que já consolidou em sua mente que o curso que faz é de fato o que quer fazer, deve olhar atentamente para a Iniciação Científica. A relação entre professor e aluno, para além da sala, dentro do espaço da Iniciação Científica, engrandece aqueles que verdadeiramente têm prazer pelo que fazem e estudam. Sou muito grato por vivenciar e perceber meu amadurecimento. Pretendo, depois de graduado, seguir no mestrado”, informou.

João tem sentido na pele a quarentena forçada pela COVID 19. Para ele estudar e dar continuidade a sua pesquisa não tem sido nada fácil. “A quarentena mudou o mundo. Portanto, não é de espanto que mudaria o trabalho também. Felizmente, por estudar na área de Humanas, muito pode ser feito em termos de pesquisa bibliográfica. Ainda assim, a produtividade e o ânimo do trabalho caíram. Um pouco normal, creio eu”, relatou João.


Conheça a pesquisa

João Rodrigues trabalha na pesquisa denominada “Bolsa Família, Educação e as recentes mudanças na desigualdade de renda no Brasil”, no Laboratório de Estudo do Espaço Antrópico (LEEA), do Centro de Ciências do Homem (CCH), e é orientado pelo professor Marlon Gomes Ney.

“Colocando de maneira simples, o objetivo do estudo é analisar, na última década, os efeitos do Programa Bolsa Familia na educação e na desigualdade de rendimentos no Brasil e nas unidades da federação. Procuramos compreender as mudanças do perfil educacional da população mais pobre, intermediaria e relativamente rica, bem como analisar a relação entre o grau de escolaridade das pessoas e o nível de desigualdade na distribuição de renda. Para que isso seja feito, é preciso analisar os principais entraves do programa e, consequentemente, os desafios para sua continuidade e aprimoramento”, informou o estudante.

João esclarece ainda que foi através da pesquisa que ele pode entender como tudo teve início no Brasil. “Somente através de muito estudo e de muitas pesquisas que consegui entender como os debates sobre transferência de renda começaram no Brasil, quais e como foram as experiências anteriores ao Bolsa Família, que tipo de programas como este existente ao redor do mundo. Acredito que o tema é importante, atual e de suma importância para um país melhor e mais justo”, finalizou.

Por Jane Ribeiro

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