Melhoramento das argilas no fundo dos oceanos é destaque em pesquisa

Entrar no ensino superior público, no curso desejado, é a aspiração de muitos. Contudo, só aqueles que persistem no objetivo conseguem o ingresso. Esse foi o caso da estudante Gabrielle Braz Toledo, 21 anos, do curso de Engenharia Civil, premiada no XII CONFICT. Ela veio de escola pública no interior da cidade de São João da Barra e se empenhou para chegar até a UENF.

“Não passei de primeira, porém não desisti e no ano seguinte comecei a fazer o ensino médio integrado com o curso de Edificações. Após a conclusão fiz o ENEM e não passei pra Engenharia Civil de primeira também, fui para o Espírito Santo cursar bacharelado em Física. Em algum momento nós percebemos que algo não é o que queremos de verdade, então larguei tudo e fiz o ENEM novamente, e finalmente entrei para Engenharia Civil na UENF. A Universidade veio através da minha irmã, que estudou Biologia na UENF e sempre me apoiou, assim como a Iniciação Científica que descobri através de grandes professores”, disse ela.

Gabrielle conta que no primeiro período foi de muito estudo. Ela queria provar que era capaz de ingressar na IC.

“Estudei muito para adquirir o CR exigido para participar da IC; conheci o professor Fernando Saboya e me identifiquei com o assunto que ele lecionava e com um trabalho que fizemos no curso; então conversei sobre o meu interesse na pesquisa e foi assim que ele aceitou ser meu orientador. Acredito que a Iniciação Científica proporciona ao aluno muito mais contato com a engenharia nos primeiros períodos, desenvolvendo os conhecimentos e mostrando a imensidão de oportunidades e áreas possíveis de atuação. Portanto, meus planos futuros são me aprimorar e absorver todo o conhecimento possível”, declarou a estudante.


Conheça a pesquisa

A pesquisa de Gabrielle é realizada no Laboratório de Engenharia Civil do Centro de Ciência e Tecnologia (CCT), sobre o melhoramento das argilas no fundo dos oceanos onde são instaladas as estacas torpedo que são as fundações, por exemplo, de plataformas de petróleo. O melhoramento estudado é por meio do aquecimento da estaca, já que não é possível levar equipamentos mecânicos para tornar este solo mais resistente.

“Com o aquecimento da estaca o calor passa para o solo argiloso que está completo de água, a água quando aquece entre os grãos de argila causa uma pressão para sair e ir para uma área de menor pressão, e assim que a água sai os grãos se unem mais e tornam o solo mais resistente. Para simular o aquecimento, foi feito um modelo reduzido no laboratório, imitando o que aconteceria em campo. São utilizados diversos equipamentos tecnológicos que medem temperatura, pressão, cravamento da estaca, resistência do solo, entre outros. Esses dados permitem obter os resultados que levam a entender o comportamento do solo, e determinar qual seria a melhor temperatura aplicada. Os ensaios foram realizados em laboratório com a doutoranda Marina Ferreira e supervisão do professor Fernando Saboya”, finalizou.

Por Jane Ribeiro

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