Crescimento econômico inclusivo e sustentável
Trabalho decente e crescimento econômico — O professor Alcimar das Chagas Ribeiro, do Laboratório de Engenharia de Produção (LEPROD) do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) da UENF argumenta que o crescimento econômico inclusivo e sustentável, associado ao pleno emprego produtivo, uma das propostas da Agenda 2030, é um fundamento econômico ainda distante da nossa realidade e que precisa ser foco de pesquisas. Apesar de grandes investimentos públicos e privados em regiões fragilizadas, em alguns momentos é possível observar um crescimento econômico sem a garantia de sustentabilidade e inclusão e, em outros, o aumento do emprego dissociado da qualidade e do crescimento econômico sustentável.
Essa disfunção, segundo o professor, tem motivado a temática de sua pesquisa que busca formular um modelo mais propício de inserção competitiva para as regiões mais fragilizadas. “Objetivamente, buscamos respostas para a seguinte questão: como regiões fragilizadas avançam competitivamente, inserindo trabalhadores e pequenas empesas em cenários de grandes investimentos exógenos? A dinâmica de desenvolvimento da pesquisa nos leva a pensar a economia, não somente no contexto da nação, já que as diferenças regionais são alarmantes. Basta pensar, por exemplo, o estado de São Paulo, referência econômica do país, e o estado do Piauí, com características marcantes de pobreza. Aliás, no interior do próprio estado do Rio de Janeiro as diferenças já se acentuam. Assim, a evolução econômica precisa ser pensada no âmbito territorial, através do crescimento econômico endógeno”, informou.
Foco principal — Diante das características apresentadas, o foco é dirigido para os recursos disponíveis em cada território. O professor Alcimar informa ainda que o diagnóstico, o planejamento e o conhecimento científico são elementos essenciais para a transformação dos recursos produtivos em negócios geradores de emprego de qualidade, segundo as competências adquiridas em cada território.
“Essa articulação muda o foco produtivo do aspecto microeconômico (a empresa) para o aspecto mesoeconômico (o território), onde a ação coletiva ordena a produção em um conjunto de empresas em rede, resolvendo problemas de escala, gestão dos negócios, custo de logística, custo da produção, acesso a mercados e dificuldade de inovação”, declara o professor.
Resultado obtido — Para que o processo tenha resultados satisfatórios, o professor garante que é necessária a participação da sociedade. Ou seja, o governo, as universidades, centros de pesquisa, instituições não governamentais e empresas, precisam se transformar em agentes ativos do processo. Estes tem a responsabilidade de identificar os gargalos complicadores do crescimento e eliminá-los, criando uma rede de proteção para as empresas cumprirem o seu papel de produzir bens e serviços de qualidade, em escala compatível, com características inovadoras e viabilidade econômica. “O resultado esperado é o estabelecimento de territórios competitivos, geradores de emprego e renda com reflexos no bem-estar social da população que avança para a condição de acesso total às necessidades essenciais de trabalho, saúde, educação, moradia, lazer, enfim, a condição de felicidade” conclui o pesquisador.
Por Jane Ribeiro